Luanda – O Jornal de Angola abriu a campanha como fez nas eleições de 2008 promovendo uma campanha para denegrir os partidos da oposição manchando  a campanha eleitoral. Esta quarta-feira, inaugurou  o seu polemico director  José Ribeiro faz um ataque ao candidato a Presidência da Republica, Isaias Samavuka por este ter denunciado que o governo do MPLA protege mais os estrangeiros que os angolanos.  Segue na íntegra do texto do Jornal de Angola. 

Fonte: JA

JA em campanha para denegrir Samakuva

"Isaías Samakuva foi o único líder partidário que quebrou a regra de ouro do respeito, do civismo e do equilíbrio. No tempo de antena do seu partido na Rádio Nacional fez uma declaração xenófoba que contraria o Código de Conduta Eleitoral e pode desencadear a “caça ao estrangeiro”. Antes que a nódoa alastre, é bom que todos os participantes nas eleições pensem duas vezes antes de fazerem declarações que podem ser mal interpretadas pelo eleitorado ou servir de pretexto para cenas de violência e perseguição a minorias. Isaías Samakuva disse na declaração do tempo de antena na Rádio Nacional que o governo “protege mais os estrangeiros do que os angolanos”. Esta afirmação é completamente falsa e pode desencadear perseguições aos estrangeiros que vivem e trabalham em Angola. Além de ser um grave atentado aos direitos humanos, a atitude do líder da UNITA pode pôr em causa a segurança dos que escolheram o nosso país para trabalhar e viver. E estão a ajudar-nos na reconstrução nacional, com o seu trabalho, a sua experiência, a sua sabedoria.


Há em Angola estrangeiros nas escolas, nos hospitais, nos centros de saúde das zonas rurais. Milhares de estrangeiros trabalham nas grandes obras públicas. Dão o seu contributo nas empresas, como técnicos qualificados. Sem eles, as destruições provocadas pela UNITA ao longo da guerra, ainda hoje eram ruínas. Muito do que foi feito e do qual beneficiam os dirigentes, militantes e simpatizantes do partido de Isaías Samakuva, teve também a mão dos estrangeiros que vivem e trabalham em Angola.


Ninguém em Angola é mais protegido do que os angolanos. Os estrangeiros são uma minoria. Não recebem subsídios do Estado, nem crédito para as suas empresas e muito menos formação para melhorarem o seu desempenho. Para receberem o seu salário, têm que trabalhar. E muitos deles, trabalham muito e bem. Se não cumprirem os seus deveres contratuais, voltam para os seus países de origem. O Estado não anda a sustentar estrangeiros com os dinheiros públicos.

 

Isaías Samakuva resolveu aproximar-se perigosamente de Jonas Savimbi. Em 1975, ele apresentava-se como o “muata da paz” e dizia que a UNITA era o “partido dos brancos”. Mas isso era em português. No Planalto Central, em umbundu, dizia que os estrangeiros iam ser todos expulsos. Para os portugueses reservava um destino mais trágico: a morte. Em 1992, voltou à carga. Deixou de ser o “muata da paz” e apresentou-se aos eleitores de pistola à cinta. Ameaçava tudo e todos.


Num comício no Sumbe, batendo com a mão na pistola guardada no coldre, gritava: “no dia seguinte às eleições os crioulos nem ficam com os pés para fugir!” O resultado dessas atitudes racistas e xenófobas está à vista, em termos eleitorais, mas também da escola. Isaías Samakuva resolveu, logo no primeiro dia de campanha, abrir a caça, não ao voto, mas ao estrangeiro mostrando que foi um bom aluno de Savimbi.


Dizer que o governo “trata melhor os estrangeiros do que os angolanos” é xenofobia e racismo. A Constituição da República é muito clara no que diz respeito a esses crimes. As organizações dos Direitos Humanos sabem que a xenofobia está na base de numerosos crimes contra a pessoa humana. Racismo e xenofobia, de mãos dadas, respondem por desastres humanitários que enlutaram muitos países. Quando se abre essa “caixa de Pandora”, sabemos como começa mas nunca se sabe como acaba. O líder da UNITA é livre de dizer o que pensa. Mas se pensa como um xenófobo deve guardar essa opção só para si. Não é legítimo que abra uma campanha eleitoral com um discurso contra os estrangeiros. Porque na verdade, ao fazer a afirmação que fez, ele não quis atingir o partido que suporta o Executivo. Quis mesmo atacar os estrangeiros que vivem e trabalham em Angola. De um líder político que concorre a eleições, o mínimo que se espera, é decoro e responsabilidade. Também dá jeito que conheça a Constituição da República e não atropele os mais elementares princípios dos Direitos Humanos.


Os estrangeiros não votam nas próximas eleições. Os estrangeiros não fazem parte dos partidos políticos que vão submeter-se ao veredicto popular. Vivem em Angola e aqui têm a sua vida. Estão integrados nas nossas comunidades e respeitam as leis nacionais. Os que não respeitam as regras, são repatriados. É falso que o Estado lhes dê protecção especial. Era bom que Isaías Samakuva respeitasse essas mulheres e homens que estão longe dos seus países, dos seus lares, vivendo com os angolanos os mesmos problemas do quotidiano. E dando tudo pela reconstrução nacional.


A um líder político exige-se que também respeite as leis em vigor, ou pelo menos a Constituição da República. Xenofobia, na campanha eleitoral, não é tolerável, seja qual for o agente político que a pratique. Isaías Samakuva foi infeliz nesta declaração do tempo de antena na Rádio Nacional. E só tem um caminho: pedir desculpas aos angolanos e aos estrangeiros, por esta violação grosseira dos direitos das minorias. Mas se disse o que pensa e acha que está certo, então a UNITA começou a campanha eleitoral muito mal.