Luanda - Um dos partidos (MPLA) torna-se fiscal do órgão regulador (CNE) e este, acobertado pelo MPLA, partido que o fiscaliza, transforma-se de controlador para ameaçador a alguns partidos integrantes nessa eleição (UNITA, CASA-CE e PRS).

Fonte: Club-k.net

Entende-se que o órgão regulador deve ser idôneo, dotado de ética própria e ser totalmente imparcial a qualquer base partidária.  Esta postura torna-se fundamental para dotar de credibilidade e afastar o fantasma da fraude instaurado neste momento político  que atravessa o país.

Só não se consegue entender, por que razão o MPLA quer lecionar nessa altura, aulas de comportamento político, aos seus adversários?


E ainda sabendo-se que a lição esta completamente errada.
Pergunta-se:-
 Quem deve obedecer e quem deve ser obedecido?
Quem deve controlar e quem deve ser controlado?

São perguntas que necessitam de respostas urgentes, pois tão logo os resultados se apresentem independente a quem seja favorável, será necessário cada um, neste cenário político, exerça realmente seus papéis.

Obedecer quem deve obedecer e controlar quem deve controlar.

O MPLA não pode exigir obediência da oposição à sua forma de ver e exercer a cidadania (cidadania JES) e, não se entende qual a razão que os partidos das oposições teriam para dançar a musica que o MPLA pretende dancem!

Torna-se difícil descortinar até onde o MPLA quer  chegar com sua prepotência e arrogância ao controlar as informações e os meios de comunicação para impedir que os  seus opositores levem ao conhecimento do povo,  as informações  dos factos constatados na gestão da coisa púbica durante  38 anos.
Como este partido espera governar mais uma legislatura de cinco anos com retidão, pautado no lema que impulsiona sua campanha de “crescer mais distribuir melhor” se nem consegue ouvir as críticas da oposição, querendo amordaçá-la  e não permitindo que o povo fale através das mesmas.

É facto lembrar que, se não conseguimos nos aperceber de nossas falhas, torna-se importante estar atento aos nossos opositores.  Pode parecer estranho, mas isto proporciona o fator necessário para nos adequarmos a democracia real, crescermos e mudarmos. Se existe descontentamento por parte da população é porque o governo atuante possui vícios que devem ser eliminados.

“Onde há fumaça há com certeza fogo”

As eleições existem para a ocorrência da alternância no poder, eliminando assim erros e vícios de governação, propulsando através das criticas, as mudanças necessárias para atender as necessidades do povo afinal, governar é estabelecer regras de uma sociedade.

As eleições permitem que os partidos de oposição venham à praça pública e apontem falhas existentes na administração em vigor, buscando o enquadramento e equiparação às necessidades do povo não atendidas.

Não poder expressar o descontentamento da massa populacional e não poder apontar as falhas do governo cessante é viver em ditadura.  A aceitação do governo pelo povo, através das eleições, é dada  pela maioria + 1 e, é o que realmente determinará vontade da população.
A regra hoje estabelecida para traduzir o resultado do pleito eleitoral difere diretamente da vontade do povo, pois favorece unicamente o partido que esta no poder e que vem exercendo um totalitarismo por mais de 37 anos. 

Com todo este circo já armado, o que aconteceria a nossa oposição credível se atuasse em sintonia com o cenário pretendido por JES e o MPLA?
Como ficaria a política do país?

Não compete à oposição deixar de ser crítica às ações do partido no poder em pleno espaço eleitoral.  Com as regras impostas desfavoráveis a qualquer participante deste pleito, exceto ao partido que a instituiu fechar a boca da oposição é o mesmo que permitir que continue o massacre do povo por tempos indeterminados.

Não compete ao órgão regulamentador CNE, impedir que a informação chegue até os eleitores, pois seu foco são os direitos do eleitor e não dos partidos.  O CNE, como órgão regulamentador, cabe  sim fazer com que os partidos sigam regras de ordem , que  apresentem suas pretensões governativas e estas passem pela apreciação e aprovação dos eleitores através de  sua escolha partidária , no resultado das urnas.


Os erros dos gestores da coisa pública devem ser sim aflorados e discutidos em praça pública , como se espera de uma oposição credível.

O que quer o "M" afinal?

O que esta por de traz desse chinfrim todo, que mais parece um arroto de algo mal digerido, ao ponto de fazer sair a terreiro, o besouro tagarela do Rui Falcão, o aprumado “porte parole” do MPLA que falou raivosamente ao país político, para nada dizer.


Quando o MPLA vai começar a responsabilizar os seus falcões de briga, que a coberto do glorioso, vêem entupir os ouvidos do paciente povo angolano com porcarias desnecessárias ao equilíbrio político que se deseja em Angola?


E o MPLA não se fica por aqui, no mesmo dia que o antigo chefe escoteiro  veio a terreiro barafustar sem nada dizer, apareceu também o membro do “politburo” defender o indefensável.
Este, por sua vez transformou-se no advogado da CNE, mas, só mesmo João Martins sabe as razões que o fizeram apadrinhar a defesa do CNE.
Senão vejamos:

Desde quando cabe ao bureau político do partido da situação defender a CNE?
Por acaso esse senhor João Martins possui  procuração do CNE para representar a sua defesa?
O que se sabe, o MPLA é apenas um dos  atores na campanha eleitoral, sem privilegio algum face aos outros concorrentes.


Essa atitude do senhor João Martins visou denegrir a campanha eleitoral , dando-lhe um rumo não desejável pelos partidos concorrentes e muito menos pelo povo angolano.


Esse Senhor politiqueiro por acaso sabia o que estava a fazer?
Estaria ele a mando da superestrutura do seu partido?

Prefiro pensar que não, pois existe uma serie de bajuladores que exercem suas funções com excesso de zelo  e,  chegam a cometer erros grotescos que assustaria até o próprio susto.
Acredito mesmo que João Martins não se apercebeu do terrível papel que estava a fazer com seu rasgo de (des)inteligência . Será que é preciso importar inteligência artificial para municiar esses membros do MPLA?

Essas intervenções gratuitas e desqualificadas desses senhores só veem dizer duas coisas:


1. Subentende-se que o MPLA tem na direção dessa campanha  pessoas erradas ou no mínimo mal intencionadas,


2. É  provável que o sentimento de medo comece a ser instaurado  em grande escala na casa sede do MPLA, temendo a possibilidade que o  resultado não lhe venha a ser favorável.
Não se sabe até onde vai chegar essa necessidade do MPLA  de fiscalizar os partidos da oposição e também até onde o CNE vai continuar  a andar a reboque do partido dos camaradas, como tem acontecido.


Nós angolanos, esperamos que o CNE exerça sua função, desvinculada da vontade do partido do poder, que se liberte das correntes que o aprisiona, tornando-se um órgão Eticamente credível aos resultados desta eleição.


Que deixe os partidos  executarem seus trabalhos dentro das regras de ordem e liberdade necessárias para apresentarem os pontos de divergências governativas , buscando as mudanças necessárias para atender as necessidades imperativas do povo angolano.

Sabemos que será difícil, mas, preferimos esperar um cordial dialogo da parte do CNE com os demais interlocutores inseridos nessa campanha, pois, até agora o CNE tem sido de facto um adversário da oposição. Quero lembrar que o CNE não é um partido da oposição e muito menos um aliado do governo do MPLA.


O  CNE necessita urgentemente resgatar a credibilidade perante a nação  angolana e a comunidade internacional. A CNE como entidade regulamentadora e fiscalizadora nestas eleições e  tem seu próprio fiscal que é o povo angolano.          

É de desejo de todo o povo angolano que a paz prospere em todos os aspectos destas eleições, mas estamos todos atentos ao desenrolar dos acontecimentos. Como observador prefiro não fazer conjecturas a respeito do possível vencedor e fico no aguardo dos próximos capítulos dessa contenda eleitoral, pois, muita água ainda esta por jorrar.

Raul Diniz