Luanda - O líder da UNITA, Isaías Samakuva, convidou o candidato do MPLA, José Eduardo dos Santos, para um debate político "em plena campanha eleitoral", que hoje começou em Angola, para as eleições gerais de 31 de agosto.


Fonte: Lusa


  Isaías Samakuva discursava na cerimónia de lançamento da campanha eleitoral da UNITA, maior partido da oposição, no município de Viana, a cerca de 20 quilómetros a norte de Luanda.

O político referiu que a UNITA aceita "o debate de ideias e o conflito partidário", bem como a "contribuição política de todos para uma Angola melhor".

Samakuva disse que o desafio a José Eduardo dos Santos surgiu com base no olhar experiente "das mais antigas democracias do mundo".

"Um debate no qual, perante todo o povo angolano, diga as ideias que o seu Governo e o seu partido têm para o país. Um debate onde oiça finalmente a vontade do povo. Um debate onde escute o líder da oposição com a postura e os valores democráticos, com os quais não presenteia o seu povo há mais de 30 anos", disse Isaías Samakuva.

Segundo Samakuva, "quem está no poder pela vontade da democracia aceita sempre, de bom grado, debater com os seus adversários políticos o plano que tem para a nação".

"Espero que aceite este desafio, mostrando ao mundo o que há tanto tempo anuncia, mas há tanto tempo não se cumpre. Que Angola é um país democrático. O país, o mundo aguardam a sua resposta a este convite. Um convite normal na maior parte das nações do mundo. Normal em todos os países verdadeiramente democráticos", enfatizou.

Com um constante apelo à "união para a mudança", Samakuva afirmou que a UNITA - "a expressão e a representação da vontade do povo" - vai "vencer as eleições e formar o novo Governo democrático de Angola. Um Governo ético, solidário e que respeitará os princípios da democracia e do republicanismo".

Isaías Samakuva, espelhando a atual condição social dos angolanos, referiu que os mesmos "não têm de ser pobres" num país "tão rico" como Angola. "Há outro caminho", disse Isaías Samakuva, apelando à união para a mudança.

"Vocês são chamados a tomar esse caminho", referiu o político, salientando que Angola é muito rica, "mas os angolanos são muito pobres".

Samakuva prometeu ainda um Governo que vai lutar contra a pobreza e anunciou a criação de um Programa de Combate à Pobreza, de carácter autónomo, integrado e descentralizado, com vista a "atacar as causas da pobreza em todas as suas dimensões".

"A luta contra a pobreza será uma prioridade absoluta e necessariamente cumprida para formar as bases para uma democracia consciente e saudável. Um povo com fome está condicionado pelos interesses dos poderosos", completou Samakuva, num discurso que durou mais de uma hora.

Durante o ato, que começou cerca de duas horas depois do previsto, foi apresentado, aos mais de mil militantes e simpatizantes deste partido, o estado-maior da campanha eleitoral, cuja liderança está a cargo do secretário-geral da UNITA, Vitorino Nhany.

O evento serviu igualmente para a apresentação de seis partidos políticos cuja intenção de votos será para a UNITA, onde se destacam o PDP-ANA, partido que já teve representação parlamentar em 1992, e o Partido Popular (PP), do advogado David Mendes, que não conseguiu participar nas eleições deste ano.