Luanda - A Comissão da União Africana será dirigida por uma mulher, a ministra do Interior da África do Sul, Ndlamini Zuma, foi eleita na madrugada desta segunda-feira, 16 de Julho, Presidente da Comissão da União Africana (OUA).


Fonte: Club-k.net


Normalmente não gosto muito de me debruçar sobre assuntos de carácter político, mas desta vez sinto-me obrigado a fazê-lo, por algumas simples causas: sou angolano, cresci e estudei em Angola até o ensino de base (8ª) classe, na escola no. 23, no Cazenga. Fui para o Zimbabwe, onde fiz o ensino secundário (Médio) e terciários. Vivi em Moçambique por algum tempo. Também já passei pela África do Sul, para trabalhos e estudos, assim como na Namíbia, e por ai além da África Austral. Estas paragens criaram em mim um certo apego à região austral da África, a região da SADC. Nutro uma grande paixão por estes países. Criei neles amizades e famílias, em Cristo e em César. É por isso e por outras razões que menciono abaixo que senti que tinha algo a dizer desta vez.

A verdade mesmo é que a hegemonia dos países do centro e norte de África na liderança da Comissão da União Africana foi quebrada. Como disse atrás, não gosto muito de me debruçar sobre assuntos de carácter político, mas este é mais do que político, pois a OUA, bem gerida e organizada, joga um papel importante na melhoria da vida económica e social dos Africanos, tirando bom proveito das mentes inteligentes dos filhos do continente berço.

É obra, é de realçar que nesta era da globalização, a união entre povos, estados e regiões é uma das soluções para se estancar a pobreza abundante que aflige a África. Mais do que nunca, a OUA é chamada a agir no cerne das necessidades dos Africanos.

Angola já reagiu, o Ministro das Relações Exteriores da Republica, Dr. Georges Chikoty, disse a Rádio Nacional de Angola que “esta campanha custou muitos meios, mas valeu a pena…”. É de realçar que este sucedido ocorre mesmo na ponta final do mandato de Angola na presidência da SADC. É como “um golo de Angola aos 90 minutos de jogo?”. A SADC em geral, e Angola em particular, empenharam-se bastante para a eleição de Zuma. Quer dizer que investiu-se muito dinheiro. Pessoalmente espero que este investimento não tenha sido em vão e que a nova Chefe da Comissão da UA possa, com ajuda de todos os Africanos, cumprir com aquilo que é o desejo dos Africanos: trazer paz e lutar contra a fome, a pobreza e as crónicas assimetrias.

É uma viragem. Jean Ping fez muito para África, mas o seu mandato foi manchado e criticado pela passividade com que reagiu perante os eventos na África do Norte primavera Árabe), e perante a invasão externa na Líbia, que culminou com a morte de um dos maiores promotores e financiadores de sempre da OUA, até aqui, Muhamar Kadhaffi. A ONU, a OTAN e a União Europeia sobrepuseram-se à pessoa de Jean Ping. Alguns críticos sugeriram que Jean Ping teria recebido algum dinheiro do Ocidente, para se calar. As revoluções fazem bem às vezes às sociedades, mas a OUA não podia calar-se e esperar que países singulares como a Nigéria tomassem a dianteira.

Termino aqui, desejando boa sorte à Ndlamini Zumba. Que a SADC e toda África a apoiem!