Lisboa -  O regime angolano  prevê, apresentar durante a  campanha eleitoral,   dois paióis  de armas  em  Benguela  para causar  impressão de que pertencem a UNITA e  que  este partido  tenciona regressar  para  as matas,   em função do desfecho eleitoral do dia 31 de Agosto.


Fonte: Club-k.net

Para que a população vote no “partido da paz”

Os dois   paióis  recentemente abastecidos, para o efeito,  encontram-se na comuna do Ebanga, Município da Ganda,  área de predominância do maior partido da oposição e  estão sob a vigília de um “task” do  Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) que interage  com  um alto funcionário identificado por  “Cesário”.


O SINSE  em relatórios, baseados em levantamento do “estado de opinião”, sentem que há na sociedade um sentimento das pessoas em querer votar na UNITA (não por simpatia) mas a pretexto  de ajudar a criar equilíbrio no parlamento.  A apresentação dos paióis  obedece a cálculos eleitorais  visando  precipitar   um ambiente psicológico    de medo  na população  no sentido de causar sentimentos de antipatias contra o partido de Isaías  Samakuva e identificá-la como partido da guerra.  Tal sentimento de medo levaria as pessoas a  votar  no “partido da paz”. (A CNE, ao tempo da Suzana Inglês  foi orientada   a adoptar o lema  “Vote na paz” )


O regime tem noção   de  que dificilmente a sociedade aceitaria versão  de conotar   Isaías Samakuva  a planos de guerra. Porém, a principal figura, da direcção da UNITA, a ser apresentada como “interligada” aos paios é o  deputado  Abílio Kamalata Numa. 


Há evidencia de  que a  referida estratégia  de  preparar paióis  de  armas para embaraçar  a UNITA,  nas eleições  terá sido elaborada de forma muito antecipada e com a criação de factos que a  sustentassem.  Faz parte dos planos emboscadas/atentados  contra dirigentes da CASA-CE para de seguida serem incutidas as culpas a UNITA 

No dia 12 de Maio, o semanário  “FACTUAL”, estampou na sua capa em destaque a frase “Kamalata numa com saudades pretende voltar à guerra”.  O FACTUAL  é uma publicação  escrita  por indivíduos do Jornal de Angola e da Angop e é dirigido por um oficial do SINSE identificado por “Carlos”.

De   7 a 9 de Junho, Polícia Nacional em Benguela  vasculhou residências de dirigentes da UNITA nos municípios do Bocoio e Balombo  a pretexto de que estavam  a levar a cabo uma operação inserida  no programa nacional de desarmamento da população civil em vésperas das eleições.  Alberto Ngalanela, o Secretario Provincial,  dos “maninhos” disse, na altura que   tratar-se  duma estratégia do MPLA que visa criar o medo do retorno a guerra em fase de pré-campanha eleitoral.  Confirmou  que durante as buscas não foi apreendido nenhum material letal, mas afirmou que quem tem armas de fogos são as milícias pró-governo.

“Procurar armas nos dirigentes da UNITA é automaticamente uma provocação política,” disse Ngalanela, acrescentando que “as residências dos nossos quadros foram revistadas duma forma pejorativa e UNITA reserva-se no direito de não permitir mais uma acção pejorativa como esta.”

Antecedentes das historias de armas


Em 2005, quando se falava que  haveria  eleições em Angola,  Adão Joaquim,  líder de um partido que faz parte do CPO, acusou a UNITA de possuir "23 mil paióis" com armas escondidas em todo o país. As  declarações foram feitas, aos  jornalistas no final de uma audiência com o Presidente angolano, José Eduardo dos Santos.


A  acusação foi, na altura  rejeitada pelo maior partido da oposição angolana, tendo Adalberto da Costa Júnior, então Secretário para a Informação da UNITA, afirmado à Lusa  que o partido "vai processar judicialmente quem proferiu estas afirmações".


"Queremos manifestar a nossa repulsa por tamanha irresponsabilidade. A direcção da UNITA lamenta que bocas de aluguer façam tudo para procurar atrasar as eleições e criar um ambiente de medo no seio da população",  afirmou Adalberto da Costa Júnior.


Em 2008, seis meses antes das eleições, o então Ministro da Defesa, general Kundi Paihama acusou  que a UNITA tinha paióis de armas no Kuando Kubango e que  alguns dos seus  dirigentes  estariam interessados do retorno à guerra.


Em resposta na altura, Adalberto Costa Junior lembrou  que "Temos a certeza de que ao longo deste país existirão paióis de armas fruto de muitos anos de guerra e da presença de vários exércitos, nomeadamente das forças de guerrilha do Congresso Nacional Africano (ANC), da SWAPO (Namíbia), de tropas cubanas, sul-africanas e do Exército de Libertação Nacional de Angola (ELNA), braço armado da FNLA, e ficaram aqui muitas armas", lembrou Costa Júnior.


O então  secretário para a Comunicação e Marketing da UNITA alertou que, no caminho que se está a seguir em Angola rumo às eleições que se aproximam, há necessidade de se manter a "serenidade" perante os problemas.


"Isso é um assunto sério e creio que, no meio de tudo isto, não teremos que fazer alguns buracos e colocar armas para vir acusar este ou aquele", frisou.

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