Luanda – A presidência angolana da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que chega sexta-feira, 20, ao fim com a transferência para Moçambique na cimeira de Maputo, teve resultados desiguais.

Fonte: Lusa

A presidência angolana alcançou resultados na concertação política ao nível dos oito estados-membros da CPLP, com a maior visibilidade da organização e o reforço atingido na cooperação nos planos empresariais, cultural e desportivo, ensino e ambiental.

Um dos aspectos em que essa concertação se destacou internacionalmente foi a intensa actividade diplomática que resultou na eleição de Portugal para um lugar de membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Outubro de 2010.
A promoção da língua portuguesa, outra das prioridades da Presidência angolana, teve resultados diferentes.

Ao longo dos dois anos de presidência angolana a uniformização do Acordo Ortográfico foi feita a duas velocidades, com Angola e Moçambique a serem, no final, os países que no seio dos oito ainda não ratificaram este instrumento, enquanto a internacionalização da língua, nomeadamente nas organizações internacionais como a ONU, não obteve resultados visíveis.

Quanto ao alargamento da CPLP, a Guiné Equatorial continuou à porta, mantendo unicamente o estatuto de observador devido às divergências no seio dos oito. Há dois anos, o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, referiu-se na cimeira de Luanda, quando Angola assumiu a presidência da organização, à ideia de uma "força poderosa e dinâmica" para CPLP.

A organização falou a uma só voz após o golpe de Estado de 12 de Abril na Guiné-Bissau, e pela primeira vez na sua história, a CPLP accionou medidas sancionatórias a um estado-membro, mantendo como interlocutor o poder político saído de eleições, não reconhecendo o poder instituído "manu militari", que ainda se mantém em Bissau.

A unidade da CPLP foi posta à prova e saiu incólume na condenação do golpe de estado de 12 de abril, deixando isoladas as novas autoridades, reconhecidas unicamente pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que no entanto apoiam o Governo guineense "de facto" e destacaram forças militares e policiais para o país, enquanto as tropas angolanas em Bissau tiveram de partir.

No discurso de boas-vindas proferido há dois anos na cimeira em Luanda, José Eduardo dos Santos referiu-se às diversidades que coexistem e que disse serem a "base da unidade" e a razão para o "apoio mútuo" da CPLP.

Disse então o Presidente angolano que as afinidades que ligam os povos da CPLP "vão muito além da língua" e "constituem frutos de uma conquista que tem a ver com um passado de lutas e de vitórias, durante o qual os povos exerceram e absorvem influências recíprocas". É esse património que Angola agora transfere para Moçambique, que presidirá à CPLP até 2014.