Luanda – Nos últimos tempos, a nudez está a deixar de ser tabu, mesmo nas comunidades mais conservadoras das suas culturas e tradições como as bantu. Virou moda pessoas de ambos os géneros e de todas as idades, nomeadamente jovens, a usarem roupas indecentes como mini saias, blusas curtas, colã, calças e calções tipo andrajos, etc.

Fonte: Club-k.net

Meninas vestidas escandalosamente de roupas que desenham a geometria do corpo, transparentes ou curtas apresentam-se sem vergonha no seio das suas famílias. Em casa dos pais, as menina vestem-se de mini saias sentam-se de qualquer maneira a ponto de expor o umbigo, a bexiga e/ou as tatuagens feitas um pouco acima do órgão sexual, provocando e seduzindo mesmo os parentes do sexo masculino.

As blusas curtam que apresentam a bexiga e o umbigo chamam-se “Top less”. Umas blusas expõem os seios, outras sem mangas para expor o pelo do sovaco sempre no intuito de sedução. As blusas transparentes ou feitas de maneira a expor os seios são usadas sem “soutien-gorge” ou corpetes, deixando estes órgãos (seios) completamente livres e tesos, para melhor seduzir os homens. 

Quando usam calças, estas são apertadas e de cintura baixa e ou com furos feitos de propósito. Uma das principais causas de violações sexuais que acontecem no país eh o uso de roupa indecorosa e de estilo provocatório. Os calções curtos que as meninas usam chamados “Tchuna baby” são comparáveis à roupa interior ou biquíni.

Reitera-seque as meninas vestem-se desta maneira para seduzirem os homens. Dizem ao homem que lhe olhar que “caiu, o tio caiu”. Este estilo sarcástico de vestir não é exclusivo das meninas, mas também das senhoras -solteiras e algumas senhoras casadas - que se apresentam mal.

Pior ainda, meninas ou senhoras mal vestidas ou que usam roupas indecentes, estas dão-se o luxo de fazer todos os movimentos atentatórios na presença dos homens e mesmo dos parentes.

De igual modo, os meninos vestem-se igualmente escandalosamente com roupas ditas “da moda”. Jovens usam calças apertadas e/ou cinturas-baixas chamadas em língua Boileau (escritor francês) por “taille-basse”. As calças cintura baixa descobre a parte anal do corpo.

As calças apertadas em baixo e abertas na cintura chamam-se “Youki” em alusão a garrafa de gasosa nacional angolana do mesmo nome. Apresentam-se em família e na rua com roupa que desenham a geometria corporal e usam brincos como se de uma mulher se tratasse.

O que acontece hoje em termos de vestuários é um autêntico atentado ao pudor e uma aberração cultural. Estas ditas modas pervertem a culturas bantu e resultam da globalização – mundialização, o Globo virou uma aldeia global.

A Globalização é um processo de integração social, política e económica entre os países e as pessoas do mundo todo. Este fenómeno resulta do crescimento do número de migrações; maior uso de novas tecnologias; desenvolvimento das empresas multinacionais; um maior fluxo de capitais pelo planeta e uma maior integração cultural entre as sociedades (Google).

Em matéria de vestuário, o que se assiste actualmente no país é uma autêntica prática de nudismo, próximo de sexo ao vivo. Assiste-se boquiaberto a verdadeiros desfiles de modas extravagantes que rivalizam Cristian Dior , Yves Saint Laurent, Paco Rabani, entre outros ícones de Fashion.

As culturas bantu não condenam ninguém por vestir-se a europeu ou asiático, como usar calças, calções, vestido, saias, mas desde que a roupa seja decente, preserve o respeito e a dignidade e que não atente ao pudor. A globalização não é totalmente nefasta, ela une os povos do Mundo ou Globo terrestre.

Do ponto de vista das culturas de África abaixo do Sahara ou África negra(culturas bantu), uma mulher usa pano. Melhor veste-se de roupa com chamada por traje africano – devia denominar-se por traje bantu, porque África branca ou o norte do continente é árabe e veste-se de outra maneira.

O uso de roupa indecente – calças, calções, minissaia, colã, roupa transparente ou apertada (juste ao corpo) – não é aceite nas culturas bantu. Uma mulher bantu não expõe as partes sensíveis do corpo como o peito, o umbigo, as mamas (seios), as nádegas, as coxas e o sovaco. “Ensakimbizi ansoni, fukidila i zitu” (Kizaka é comida vergonhosa, tapada e honrosa).

As mumuila, mucubais, muhimbas etc. que usam missanga e vestem desta maneira não com a intenção de seduzir. É uma tradição. Um homem não trança cabelo, não usa brincos, não se maquilha nem faz cirurgia plástica. Também um homem não usa cabelo postiço (peruca) e não se veste de modo

A mulher bantu tem beleza natural: cabelo crespo, nariz achatado, cor negra a bagre ou pau-preto (Mundombokela). Não se pinta, não faz cirurgia plástica, não usa peruca ou cabelo postiço (cabelo de fardo, de defuntos ou cabelo frito, assado, frito ou cozido).

Para tentar corrigir a situação e travar as veleidades sexuais de pessoas sem escrúpulo, o MPLA lançou uma campanha de resgate dos valores morais, cívicos e culturais que foi digna de louvor. As pessoas acreditaram neste projecto e aguardaram com ansiedade que a bantunização do comportamento das populações angolanas, especialmente dos habitantes das zonas urbanas.

O que assiste é o contrário, pois estas modas rocambolescas de vestir afectaram as zonas rurais, o campo. Aqui também encontram-se meninas vestidas de maneira provocatória e que seduzem os homens. Infelizmente, a medida que o tempo passa, a campanha esfuma-se. A salvação dos valores morais, cívicos e culturais de que tanto se falou entrou precocemente em agonia. Só um grande remédio pode acorda-lo e tira-lo do profundo coma em que se encontra.

As razões desta morte lenta mas segura da campanha são sobejamente claras. Mais uma vez, reitera-se que a iniciativa pecou na escolha dos intervenientes. Não é qualquer pessoa que domina uma cultura genuína de um povo. Em cada sociedade ou melhor em cada etnia existem os arautos da cultura, os chamados Mpovi, em língua Kikongo ou grillot em África ocidental.

Estes Mpovi, tradicionalistas, influentíssimas personalidades das culturas bantu, são eles que deveriam desempenhar em primeira linha a tarefa de recuperar os valores morais, cívicos e culturais dos povos das suas comunidades respectivas. Aconteceu que os mpovi e outros conhecedores das culturas bantu de diferentes etnias angolanas foram pura e simplesmente excluídos desta gigantesca empreitada. Foram convidadas personalidades estranhas na matéria.

Por outro lado,  para resgatar os valores morais, culturais e cívicos dos povos, é preciso evitar os critérios políticos, ideológicos e partidários para a selecção dos intervenientes. As famílias e as comunidades devem ser tomadas em consideração na educação e reeducação cívica e moral das crianças.

A imprensa, nomeadamente a audiovisual como a Televisão, tem um papel primordial a desempenhar no resgate dos valores culturas dos povos através dos programas culturas e de entretenimento que devem ser dirigidos por peritos na matéria. No que diz respeito a moda de vestir, os programas culturais televisivos devem ser profundos, apresentando e explicando a evolução do vestuário no contexto bantu.

Para o sucesso da campanha de resgate dos valores cívicos e morais, eh preciso que haja colaboração entre os ministérios nomeadamente da Educação, Cultura, Comunicação social, do Interior, Igrejas e Sociedade civil na sensibilização das populações, principalmente da juventude no sentido de mudar os seus comportamentos vestimentários.

Não se pode permitir o acesso às salas de aulas alunos mal vestidos com roupas indecentes como calções ou calças jeans furados em várias partes do tecido, fatos olímpicos e calcados de sapatilhas. Deve ser vedado igualmente acesso às salas de aulas e outras repartições públicas às alunas vestidas de maneira indecorosa com pondo minissaias, roupas apertadas aos corpos, blusas curtas que expõem os seios, o umbigo e a bexiga, colãs, roupas transparentes.

A mesma medida deve estender-se às pessoas jovens e adultas de ambos sexos, independentemente da idade, que vestirem de maneira nojenta, vedando-as acesso às repartições e instituições públicas.

Os programas culturais e de entretenimento não devem transformar-se em simples espaço de brincadeira de mau gosto e de obscenidade. A comunicação social constitui um factor decisivo na recuperação ou revalorização das tradições. Para mais precisões, os programas da televisão, merecem ser revistos. Também as rádios devem e programas dedicados às culturas angolanas.