A UNITA para os angolanos é  o produto de um fenômeno anacrônico  de uma época  em que fazer a guerra para  acabar com o comunismos na Terra justificava qualquer sangria, qualquer atitude  desvairada  de  um anticomunista ambicioso como  Jonas Savimbi. Pois bem, é isso que a UNITA deve deixar,  de carregar a mala de carniceiro e  as ferramentas  de um coveiro, que a mesma vem transportando desde a sua fundação, se não quiser um dia ser esquecida. A UNITA deve esquecer e livrar-se da saudade daquele que um dia tantas vezes tentou bailar e dançar em plena tribuna de maneira ridícula como um zumbi, e até voar, como um galo, mas que nunca conseguiu. Mesmo porque galos nunca voam. O Ato de decolagem de um galo, voar, acredito eu, é um fenômeno  que o processo de evolução vem  se encarregando de eliminar,  como produto do acomodamento dessa espécie  na sua luta pela sobrevivência,  que passou a ser facilitada com ajuda do próprio homem. Assim, é próximo dos homens e das mulheres dessa  terra (Angola) que a UNITA deveria estar e não distantes dos mesmos.

As ditas falhas da UNITA, se assim se pode dizer, é a persistência nos seus erros. É a falta de humildade, simplicidade, a falta de vergonha de seus dirigentes  em reconhecer  que  a sua trajetória história  é literalmente um erro a ser corrigido no presente, ou enquanto ela existir. As falhas da UNITA é não querer negar o passado desastroso, e o pior, querer conquistar de forma revisionista e revanchista a posição de heróis  num lugar  da história de Angola, como os combatentes que andaram lutando contra o comunismo e conquistaram uma suposta democracia. Todos   soubemos que isso não é verdade. E que sobre a UNITA pesam crimes  hediondos, abomináveis,  inaceitáveis; pesa a maior  traição  que a história da África já sofreu.

O que me surpreende, mesmo não estando entre os melhores ou renomados, mas como um sujeito instruído, de nível culto médio ou até mais, é o sujeito  Sousa Jamba, que  pode ser visto  como uma espécie de <<autor intelectual>>  reafirmador e ratificador  dessa trajetória histórica  do seu partido, dos homens do Galo Negro. O que me admira e  assusta-me é esse admirador da poesia  de Jonas  Savimbi.

As falhas da UNITA não se contam com os dedos das mãos. Essas ditas falhas   constituem o instrumento e o arcabouço de  atitudes egocêntricas  e  individualistas,  transformadas em política e ideologia. A ideologia e política do eu-também- posso  e eu- também-quer   e se não me dás faço-te a guerra; faço a guerra contra todos os argumentos e fatos  possíveis , contra a razão  e qualquer regra existente. As falhas da UNITA  são a transparência   e a visibilidade da barbárie retratada na atitude de seus militantes e simpatizantes , coisa que assusta qualquer mortal. E que deveria ser  atenuado e  civilizado com discursos reconciliadores de seus líderes; procedimentos  inexistentes . Ao contrário, estes até dia 5 de Setembro viviam em estado de “guerra” ou de alerta.

As falhas da UNITA é a sua  proximidade com o fascismo português e  do delirante sonho neocolonial  da imprensa portuguesa, que todos nós os angolanos odiamos, e que  acredita na sua missão enganadora de poder rever  fatos históricos.

Os 81% não  constituem  simplesmente  a iniciativa de enterro a  <<essas falhas>> é um gesto claro de que o projeto Mwangai   deve  ser  sepultado a qualquer custo. Melhor tarde do que nunca; e com relação ao tempo Sousa Jamba está de parabéns  por fazer um pacto com a transparência e a lucidez. Afinal, nossos irmãos Kwachas têm direito a se retratar.  Com certeza as oportunidades não faltarão.

Nelo de Carvalho,
Fonte:
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