Dubai - A imposição, ao CC do MPLA, do nome de Manuel Vicente ao N. 2 da lista deste  Partido para a eleição atípica do Presidente da  República, obedece a estratégia pessoal de José Eduardo dos Santos e faz parte de uma sequência de golpes deste que visam em última instância o desaparecimento do Movimento Popular de Libertação de de Angola-MPLA, enquanto partido político e histórico e torna-lo num mero instrumento de defesa dos seus interesses particulares.


Fonte: Club-k.net


O primeiro golpe foi aquela "facada"  da "Eleição Atípica" disferida ao mesmo Partido que também preside. De recordar que na proposta apresentada à Comissão Constitucional em 2009, a posição do MPLA sobre esta matéria era a mesma que a dos Partidos Políticos na oposição, nomeadamente a UNITA, a FNLA e o PRS, que defendiam a eleição  normal, ou seja, em boletins de voto diferentes e, se necessário,  em momentos diferentes das eleições legislativas.


Apesar de ter reiterado várias vezes a posição do seu Partido, o seu então "arrojado" Secretário da Informação Norberto dos Santos Kwata Kanawa e o seu Partido, foram miseravelmente esmagados pelos caprichos de JES, que ainda por cima rebaixou os dignos (?) Deputados do Partido Estado, detentores de legitimidade popular que ele nunca teve, ao legal e eticamente inaceitável papel de executores do GOLPE CONSTITUCIONAL, consolidado na aprovação da atípica Constituição da República de Angola (CRA).


O segundo golpe, o mais subtil, foi a elisão pura e simples da denominação "Movimento Popular de Libertação de Angola", que os seus fundadores, Mario Pinto Lemos de Andrade e Viriato da Cruz lhe atribuiram.


Foi esta denominação, agora atirada ao caixote de lixo, que deu a essência existencial e identidades ideológica e Política  ao MPLA, as quais lhe um papel de grande relevo no processo histórico de formação do Estado e da Nação Angolana.


Foi esta a denominação que inspirou a milhares de angolanos que ao MPLA se entregaram de corpo e alma, muitos até morreram acreditando no ideal libertário nela enunciado, com vista a ter uma Angola de justiça, trabalho e pão para todos.


O terceiro e último foi sem dúvidas a humilhante imposição, por (JES), ao Comité Central, do agora simplesmente  MPLA, da figura de Manuel Vicente, um homem que tal como ele próprio (JES) está envolvido em vários crimes, com destaque aos de natureza económica, de entre os quais a corrupção, o nepotismo, o desvio de dinheiro e de bens públicos em benefício próprio, o enriquecimento ilícito, etc.


Nesta condição, os dois Cabeça de Lista do MPLA, estão a partida desqualificados  para o exercício de qualquer função de natureza pública, justamente por não se lhes reconhecer as credenciais indispensáveis para tal, como sejam, de entre várias, a integridade moral, elevação ética e a probidade.

Para JES, vem agravar o facto de não ser um homem respeitador de compromissos por ele voluntariamente  assumidos. Em várias ocasiões revelou um profundo desprezo pela sua própria palavra.


1-Há cerca de dez anos, numa declaração pública, quando se  referia ao candidato do seu Partido às eleições que tanto podiam decorrer em 2002, ou ainda em 2003, JES fez a seguinte afirmação: "... é claro que este Candidato não se chamará José Eduardo dos Santos" e mais adiante rematou: " ... Penso que cumpri o meu papel em nome dos quadros da minha geração que acreditaram nas virtudes do povo angolano".


Pois é uma das virtudes do povo angolano é a honestidade e não vai tolerar que JES lhe tome por esquecidos, muito menos por embeceis.


2- Em 2007, prometeu aos angolanos que as Eleições Presidenciais teriam lugar em 2009, portanto, um ano depois da Legislativas de 2008. Fê-lo numa comunicação solene à Nação, por ocasião da passagem de ano. De boa fé os angolanos creram nele e em Setembro de 2008, foram a votos para a escolha dos seus representantes na Assembleia Nacional e ficaram na expectativa de poderem escolher, pela primeira vez, o seu Presidente logo no ano seguinte, de acordo com a promessa de JES.


Debalde! Numa clara demonstração de falta de respeito pelos eleitores, sem o mínimo preocupação com as implicações ética e moral do engajamento assumido perante o País na primeira pessoa, JES, quem por lei devia convocar tal pleito, de um lado tomou uma atitude de omissão, mas do outro lado empenhou-se muito activamente na subversão dos Princípios que constituem o arcaboiço do Estado de Direito e Democrático. Como colorário das suas façanhas atípicas, temos CRA que as acolhe e as dá dignidade constitucional.


Os dois péssimos exemplos acima expostos, tirados de uma miríade de tantos inumeráveis, são suficientes para  ilustrar o perigo que Angola podia correr com a hipotética eleição desta dupla mal afamada.


José Eduardo dos Santos é um déspota. Não acredita na Democracia, nem lhe interessam os direitos humanos. A este propósito torna-se pertinente trazer a liça algumas das suas mais
celebres e tristes sentenças:


"...A democracia nos foi imposta pelo ocidente."


"...A democracia e os direitos humanos não enchem a barriga."


Ainda tem mais. Para vincular o MPLA, numa das reuniões do seu Bereaux Político, veio com aquela triste e risível história de que "não foi o MPLA quem criou a pobreza"' até aí estamos de acordo, porém seria desonesto deixar de referir que foi justamente sob sua prolongada liderança que os níveis de pobreza se agravaram, ao mesmo tempo que um pequeno grupo de seus familiares, amigos e colaboradores surgiram como magnatas! Ora, se não foi o MPLA, desastrosamente por si dirigido quem criou a pobreza, foi este MPLA que criminosamente criou este pequeno grupo de ricos, onde pontificam os seus próprios filhos, nascidos como eu depois da Independência, hoje donos (?) de tudo! JES tem a obrigação de nos explicar também o fenómeno deste riquíssimo.


A consagração desta dupla deixa apenas uma opção aos patriotas  do MPLA: Não votar nesta dupla sedenta de poder apenas para assegurar os seus interesses particulares. A forma como JES "avacalha" todos os  órgãos de direcção do MPLA, dão impressão de que os seus integrantes, muitos deles intelectuais de grande gabarito, tanto quanto não passam de meros figurantes ou mesmo súbditos, desprovidos de capacidade volitava, sempre muito solícitos a satisfazer os insaciáveis caprichos do seu chefe.


O MPLA, como partido histórico não deve morrer, mas para tal todos os seus quadros e militantes deverão começar por se livrar do seu sequestrador: José Eduardo dos Santos.


Ainda há tempo para que o MPLA, de glorioso não siga os caminhos dos famigerados MPR de Mobuto ou do vergonhosamente extinto Partido de Ben Ali.


Angola precisa de Instituições fortes fundadas na Constituição e na Lei; e não de homens que como JES que a todo o custo se querem fortalecer à custa do enfraquecimento daquelas.


Angola precisa de Partidos políticos com órgãos sólidos que os tornem suficientemente fortes e capazes de vergar vontades particulares contrárias aos seus princípios. A este propósito, o MPLA reafirmou no ano passado a sua matriz ideológica como sendo de esquerda, mas a prática corrupta de alguns dos seus lideres encabeçados por JES é da extrema direita. Há no entanto que se referir que existem muitos  dirigentes do MPLA fiéis aos seus princípios, tal é caso do meu Prof. Doutor França Van-Dunem, o Dr. Marcolino Moco, o Dr. Vicente Pinto de Andrade, só para citar alguns.