Primeiro-ministro

Quem vai ser o primeiro-ministro nomeado pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos? Eis a questão a que todos os jornais procuram responder antes da tomada de posse do novo executivo.

O Parlamento, com 220 deputados, 191 dos quais eleitos pelo MPLA, apenas 16 pela UNITA, oito pelo Partido da Renovação Social (PRS), três da FNLA e dois da coligação Nova Democracia (ND) toma posse a 30 de Setembro, mas a Assembleia Nacional apenas inicia funções a 15 de Outubro. E só depois o governo será constituído.

Mas, como é normal nos países onde a democracia é rotina, também em Angola os jornais se apressaram a "adivinhar" quem vão ser os governantes do país nos próximos quatro anos.

Em Angola estas respostas são mais apetecíveis porquanto há 16 anos que os jornalistas não tinham possibilidade de "escavar" nas suas fontes "geralmente bem informadas", expressão recorrente na imprensa angolana, para dar aos leitores a informação mais preciosa do momento.

No topo da lista da informação mais desejada aparece o nome para primeiro-ministro. E foi o actual governador provincial do Huambo, Paulo Kassoma, quem mais espaço ocupou nas páginas dos jornais.


Tudo especulação

Mas, contactado pela Agência Lusa, o porta-voz do MPLA não precisou de consultar os registos para lembrar que o partido ainda não se debruçou sobre o nome do chefe do futuro executivo. "É tudo especulação", frisou Norberto dos Santos "Kwata Kanawa".

E várias fontes próximas do MPLA lembraram à Lusa que um partido com a organização e a disciplina interna que caracteriza o "Eme", como é chamado entre os "camaradas", dificilmente deixaria escapar para a praça pública este tipo de informação.

A única certeza é que o Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN), que juntava no executivo nomes de vários partidos, com o MPLA em maioria, seguido da UNITA, está no fim, como previa o acordo de paz assinado em Lusaca (Zâmbia), assim que fossem realizadas eleições democráticas.

Mas as possibilidades avultam nas páginas dos jornais angolanos. Desde logo Paulo Kassoma, para chefe de executivo, em "disputa" com Aguinaldo Jaime, actual Adjunto do primeiro-ministro, Fernando da Piedade dos Santos "Nandó", ou ainda com a ministra do Planeamento, Ana Dias Lourenço.


Higínio Carneiro, José Pedro Morais


A passagem de Higino Carneiro, general, das Obras Públicas para a Defesa é outra das muitas informações tiradas da bola de cristal da imprensa angolana.

Mas há também quem lembre, como é o caso do director do semanário Agora, Aguiar dos Santos, que o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, é um "conservador" no que concerne às mudanças de cadeiras. E recorda, para o sublinhar, que o Licínio Ribeiro, ministro dos Correios e Telecomunicações, bateu o record de 30 anos com esta pasta.

Mas o Novo Jornal vai mais longe e adianta que o mais badalado dos ministros angolanos, José Pedro de Morais, que ganhou o prémio de melhor ministro das Finanças em África da revista The Banker, do grupo do Financial Times, e é um dos nomes responsabilizados pelo sucesso da economia angolana, está de saída do executivo.

Para o lugar de Morais surge nas páginas do Novo Jornal o nome de José Maria Lemos, que é o director financeiro do grupo Sonangol, a petrolífera angolana.

O mesmo jornal "nomeia" para o novo Ministério da Economia Manuel Nunes Júnior, economista doutorado no Reino Unido, que foi o líder do grupo do MPLA que elaborou o Programa de Governo até 2012.

 

Fusão de ministérios

Mas há mais: são ainda dados pela imprensa angolana a fusão de ministérios, como os da Agricultura e Pescas, hoje autónomos, bem como o Comércio, Indústria e Turismo ou ainda a Ciência e Tecnologia e o Ensino Superior.

Em contra-mão com estas "fugas de informação", os mais avisados recordam que a prática do MPLA e do seu presidente, José Eduardo dos Santos, é que nome que sai para a rua antes de um anuncio oficial o mais certo é ver as portas fechadas à entrada no executivo, que, em Angola, a Constituição determina que seja liderado pelo Presidente da República.
Certa é a radical mudança de caras no Parlamento, onde uma larga percentagem dos actuais 220 deputados vai sair de cena. Como que para simbolizar esta mudança, o edifício da Assembleia Nacional está a ser remodelada. Nova pintura para um novo ciclo político no país.

Fonte: Apostolado