Alemanha - Em Angola, o partido FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola), um dos três históricos da cena política angolana, vai para as eleições de 31.08 fragilizado – há anos, conflitos internos pela liderança da formação política mergulharam o partido numa crise.


Fonte: DW


Em 2011, o Tribunal Constitucional legitimou Lucas Ngonda como presidente da FNLA. Ngonda não goza da simpatia da maior parte do eleitorado, que o conota com o MPLA, o partido no poder.


A FNLA foi um dos movimentos nacionalistas que liderou a luta de libertação nacional angolana, tendo como base eleitoral tradicional o norte do país.


Essa luta levou Angola à independência, proclamada pelo MPLA em 1975 depois de uma guerra contra o regime português e entre os três movimentos nacionalistas: MPLA, UNITA e a FNLA.


Esta última desapareceu durante o regime monopartidário e reapareceu nas primeiras eleições angolanas, em 1992. Já fragilizada, a FNLA mergulhou numa crise de que jamais saiu, motivada sobretudo pela contestação ao líder histórico, Holden Roberto.


Após sua morte, Holden Roberto foi substituído por Ngola Kabangu. A FNLA transformou-se numa manta de retalho, e reacendeu-se a luta pela liderança do partido. Surgiu em cena Lucas Ngonda, que constituiu uma outra ala da Frente.


Chamado a intervir depois de congressos diferentes, o Tribunal Constitucional validou em 2011 a liderança de Lucas Ngonda. Mas é Ngola Kabangu quem lidera a FNLA no parlamento e que goza da simpatia da maior parte do eleitorado nacional.


Partido bicéfalo?


Kabangu minimiza  o último acórdão do Tribunal constitucional de 2011 e afirma que vai mesmo às eleições de 31.08: "Não é aconselhável a distração, o espírito de 'deixe andar', e sobretudo a dúvida. Devemos estar preparados para uma participação digna e organizada no pleito eleitoral que se avizinha".


Já o presidente de facto da FNLA e legitimado pelo tribunal, Lucas Ngonda, também diz que o partido que dirige está pronto para as eleições. "Neste momento, o nosso partido tem praticamente todas as exigências para a sua inscrição concluídas; estas serão ratificadas pelos órgãos centrais do partido, que serão convocados brevemente antes de as exigências serem transmitidas ao Tribunal Constitucional", explicou, em conferência de imprensa realizada na terça-feira (05.06).


Ngonda afirmou ainda que não há outra FNLA se não a dele, validada pelo Tribunal Constitucional: "Não existe uma outra FNLA. A FNLA, perene e presente, é esta que nós dirigimos".


Até ao próximo dia 20.06, os partidos políticos candidatos às eleições gerais devem apresentar as suas candidaturas ao Tribunal Constitucional. O diretor do gabinete para os partidos políticos desse Tribunal, Marcy Lopes, já afirmou que alas ou partidos não legalizados não vão concorrer às eleições.


"As listas que vierem subscritas por pessoas que não integrem as direções dos respetivos partidos não serão processadas", explicou Lopes à DW África. Cerca de cem partidos políticos querem participar das eleições gerais em Angola em 31.08.