Luanda - Diversos oficiais generais das Forças Armadas Angolanas (FAA) deverão ser reformados ao longo do presente ano, como parte do processo de reformas determinadas pelo Comandante-em-Chefe, o Presidente José Eduardo dos Santos.
Fonte: Makaangola.org
10 milhões de dólares a cada general
Segundo fonte do Estado-Maior General das FAA, “este ano deverão ser desmobilizados catorze generais e, no próximo ano, mais de 20 passarão à reforma”. Entre os oficiais notificados para a reforma destacam-se os generais Rafael Sapilinha Sambalanga, Inspector-Geral do Ministério da Defesa; Eduardo Martins, conselheiro do ministro da Defesa; Fernando Araújo, ex-chefe da Direcção Principal de Armamento e Técnica; Aires Africano, chefe da Direcção dos Serviços de Saúde do Estado-Maior General; António Filomeno Carvalho Pereira, ex-chefe da Direcção de Forças Especiais da Direcção Principal de Operações.
O Comandante-em-Chefe evoca, de acordo com a fonte que prefere o anonimato, o “envelhecimento” das figuras a desmobilizar e o excesso de oficiais generais no activo. Só a 27 de Julho de 2011, o Presidente José Eduardo dos Santos procedeu à rotação de 59 oficiais generais. A 27 de Julho, o Presidente procedeu à movimentação de 59 oficiais generais.
No entanto, os oficiais a desmobilizar têm manifestado, nos corredores do exército, o seu descontentamento com a sua passagem à reforma. Como medida conciliatória, para que os generais passem à vida civil em silêncio e sem contestação, emissários do Chefe de Estado propuseram um “aperto de mãos dourado” que deve atribuir, “US $10 milhões a cada general a ser reformado, para que possam enveredar para o ramo empresarial constituindo empresas, pequenas fábricas, etc”.
A fuga de informação sobre a proposta de oferta de US $10 milhões a cada general tem originado acirrados argumentos entre vários círculos da classe castrense. Para muitos, os referidos generais já são bastante ricos, com vários negócios, casas de todos os tipos, frotas de carros luxuosos, quintas, terrenos e outros bens.
O general Fernando Araújo encontra-se entre os mais ricos das FAA, tendo sido um dos principais beneficiários dos esquemas de corrupção liderados pelo traficante de armas francês Pierre Falcone, de acordo com autos do processo Angolagate. O general é também sócio do projecto Terra Verde, em parceria com Arkady Gaidamak, ex-sócio de Falcone. Com os irmãos Safeca (Alcides, secretário de Estado do Orçamento (Ministério das Finanças); Aristides, vice-ministro das Telecomunicações; e Amílcar, director da UNITEL), o general é co-proprietário da Trans Omnia, que tem sido privilegiada com contratos de dezenas de milhões de dólares para o abastecimento de bens alimentares às FAA.
Somadas, as luvas propostas aos generais atingem os US $140 milhões e importa questionar a origem dos fundos que deverão suportar esta operação extra-orçamental e sem respaldo legal.