Luanda - Publicou o Club-K, numa das suas últimas edições, uma notícia, segundo a qual haveria figuras próximas do regime, que seriam titulares de fortunas colossais. Entre essas figuras, o Club-K cita o Dr. Aguinaldo Jaime que, alegadamente, seria possuidor de uma fortuna de mais de 500 milhões de dólares! Como conheço o Dr. Aguinaldo Jaime há mais de trinta anos, sei do seu estilo de vida, discreto e sem exageros, fico revoltado com essas notícias, que são pura invenção e delírio de pessoas ou círculos que o querem atingir na sua honra. E sinto-me na obrigação moral de algo dizer em sua defesa, mesmo sem antes consultar o próprio Dr. Aguinaldo Jaime. Sei que, por vontade dele, nada deve ser dito nesses casos, pois, como ele tem afirmado a quem convive com ele, "quando somos figura pública, temos de estar preparados para saber lidar com todo o tipo de comentários a nosso respeito, os positivos e os negativos, mesmo os mais absurdos e disparatados."


Fonte: Club-k.net

Ele nem sequer tem 5 milhões de dólares

Dito isto, gostaria de partilhar convosco dois episódios. O primeiro tem a ver com o abandono, por parte do Dr. Aguinaldo Jaime, de um projecto de referência (omito o nome por não ter ter sido autorizado a escrever este artigo), para o qual foi convidado. E isto por ele não ter fundos suficientes para acompanhar um segundo aumento brutal de capital. Tal aumento foi uma exigência do banco financiador do projecto, que entendia que os capitais próprios dos promotores eram insuficientes para financiar todos os investimentos em carteira. Sei que o Dr. Aguinaldo Jaime estava de corpo e alma nesse projecto, acreditava nele, e foi com muita mágoa, como me confidenciou na altura, que não acompanhou o segundo aumento de capital imposto pelo banco financiador. Se ele tivesse a riqueza que o Clube K alega, estou certo de que ele não teria tido nenhuma dificuldade em arranjar os cinco ou sete milhões de dólares, que lhe foram exigidos. Não foi capaz! Mesmo o primeiro aumento, no valor de um milhão e meio de dólares, foi conseguido com financiamento bancário, que ainda está a ser reembolsado. Com tal fortuna, estou certo de que ele financiaria ele próprio o projecto, sem necessidade de recurso a qualquer banco, e ainda sobraria mais de metade da dita fortuna!


O segundo, foi um piquenique familiar que fizemos, recentemente, ao Mussulo. Tivemos de recorrer a um amigo comum, que é dono de um barco, pois nem eu, nem o Dr. Aguinaldo Jaime temos barco próprio. E, a este respeito, recordei-me da estória que o Club K publicou, tempos atrás, segundo a qual um avião, pertencente ao Dr. Aguinaldo Jaime, teria sido apreendido nos EUA!! Claro que nunca mais se soube nada do misterioso avião: marca, modelo, matrícula, país de registo, paradeiro, etc. E sabem porquê? Porque, pura e simplesmente, tal avião não existe! Foi inventado, se calhar pelos mesmos que agora dizem que ele tem esta fortuna toda, de paradeiro desconhecido, como o avião. Seria muito estranho que alguém, possuindo um avião, não tivesse também um barco, que é de valor muito inferior, como todos sabemos.


Poderia contar outros episódios, mas não me sentiria à vontade para fazê-lo sem a permissão do próprio, pois têm natureza mais pessoal. Mas, não tenho nenhuma dificuldade em contar os dois episódios aqui referidos porque são do conhecimento de mais gente, não constituindo, por isso, nenhuns segredos. Peço perdão ao Dr. Aguinaldo Jaime por este meu gesto, que pode ser interpretado como inconfidência. Há limites para tudo.


Gostaria de aconselhar o Club K a ser mais criterioso, rigoroso, na publicação de notícias, que visam manchar a honra e a dignidade das pessoas, bens constitucionalmente protegidos, sobretudo agora que vamos entrar num momento político conturbado. A luta política é bem-vinda, é necessária, pode servir para esclarecer os eleitores. É verdade. Mas, para tal, deve ser leal e séria. As denúncias de corrupção são necessárias, desde que fundamentadas. Elas não podem ser arma de arremesso, para usar em vinganças pessoais, ajustes de conta, ou quando faltam argumentos sérios para esgrimir e queremos atingir a honra de adversários, reais ou imaginários.


O bom procedimento, o do jornalismo sério, manda que se exerça o chamado "contraditório", quando alguém é ofendido ou atacado. Isto é: deve ser dada ao visado a oportunidade de se defender. O que o Club K, mais uma vez, não fez. Se fizermos jornalismo sem regras, estaremos a fazer um exercício panfletário, arruaceiro e demagógico. E não estaremos a prestar um bom serviço à liberdade e à democracia, valores essenciais de um estado de direito.

Antecipadamente, agradeço a publicação deste desabafo. Para reposição de uma elementar justiça. E para eu ficar de bem com a minha consciência.

Atenciosamente,
Eng. Teodato Faustino de Menezes