Luanda - Exonerado há sensivelmente três anos do cargo de ministro da Comunicação Social, Manuel Reabelais deve regressar em grande ao governo, já nos próximos dias, segundo apurou o Maka Angola junto do Palácio da Colina de São José. O radialista desportivo deverá ocupar-se de uma nova pasta, com a categoria de Secretário de Estado para a Presidência da República, uma espécie de “faz tudo” de José Eduardo dos Santos.

* Carlos Duarte
Fonte: Makaangola.org


A 10 de Maio passado, o Chefe de Estado informou os seus mais próximos colaboradores, durante uma reunião em que estiveram, entre outros, o ministro de Estado e chefe da Casa Militar do Presidente da República, general Manuel Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”, o director do Gabinete de Acção Psicológica e Informação da Casa Militar, Aldemiro Vaz da Conceição, o secretário para os Assuntos de Comunicação Institucional e Imprensa do Presidente da República, José Mena Abrantes, e a ministra da Comunicação Social, Carolina Cerqueira.


Na reunião, Dos Santos classificou, mais uma vez, o desempenho do Ministério da Comunicação Social como “pouco dinâmico”. O Presidente, asseverou que, durante o consulado de Manuel Rabelais, havia muito maior acção e a presidência da República recebia relatórios periódicos sobre o estado dos mídias estatais. Destacou que estes prestavam maior cobertura às actividades do governo e manifestavam maior engajamento com as políticas do seu regime.


Carolina Cerqueira manifestou-se, em privado, humilhada com o segundo cartão “amarelo” que o Presidente lhe mostrou. A primeira vez aconteceu na sessão ordinária do Comité Central do MPLA, realizada em Fevereiro último e em cujo discurso de abertura José Eduardo dos Santos disse claramente que a comunicação social não estava a fazer cobertura, de forma satisfatória, às realizações do governo.


O gabinete, a ser dirigido por Manuel Rabelais, já possui  instalações, no antigo edifício dos SME, bem próximo do Palácio Presidencial, onde o acesso a José Eduardo dos Santos será mais directo, como pretende o próprio Presidente da República.


O primeiro sinal de ascensão de Manuel Rabelais foi dado recentemente  quando José Eduardo dos Santos, nas vestes de presidente do MPLA, investiu-o no cargo de chefe da comissão de comunicação institucional da campanha do MPLA. O grupo de trabalho liderado pelo antigo ministro da Comunicação Social é integrado ainda por Aldemiro Vaz da Conceição, José Mena Abrantes e o director nacional de Informação do MCS, José Luís de Matos.


No entanto, o revés de Carolina Cerqueira foi minorado com a atribuição de um segundo cargo, como chefe da Comissão de Informação e Propaganda do MPLA que integra também o seu vice Manuel Miguel de Carvalho “Wadijimbi” e a administradora da ANGOP para a Informação, Luísa Damião.


A decisão de José Eduardo dos Santos cria sérios problemas ao Ministério da Comunicação Social, que tem colaborado com a Procuradoria-Geral da República e o Tribunal de Contas para o apuramento de uma série de casos de suspeita de corrupção envolvendo Manuel Rabelais. A ser confirmado no cargo, o suspeito poderá beneficiar de imunidades e a protecção presidencial contra a justiça.


A Rádio Nacional, cuja direcção Rabelais chegou a acumular com o cargo de ministro, também poderá conhecer momentos de tensão com o ressurgimento de Rabelais no executivo. O ministério realizou várias mudanças no direcção da emissora nacional, o que foi considerado como uma “caça às bruxas” aos seguidores do ex-ministro.


De forma reiteirada, o Presidente da República tem atropelado a Lei de Imprensa ao exigir que os órgãos de comunicação social do Estado ajam como veículos exclusivos de propaganda do seu regime.


A lei exige que os mídia estatais informem os cidadãos “com verdade, independência, objectividade e isenção, sobre todos os acontecimentos nacionais e internacionais, assegurando o direito dos cidadãos à informação correcta e imparcial”. A lei estabelece ainda que os referidos orgãos devem “assegurar a livre expressão da opinião pública e da sociedade civil” e, entre outros, “promover a boa governação e a administração correcta da coisa pública”. Essas exigências legais não têm sido observadas pelos mídia estatais, cujos níveis de propaganda e de manipulação dos factos ultrapassam os do período Marxista-Leninista.