Lisboa - A Indra explica de forma oficial o que fez para a Comissão Nacional Eleitoral de Angola para realizar o desenvolvimento integral das eleições legislativas de 2008.


Fonte: Alto Hama


ImageEntre o material desenhado, produzido, transportado, armazenado e distribuído pela Indra em todo o território angolano encontravam-se:  “13.000 Kits eleitorais, 26 milhões de cédulas, 65.000 urnas de votação, 54.000 cabines de votação, incluindo cabines para portadores de necessidades especiais, 108.000 latas de tinta indelével e 8.500 PDAs para o controlo e informação ao eleitor”.


“O projecto – para o qual cerca de 8 milhões de eleitores haviam sido chamados a votar, contando com mais de 12.200 colégios de votação - implicou o desenvolvimento de sistemas de transmissão de dados, o processamento, a totalização e a difusão de resultados, ao mesmo tempo em que presumiu o emprego de infra-estruturas de Tecnologias de Informação, o desenvolvimento de software, a formação do pessoal local e o transporte do material eleitoral directamente da Espanha para a Angola, para o qual foram fretados mais de 10 aviões Boeing 747”, afirma a Indra.


Igualmente, como parte de suas iniciativas de informação e participação civil, a Indra “disponibilizou PDAs a equipas formadas especialmente pela empresa, para proporcionar informação aos eleitores nas próprias ruas de Angola, de tal modo que os cidadãos puderam saber o seu local de votação e demais dados eleitorais que facilitavam o acto de voto”.


Por falha nos equipamentos de contro das autoridades angolanas, quase todo comprado em contrabando, o governo de Eduardo dos Santos referiu que apenas tinham sido comprados 10 milhões e 350 mil boletins de votos.


Tratou-se pois de um ligeiro e involuntário engano do regime angolano. Isto porque, fazendo fé na mais recente  mega manifestação de apoio a José Eduardo dos Santos, Angola tem bem mais (mas muito mais) do que vinte milhões de habitantes.


Ora se, de facto, todos esses milhões votam no MPLA e ainda há alguns votos residuais nos outros partidos, obviamente que a encomenda foi de 26 milhões de votos. Não há, portanto, razões para pôr em dúvida a honorabilidade da CNE e do regime, sendo que as duas organizações (uma só, na prática) são constituídas por cidadãos impolutos.


Creio, entretanto, que o regime angolano deveria também escolher uma firma impoluta, eventualmente ligada a Isabel dos Santos, para selecionar os observadores eleitorais. Isto porque pode, como aconteceu em 2008, aparecer uma qualquer Ana Gomes a dizer o contrário de verdade oficial.


E não faz sentido que algum observador venha dizer, como fez a eurodeputada, que “são legítimas as dúvidas que foram levantadas por partidos políticos e organizações da sociedade civil sobre a votação em Luanda”, ou “posso apenas dizer que a desorganização foi bem organizada”, ou “à última da hora, foram credenciados 500 observadores por organizações que se sabe serem muito próximas do MPLA”, ou “parece que alguém não quis que as eleições fossem observadas por pessoas independentes” ou ainda que “as eleições em Luanda decorreram sem a presença de cadernos eleitorais nas assembleias de voto e isso não pode ser apenas desorganização...”


É que, convenhamos, não tem piada aparecer alguém a revelar que em alguns círculos eleitorais, como em 2008, apareceram mais votos do que votantes…