Luanda - Esta rede de organizações da cidadania africana também é insuflada pela Comissão da União Africana Para os Direitos do Homem que nas suas sessões admite organizações credíveis como observadoras, por exemplo, a AJPD e a OMUNGA. Estas organizações também têm o direito de apresentar relatórios sobre o quadro dos direitos humanos nos seus países.
Fonte: Club-k.net
A sociedade civil africana estende-se também na diáspora, e é um segmento importante. No campo político, os cidadãos africanos que residem no estrangeiro olham de forma crítica os seus governos e nos actos eleitorais optam por mudanças, o que tem levado alguns regimes a negarem o voto a estas pessoas. Pelas experiências positivas, de regresso aos seus países tornam-se muito exigentes e dão novos ingredientes às dinâmicas da cidadania, criando forças reais de pressão.
No alargamento da intervenção da sociedade civil em África, está a contribuição do multibilionário do sector de telecomunicações, o sudanês Mo Ibrahim na concepção e implantação da fundação com seu nome que teve inicialmente o propósito de premiar os presidentes que foram capazes de desencadear boa governação, transparência e promoção dos direitos fundamentais. O prémio tem um valor de 5 milhões de dólares americano. Algumas edições do prémio não tiveram vencedor porque não havia líderes que merecessem tal distinção. Na memória do prémio teve como primeiro galardoado o ex-presidente de Moçambique Joaquim Chissano (um dos membros do Conselho de Sábios da UA); o ex-presidente do Botswana, Festus Gontebanye Mogae e mais recentemente o ex-presidente de Cabo-Verde Pedro Verona Pires. Tendo constatado falta de líderes à altura do prémio, a fundação decidiu a alguns anos investir num viveiro que possa criar novas lideranças para o futuro de África. Para isto disponibilizou milhares de dólares para conceder bolsas de Mestrados e Doutoramentos a jovens promissores, líderes, em várias universidades: Universidade de Londres e London Business School recebem estudantes nos cursos de Estudos Africanos, Direito e Economia; A Universidade Americana do Cairo recebe jovens para Arqueologia e Antropologia Antiga, para além de bolsas dadas para jovens que vivem e estudam no Sudão com realce para as mulheres.
A fundação também criou um “índice Ibrahim sobre boa governação em África”, a semelhança dos índices sobre a liberdade de imprensa ou sobre a democracia, permitindo assim que possamos avaliar os nossos avanços e retrocessos, as nossas forças e fraquezas, transformando-se assim num instrumento de pressão aos governos. Pelo número de variáveis que o índice contém e analisa, permite francamente dar uma idéia mais ou menos segura dos níveis de desenvolvimento em que um país se encontra. O índice é feito por peritos africanos e estrangeiros que trabalham nalgumas melhores Universidades do mundo.
No campo da Ciência e da Cultura existem alguns indicadores importantes. Sob tutela da União Africana, foi criada a Universidade Pana-africana (UP). A presente Universidade arrancou este ano com as faculdades das zonas Ocidental, Oriental e Central, com os cursos de Mestrados e no próximo ano entram os PhD. Ela tem como fim fazer pesquisa aplicada aos problemas africanos e tem cinco departamentos, correspondentes as diferentes regiões de África. As faculdades só receberão alunos dos países membro com QI acima da média. Pretende-se que seja um espaço de excelência. A sede da UP, está em Adis-Abeba (Etiópia) e as faculdades estão localizadas nos seguintes países: Ciências Humanas, Sociais e Governação (Camarões, corresponde a região Central); Ciências básicas, tecnológicas e Inovação (Quênia, referente a região Oriental); Ciências da Vida, Geociências e Agricultura (Nigéria, correspondente a África Ocidental); Ciências da Água, Energia e Mudanças Climáticas ( Argélia, para a zona Norte) e Ciências Espaciais ( África do Sul, contempla a região Austral).
A União Africana também instituiu um prémio na área das ciências que visa incentivar a pesquisa avançada e de alto nível no continente. Vários pesquisadores do continente já foram laureados, por exemplo, a Sul-Africana de origem argelina, Hassina Mouri, entre outros.
Inúmeros países de forma individual dão passos na investigação. O Quênia tem equipas multidisciplinares a pesquisar na Universidade Jomo Nkeniata. O exemplo mais recente é de uma equipa de pesquisadores Quenianos e Chineses que descobriram indícios arqueológicos de contactos milenares entre o Oriente e a África. A África do Sul, talvez seja o país do continente onde mais se produz em quase todos os campos do conhecimento. A um ano pesquisadores deste país construíram um gel que inviabiliza a transmissão do HIV na ordem dos 30%, tal como correm na invenção de um antídoto contra o vírus da SIDA. E mais recentemente um estudante Sul Africano de 22 anos, Ludwick Marishane da cidade do Cabo e da Universidade de Cabo inventou um gel de banho que dispensa a água (DryBath). Por esta razão ganhou prémios internacionais e é considerado o detentor da 12ª mente mais brilhante do mundo. Este gel pode servir para militares em palcos de conflito; serve para ser usado em viagens de longo tempo; é útil para zonas onde há carência de água; para doentes que não podem levantar e para aqueles que são preguiçosos em tomar banho!
O pesquisador beninense Medegan Fagla Jerome, inventou a droga sintética mais eficaz com base em plantas medicinais africanas para aliviar a dor de pacientes com anemia falciforme, o “VK 500” e já está a ser replicado a partir de um laboratório no Sul de França.
Outro indicador importante é o intercâmbio de estudantes ocidentais nas universidades africanas. Cada vez mais cidadãos americanos e europeus estudam em algumas universidades africanas, sobretudo as do Senegal, Egipto e África do Sul. De acordo com dados da Embaixada dos EUA em Moçambique, cada ano 10.000 cidadãos Norte Americanos estudam em toda África. Este intercâmbio estende-se também para o corpo docente.