Luanda - Em jornalismo há regras básicas que todos os profissionais respeitam, mesmo quando são pressionados para deturpar a realidade ou manipular o acontecimento. Neste jornal esses atropelos estão banidos e temos orgulho em afirmar que somos dos poucos jornais do mundo que ainda respeitam escrupulosamente a dimensão do acontecimento. As técnicas editoriais obrigam a hierarquizar a informação segundo critérios que têm a ver exclusivamente com o interesse público. É o que fazemos sempre e em todas as circunstâncias.


Fonte: Jornal de Angola

Fora do Estádio havia muito mais gente

Este intróito serve para lançar um desafio a todos os políticos, todos os analistas, todos os partidos concorrentes às eleições gerais de 31 de Agosto. E até aos estrangeiros que pela mão de partidos nacionais ousam interferir de uma forma abusiva, grosseira e indelicada, nos assuntos internos de Angola.


Vamos ao assunto: ontem, o Estádio Nacional 11 de Novembro recebeu 55.000 pessoas que foram manifestar o seu apoio ao cabeça de lista do MPLA. José Eduardo dos Santos foi vitoriado por um mar de gente que não se cansou de lhe demonstrar o seu carinho, respeito e agradecimento por ter sabido construir a paz duradoura que hoje vivemos.


Fora do Estádio Nacional 11 de Novembro estava muito mais gente. Nas bancadas estava apenas uma pequena amostra. Porque no exterior e em todas as vias de acesso, mais de um milhão de pessoas gritou entusiasticamente o seu apoio ao “número um” do MPLA, ao “Candidato do Povo”. Três quilómetros antes do local da concentração popular, já não era possível romper. Uma multidão compacta não deixava ninguém avançar.


Nós vimos lágrimas de emoção no rosto de pessoas idosas que queriam agradecer de viva voz a José Eduardo dos Santos por ter sabido conduzir Angola ao bom porto da paz. Uma mulher do Rangel, com duas netas pela mão, dizia que vinha agradecer pelas suas meninas, a escola, o lanche escolar, o emprego dos filhos, a alegria de viver, a felicidade de acreditar que existe amanhã e o dia que há-de vir é sempre melhor do que o anterior.


Ontem em Luanda todos os caminhos foram dar ao Estádio Nacional 11 de Novembro. Os luandenses melhor do que ninguém conhecem o trabalho do Presidente José Eduardo dos Santos e do seu Executivo. Muitos viram a morte à frente, nas suas províncias de origem e encontraram na capital o porto de abrigo, o lar pobre e humilde, mas cheio do calor da solidariedade e da fraternidade. Todos foram apoiar o “número um” e dizer-lhe que ele é mais do que o cabeça de lista do MPLA. É acima de tudo o “Candidato do Povo”, porque mora em todos os corações dos angolanos pacíficos e patriotas.


O Jornal de Angola na edição de hoje leva aos seus leitores esse acontecimento extraordinário que ultrapassou a grandiosa manifestação ao Papa Bento XVI. Nunca tínhamos visto nada parecido. Nem em dimensão, nem em apoio popular. A primeira página de hoje tem de mostrar essa dimensão gigantesca, ainda que seja impossível mostrar o mundo de afectos que ontem se viveu no Estádio Nacional 11 de Novembro e nas suas imediações. Qualquer editor isento e respeitador da ética profissional dava todo o espaço da página mais nobre do jornal à manifestação de apoio ao Candidato do Povo. Foi o que fizemos.


Esse desafio ético e profissional foi fácil de cumprir. Como vai ser facílimo fazer o mesmo quando surgir um líder partidário que demonstre semelhante apoio popular. Está garantido o mesmo espaço e o mesmo tratamento aos partidos que conseguirem esgotar o Estádio Nacional 11 de Novembro e ainda mobilizem mais de um milhão de apoiantes para as suas imediações. Como está em jogo a hierarquização da informação, empenhamos a nossa palavra e assumimos o compromisso público de dar igualmente tratamento, seja a quem for.


Todos os líderes partidários e todos os partidos têm direito ao mesmo espaço e ao mesmo destaque. Sem qualquer excepção. Por isso, pedimos encarecidamente aos dirigentes partidários e aos seus candidatos que respeitem as nossas opções editoriais, porque elas estão baseadas em critérios universalmente aceites entre os profissionais de jornalismo. Ninguém pode esperar ter o mesmo espaço que hoje damos à manifestação de apoio a José Eduardo dos Santos, se apenas consegue juntar meia dúzia de amigos, num largo ou numa praça, por mais barulhentos que sejam.


O jornalismo faz-se assim. Tratamos de uma forma igual o que é igual. Damos o valor máximo ao que interessar a todos e o espaço mínimo ao que tiver uma dimensão insignificante.


Se nós não dizemos aos estrategos eleitorais dos partidos como devem fazer o seu trabalho, os dirigentes partidários também não podem interferir no nosso trabalho, quanto mais não seja porque não sabem. Ou porque têm ideias muito erradas sobre o que é a isenção, o rigor e o respeito escrupuloso pela verdade dos factos.


Nós sabemos fazer o nosso trabalho. Mas também gostávamos muito de saber como é que um político consegue conquistar o coração do seu povo de uma forma tão profunda que leva milhões a ir para a rua manifestar-lhe o seu afecto e o seu apoio.