Porto - O Presidente de Angola, há 33 anos no poder sem nunca ter sido eleito, José Eduardo dos Santos, defendeu hoje em Luanda que "não pode ser tolerado o ressurgimento dos golpes de estado em África".
Fonte: Alto Hama
Tem toda a razão. Aliás, a democraticidade do seu regime e a legitimidade do seu mandato são prova disso. Como bem estabelecem os donos do mundo, há ditadores bons e maus. Daí que só os maus devam ser derrubados. Não é, obviamente, o caso de Angola.
José Eduardo dos Santos discursava na abertura da cimeira extraordinária de Chefes de Estado e de Governo da SADC, que hoje decorre em Luanda para análise da situação política da região e da integração económica regional.
De acordo como Presidente angolano, o continente necessita de exemplos concretos que confirmem que África pretende "virar firmemente uma página do passado de uma história em comum", marcado pela existência de "governos autoritários ou autocráticos, para dar lugar a sociedades e instituições democráticas".
Ver Eduardo dos Santos fazer um discurso já eleitoralista, certamente burilado pelos especialistas brasileiros, em que faz a apologia da democracia e condena os governos autoritários, é digno de registo no anedotário mundial.
Em 9 de Maio de 2008 já o chefe de Estado angolano e presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), lançava um desafio para combater a corrupção e o tráfico de influências, que "atentam contra os interesses nacionais".
Afinal, estando Eduardo dos Santos na Presidência da República há uma porrada de anos, estando Eduardo dos Santos há uma porrada de anos a chefiar o MPLA, estando o MPLA há uma porrada de anos no Governo, o que terão andado a fazer desde 11 de Novembro de 1975?
Nesse dia, ao discursar na abertura da III Conferência Nacional do MPLA, em Luanda, o presidente do partido disse ainda que tinha de ser garantida a liberdade de imprensa e de expressão e um bom funcionamento do sistema de justiça, que são "condições essenciais para o aprofundamento da democracia".
Afinal, estando Eduardo dos Santos na Presidência da República há uma porrada de anos, estando Eduardo dos Santos há uma porrada de anos a chefiar o MPLA, estando o MPLA há uma porrada de anos no Governo, o que terão andado a fazer desde 11 de Novembro de 1975?
O chefe de Estado angolano sublinhou que os desafios que lançou na abertura da conferência "não são promessas demagógicas porque são fundamentadas por um estudo elaborado por técnicos competentes sobre a realidade nacional, que teve em conta as necessidades do povo e os recursos da nação".
Afinal, estando Eduardo dos Santos na Presidência da República há uma porrada de anos, estando Eduardo dos Santos há uma porrada de anos a chefiar o MPLA, estando o MPLA há uma porrada de anos no Governo, o que terão andado a fazer desde 11 de Novembro de 1975?
Com um programa ambicioso de construção de um milhão de habitações, das quais 500 mil nas áreas rurais, o Presidente afirmou que a questão das habitações em Angola merece "insatisfação geral" e a "aposta vai para a construção de habitação social e para o alojamento de pessoas de média renda".
Afinal, estando Eduardo dos Santos na Presidência da República há uma porrada de anos, estando Eduardo dos Santos há uma porrada de anos a chefiar o MPLA, estando o MPLA há uma porrada de anos no Governo, o que terão andado a fazer desde 11 de Novembro de 1975?
A Educação era também uma prioridade, tendo o chefe de Estado apontado para a criação de uma unidade de ensino superior ou médio em cada uma das 18 províncias angolanas. Outras das prioridades estabelecidas por José Eduardo dos Santos foi a Saúde, nomeadamente no que diz respeito às mulheres grávidas e às crianças com menos de cinco anos.
Afinal, estando Eduardo dos Santos na Presidência da República há uma porrada de anos, estando Eduardo dos Santos há uma porrada de anos a chefiar o MPLA, estando o MPLA há uma porrada de anos no Governo, o que terão andado a fazer desde 11 de Novembro de 1975?
Sinceramente não percebo porque é que os angolanos gostam de atazanar a vida do mais democrático país do mundo e, igualmente, do mais democrático presidente.
É claro que, perante tão injusto e irreal motivo, o presidente fica chateado e manda prender uns tantos e dar porrada em mais alguns. Estavam à espera de quê?
Há quem diga que no reino de Eduardo dos Santos há 70% de pobres. Alguém acredita nisso?
Segundo José Eduardo dos Santos, quando ele nasceu já havia muita pobreza na periferia das cidades, nos musseques, e no campo, nas áreas rurais. Citou, aliás, os poetas Agostinho Neto e António Jacinto que, nos seus versos, denunciavam a miséria extrema, e a exploração do contratado, cujo pagamento era fuba e peixe seco e porrada quando se refilava.
Eduardo dos Santos denuncia também, pudera!, os oportunistas que pretendem promover a confusão no país para provocar a subversão da ordem democrática estabelecida na Constituição da República, e derrubar governos eleitos, a favor de interesses estrangeiros.
“Hoje há uma certa confusão em África e alguns querem trazer essa confusão para Angola”, declarou o dono do país, adiantando que “devemos estar atentos e desmascarar os oportunistas, os intriguistas e os demagogos que querem enganar aqueles que não têm o conhecimento da verdade".
Como diria o seu amigo e ex-primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, corroborado pelo seu sucessor (Passos Coelho) ainda está para nascer um presidente do MPLA, de Angola e chefe do Governo, que tenha feito melhor do que José Eduardo dos Santos.
José Eduardo dos Santos adiantou que nas chamadas redes sociais, que são organizadas via Internet e nalguns outros meios de comunicação social, fala-se de revolução, mas não se fala de alternância democrática.
Como dono da verdade, José Eduardo dos Santos esquece-se que para haver alternância democrática é preciso que antes exista democracia. Mas isso até não é importante... sobretudo para quem está no poder há tanto tempo.
Diz ele, do alto da sua sábia cátedra, que pôr os vivos (e até os mortos) a votar – mesmo que de barriga vazia – é democracia.
“Para essa gente, revolução quer dizer juntar pessoas e fazer manifestações, mesmo as não autorizadas, para insultar, denegrir, provocar distúrbios e confusão, com o propósito de obrigar a polícia a agir e poderem dizer que não há liberdade de expressão e não há respeito pelos direitos” referiu o único presidente dos países lusófonos que nunca foi eleito.
José Eduardo dos Santos considera que os seus opositores têm medo das próximas eleições pois sabem que a maioria dos eleitores não vai votar a favor deles.
Nisso tem razão. Um povo com fome vota certamente em quem lhe der um saco de fuba. Além disso, como nas anteriores eleições, nada de anormal irá acontecer se em alguns círculos votarem no MPLA mais de 100% dos eleitores inscritos...
José Eduardo dos Santos diz que os opositores querem apenas colocar fantoches no poder, que obedeçam à vontade de potências estrangeiras que querem voltar a pilhar as riquezas e fazer o povo voltar à miséria de que se está a libertar com sacrifício. É mais ou menos, digo eu, o que ele também está a fazer em Cabinda.
Tem razão. Embora o MPLA pilhe as riquezas e o povo desde 1975, sempre tem a seu favor o facto de impor que os estrangeiros só pilhem se for em parceria com o clã Eduardo dos Santos.
O dono de Angola lamenta o facto de ninguém se lembrar de dizer que a pobreza não é recente e que é uma pesada herança do colonialismo e uma das causas que levou o MPLA a conduzir a luta pela liberdade, para criar o ambiente político necessário para resolver esse grave problema.
Pois é. Embora tenha comprado o país em 1975, o MPLA continua a responsabilizar o colonialismo e até, talvez, não fosse despiciendo falar também da responsabilidade de D. Afonso Henriques.
Utilizando uma calculadora certamente “made in Coreia do Norte”, Eduardo dos Santos diz que os índices de pobreza, que estavam em cerca de 70 por cento, baixaram para cerca de 30 por cento.
Mais uma vez o dono do país, modesto como é, peca por defeito. É que se fizer o cálculo ao seu clã e aos vassalos que o rodeiam, o índice de pobre é 0 (zero).
Segundo Eduardo dos Santos, no quadro do Programa de Luta contra a Pobreza, se continuar com esse ritmo de redução, a pobreza deixará de existir dentro de alguns anos.
Tem, mais uma vez, razão. Aliás, se o regime angolano excluir dos cálculos da pobreza todos os que são... pobres, pode já anunciar o fim da pobreza.
José Eduardo dos Santos afirmou também que apesar de não existir país nenhum no mundo sem corrupção, o Governo está a fazer esforços para combater este mal.
Aí está a prova de que o MPLA deve mudar o regime legal. É que se a lei não considerar a corrupção como um crime, o país deixa de ser o local do mundo com mais corruptos por metro quadrado.