Kuito – No último sábado a histórica cidade do Kuito, província do Bié, acordou enfeitada de cores vivas. Primeiramente, verde, vermelha, azul e branca (cores das indumentárias usadas pelos militantes da UNITA na manifestação) e azul escura e preta (das fardas dos agentes de ordem pública e da Polícia de Intervenção Rápida), amarela (cor das camisolas trajadas pelos militantes da CASA-CE durante, e após, a inauguração da sua sede). 


Fonte: Club-k.net

O número corresponde a 15% dos militantes cadastrados no Bié

Dentre várias actividades realizadas no dia 19 do mês em curso, naquela província, a mais marcante foi – sem sombra de duvida – da UNITA, que contou com a participação de mais de 150 mil pessoas (de todas idades). O número corresponde a 15 por cento dos militantes cadastrados somente no Bié. E em cada esquina da cidade do Kuito era visível a presença de agentes de ordem pública, subdivididos em três, todos armados, e da Polícia de Intervenção Rápida.


Em conversa a este portal, Elioth Ekolelo, secretário provincial dos “maninhos”, garantiu-nos que o acto, ora, realizado foi preparado em menos de uma semana. Já em termo de organização, o nosso interlocutor assegurou que tudo ocorreu como previsto. “Em termo de organização foi tudo bem estruturado”, garantiu.


“Esta manifestação também serviu para exibirmos o nosso eleitorado, uma vez que o mundo não acredita. É inconcebível pensar que a UNITA não manda aqui um eleitorado credível e visível com peso. Portanto, nós também queríamos mostrar aos duvidosos o quanto somos. Nesta fase das eleições foi uma boa oportunidade”, advertiu.


Antes do início da manifestação, pacificamente, convocada por Isaías Samakuva a nível nacional e internacional, os militantes, simpatizantes, amigos (e inimigos) e pessoas singulares dos “maninhos”, concentraram-se primeiramente no jardim velho, adjacente da Igreja Evangélica Congregacional em Angola (IECA). Na hora H, os manifestantes percorreram, euforicamente, às ruas Silva Porto e Joaquim Kapango até ao largo do Sporting, onde se realizou o acto central, presidido pelo também membro do comité permanente da Comissão Política da UNITA, Elioth Ekolelo.


Na altura, a massa militante do “Galo Negro” apresentou uma “moção de apoio” a favor do seu líder. “Os militantes e simpatizantes da UNITA, na província do Bié, apoiam incondicionalmente o seu presidente, Isaías Samakuva, pela árdua tarefa de conduzir a luta pela consolidação da democracia, paz e justiça social para os angolanos”, leu-se, concluindo “reconhecemos a sua habilidade revolucionária, patriótica e visão correcta sobre os destinos da nação, como incansável defensor da vida material e espiritual do angolano”. 


Por outro lado, o responsável felicitou o acórdão do Tribunal Supremo. “De princípio esta anuência veio um pouco tarde, mesmo assim aproveitamos felicitar o acórdão do Tribunal Supremo, porque isso vai transmitir uma outra visão sobre a imparcialidade dos tribunais no país”, disse, explicando que “a UNITA não realizou esta manifestação somente por causa de Suzana Inglês, mas sim pelo processo em si”.


Elioth Ekolelo recordou que “a questão de recolha compulsiva de cartões eleitorais” e a realização do processo de registo eleitoral, não ofereceu qualquer credibilidade aos eleitores e, sobretudo, aos militantes da UNITA. “A questão da transferência do próprio FICRE para a CNE, sem a publicação, primeiramente, dos dados foi muito estranho. Portanto, o processo de preparação das eleições gerais não transmite qualquer credibilidade aos eleitores”, enfatizou, dizendo que “há várias questões que precisam ser esclarecidas”.


De acordo com o nosso interlocutor, a UNITA no Bié está a dobrar os esforços para voltar atingir o número anterior dos deputados (5). “Tivemos que engolir sapos nas eleições de 2008, que nos atribuíram os 10%. Agora estamos a trabalhar para recuperar o que nos tiraram, pois nem todos aqueles que nos deram os cinco deputados morreram, estão aqui”, revelou. 


Enquanto a saída de alguns militantes da UNITA para a CASA-CE, o secretário provincial da UNITA minimizou o facto dizendo que “não temos conhecimento desta saída, e se existe não passa de um pequeno grupo de toupeira que ainda estão na clandestinidade”, assegurou, reforçando que “estes toupeiras não nós preocupam, porque não foram militantes de valores”.
No entanto, admitiu que “sentimos que eles (CASA-CE) têm uma célula qualquer aqui. Pronto, na democracia tudo é possível. Mas até aqui nós não temos o conhecimento. Por isso, é que estou a dizer que estão a trabalhar tipo toupeiras”, justificou-se, rematando que alguns dos dissidentes devem ser antigos militantes. “Os frustrados que traem ontem vão trair sempre”, concluiu.