Lisboa - Construída a partir do zero nos arredores da capital angolana, a Nova Cidade de Kilamba tornou-se um marco para a política social de construção de novas habitações do presidente José Eduardo dos Santos. A cerca de 30 quilómetros de Luanda, a cidade foi construída por uma empresa estadual chinesa e custou à volta de 2 mil e 800 milhões de euros.


Fonte: Revista Sábado

Supostamente, Kilamba tem capacidade para albergar cerca de 500 mil habitantes. Contudo, o preço dos apartamentos situa-se algures entre os 96 e os 160 mil euros, um valor que, como afirma a ‘Business Insider’, se encontra consideravelmente afastado da realidade económica do cidadão angolano comum. Isto porque, segundo o Banco Mundial, o PIB per capita em Angola é de cerca de 4100 euros por ano.


Dos 2800 apartamentos que foram postos à venda, apenas 220 foram comprados, reporta a ‘BBC’. A estação televisiva fala de uma primeira cidade fantasma de Angola, construída para “pessoas que nunca irão para lá morar”.


Os argumentos que tentam explicar a construção de Kilamba dividem-se, sobretudo, em duas direcções. Em primeiro lugar, a ‘Business Insider’ recorda o facto de a China ser, actualmente, o maior comprador de petróleo angolano. Crê-se, portanto, que esta cidade pode ter surgido em antecipação de um financiamento petrolífero chinês. Contudo, a construção de Kilamba pode também ter sido inteiramente resultado de compromissos políticos.


De acordo com a ‘BBC’, Kilamba é a maior e mais recente das muitas “cidades satélite” que estão a ser construídas nos arredores de Luanda. Assumindo-se actualmente como o maior projecto desta natureza, o governo está a fazer da “cidade fantasma” um exemplo da vida calma que pode ser encontrada longe da agitação e pobreza de Luanda.


De facto, a cidade tornou-se um argumento a favor do governo de José Eduardo dos Santos, que prometeu construir um milhão de casas durante sua campanha eleitoral em 2008.


Allan Cain é o presidente da organização não-governamental angolana ‘Development Workshop’, que se especializa no auxílio à pobreza urbana. Citado pela ‘BBC’, Cain diz que o que realmente é necessário para a população angolana é a melhoria dos locais onde vivem actualmente.