Lisboa –   A estratégia de fazer coincidir  a    conferência da Comissão Nacional Eleitoral  do dia 09 de Agosto  com  uma outra do  MPLA sobre denuncia do “mau uso” de espaço de antena de certos partidos  políticos da oposição  foi traçada   em  articulação  com o deputado  João Pinto, no uso da  sua influencia de acadêmico da Universidade Independente de Angola (UnIA).


Fonte: Club-k.net

Em articulação com o partido no poder

Recentemente, uma corrente do MPLA revelou-se incomodada com a iniciativa da CASA e PRS passarem vídeos de denuncias que consideraram embaraçosas para a imagem de JES. Porém  no  sentido de fazer convencer  a plenária da  CNE reunir-se e reagir sobre o assunto, o referido grupo entrou em articulação com o deputado João Pinto  e este  através da  UnIA fez  chegar  uma carta a CNE  denunciando  o uso inadequado dos espaços de antena na televisão  por parte de alguns partidos políticos.

A plenária da CNE analisou  a denuncia da Universidade Independente sem reserva levando em conta de que veio de uma  instituição desligada a política e de seguida os comissários  do MPLA neste organismo aprovaram que a sua porta-voz, Julia Ferreira deveria reagir publicamente no dia 9 de Agosto.


Em simultâneo, isto é no mesmo  dia, o MPLA, na pessoa de Rui Falcão, Ferreira Pinto e João Martins   realizou  uma  conferencia de imprensa denunciando o mesmo assunto levantado pela CNE.  A idéia inicial  dos mentores da estratégia era passar a mensagem subentendida de que não “era apenas” o MPLA a dar conta do “abuso” da oposição nos seus espaços de antena mas também instituições que “nada  tem” a ver com a política teriam condenado e se queixado junto a Comissão Nacional Eleitoral. 

De acordo com constatação, baseada em leituras com competência reconhecida, a  iniciativa do MPLA terá  produzido  resultados contrários acabando por causar  na sociedade a sensação   de que a CNE teria agido “mesmo” em articulação com o partido no poder. 

A CNE é definida  por lei como  um órgão independente  constituído por  17  comissários  sendo a maioria indicados pelo MPLA.  O maior partido da oposição  conta com três membros, o que faz com que  seja derrotado  quando as propostas ou discussões, vão ao voto,  nas plenárias.


Os seus  membros estão  igualmente proibidos, por regulamento interno,  de fazerem  declarações públicas  que ficam da exclusividade da porta- voz, Julia  Ferreira.  Na primeira semana de Agosto, a CNE fez sair um comunicado para considerar de “irresponsáveis”, declarações da UNITA que segundo esta instituição perturbava o processo eleitoral.  O comunicado deu azo de que teria sido  feito na sede do  MPLA ou na Presidência da República  visto que os responsáveis da CNE não reuniram em plenária para votar  sobre a saída do documento e os seus comissários  terão ficado a saber  do teor do comunicado  através dos jornais.


Há indicadores de  que duas correntes do regime (Presidência e MPLA) tem alargado o controle sobre a CNE.  A sua porta-voz, Julia Ferreira,   faz parte da ala do partido e recebe instruções do gabinete do Secretário para os assuntos políticos do MPLA, João Martins. Por seu turno, o jurista Edeltrudes M. da Costa  recebe  instruções de JES que partilha com dois outros  comissários  João Damião  e Manuel Saboneti Camati.  As instruções  chega aos mesmos  por intermédio de Adão de Almeida que é  Assistente Permanente do Executivo, nas Sessões Plenárias da Comissão Nacional.

O  presidente da CNE, André Silva Neto,  é uma figura decorativa que não toma  decisões sem ter a luz verde de  Edeltrudes da Costa.