Luanda -  O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) acolheu com elevada preocupação o comportamento de alguns manifestantes, que no Sábado, 19 de Maio de 2012, impediram que um profissional da Televisão  Publica de Angola realizasse o seu trabalho, a par de outras informações subsequentes igualmente relacionadas com dificuldades colocadas ao  desempenho de outros profissionais da TPA na cobertura de actividades da UNITA.


Estas atitudes configuram um atentado à liberdade de imprensa, consagrada na Constituição e na Lei de Imprensa como um direito fundamental do Estado angolano, pelo que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos condena de forma veemente tais comportamentos reiterando que os jornalistas não são actores políticos, nem podem ser responsabilizados por outras situações que lhes escapam completamente ao nível do desempenho editorial dos seus órgãos.


Este comportamento condenável devia, entretanto, na opinião do SJA, suscitar da parte dos gestores dos órgãos de comunicação social estatal  uma profunda reflexão sobre a qualidade do trabalho que têm oferecido nesta etapa que o país está a viver, ano de eleições, considerando que está de facto em marcha há já algum tempo o que se convencionou designar por pré-campanha eleitoral.


O SJA está convencido que a não observância dos princípios basilares da profissão, nomeadamente, a imparcialidade e o rigor informativo suscita inevitavelmente antipatia para com os profissionais dos órgãos públicos de comunicação, situação que, reiteramos, em circunstância alguma pode servir de justificação para atitudes obstrucionistas ou  violentas da parte de quem quer que seja em relação aos jornalistas no exercício da sua actividade.


Para além de outros mecanismos, o Sindicato aconselha vivamente todos os lesados a fazerem recurso ao Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS) para apresentarem as suas preocupações, reclamações e queixas, sempre que se sentirem lesados nos seus direitos por algum tratamento discriminatório por parte da média pública.


O Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) apela, por isso, aos responsáveis dos órgãos de comunicação social assumirem o seu verdadeiro papel, que consiste em informar com verdade e no interesse do público, salvaguardando deste modo a independência e a credibilidade das organizações que dirigem, ao mesmo tempo que evitam transformá-las em mais um factor de conflito e perturbação do processo eleitoral, com todas as consequências daí resultantes para a própria integridade física e moral dos jornalistas.


O SJA apela ainda aos seus filiados e aos restantes jornalistas angolanos a evocarem a cláusula de consciência, quando estiverem diante das famigeradas ordens superiores, que violam as normas jornalísticas, como a objectividade, isenção, rigor e imparcialidade e a denunciarem sempre que possível a interferência de critérios políticos no tratamento da informação resultante, sobretudo, da cobertura da actividade partidária, em obediência ao postulado constitucional que garante a todos os partidos um tratamento imparcial por parte da imprensa pública.



Luanda, 24 de Maio de 2012

A Secretária Geral

Luísa Rogério