Luanda -  O mundo viveu sempre guerras terríveis, destruidoras e mortíferas, como são todas as guerras. Depois da derrota do nazismo, a Humanidade acreditou que estava livre dessa peste dos tempos modernos. Mas ainda os escombros não tinham sido removidos e novas guerras rebentavam, desta vez sem o rótulo de “mundiais”.

Fonte: Jornal de Angola

Angola teve as suas guerras, cada qual a mais mortífera e destruidora. Ao longo dos séculos, a presença do ocupante estrangeiro foi combatida de armas na mão. Depois da Conferência de Berlim e com as fronteiras das colónias definidas a régua e esquadro, foi a vez de se exigir o fim da ocupação colonial. Esse caminho doloroso foi percorrido até 11 de Novembro de 1975. Mas aconteceu aos angolanos o que já tinha acontecido no mundo, à saída da II Guerra Mundial. Em vez da paz, da liberdade e da bonança, Angola foi invadida por forças mais poderosas do que as enfrentadas durante a guerra colonial.


Ao longo de 27 anos, os angolanos bateram-se num combate desigual contra invasões militares, sabotagens, bloqueios económicos, subversões. Só em 2002 Angola foi bafejada com o milagre da paz. Os anos de guerra foram pesados como chumbo, demoliram o país, não deixando pedra sobre pedra. Ao sangue derramado nos campos de batalha e pelos civis inocentes nas aldeias, vilas e cidades, juntou-se a fome e a pobreza.


O calar das armas foi tão importante que hoje nem nos apercebemos do esforço hercúleo que foi necessário para remover os escombros, reconstruir e construir, matar a fome aos que nem uma estaca de mandioca podiam enterrar nas lavras cheias de minas, curar as feridas aos feridos e doentes, dar um professor e uma sala aos milhares de crianças sem escola. Ao milagre da paz juntou-se o milagre perfeito da reconstrução nacional. Em dez anos fez-se tanto que não é possível enumerar nesta página o mais importante. Todos gostávamos que muito mais fosse feito, mas nenhum angolano honesto fecha os olhos à realidade que nos rodeia. O mais importante até, não se vê. Está na alegria das crianças que vão à escola e não dormem com a fome. Na esperança das mães que geram uma criança e têm a certeza de que ela vai ter um futuro de paz. Está na confiança dos jovens num futuro melhor, quanto mais não seja porque não precisam de pegar em armas para defender a pátria. Hoje os nossos jovens podem ter muitos problemas, mas já não morrem nos campos de batalha, contra invasores e aliados internos. Esse é mesmo um grande milagre. Só os que alguma vez participaram na guerra percebem o que significa não ter que pegar numa arma.


Este milagre perfeito, o milagre angolano, é que Angola não pereceu, como chegou a temer D. Alexandre do Nascimento, um homem que pela palavra e pelos actos, fez mais pela paz do que todos os pacifistas do mundo, tantas vezes com sacrifícios físicos e morais só suportáveis por quem acredita na suprema suavidade da vida de um Cristo Redentor. Sobreviveu e resistiu.


E Angola continua a resistir. No fim da guerra, há dez anos, Angola ainda arranjou um suplemento de alma que permitiu avançar na reconstrução nacional. É certo que nem todos tiveram coragem nem vontade para seguir esse rumo nem honrar o Artífice da Paz, o homem que deu um rumo a Angola, José Eduardo dos Santos. Neste momento em que há uma disputa eleitoral, é preciso dizer José Eduardo dos Santos foi o autor do milagre perfeito. Teve a coragem de ignorar os cantos de sereia e as mil vozes internacionais que lhe indicavam um caminho e ele recusou. Traçou o rumo que considerou mais adequado ao país e aos angolanos. Triunfou em toda a linha. A longa e dolorosa guerra de 27 anos terminou com um abraço entre irmãos, no Luena. O Presidente da República, com a sua sabedoria, com a sua coragem, poupou milhares de vidas e acabou com o derramamento de sangue. O milagre foi tão perfeito que alguns a quem ele poupou a vida, hoje insultam-no e cobrem-no de calúnias. Há sempre um Brutus apunhalando o pai pelas costas.


José Eduardo dos Santos completou o milagre, dando força e sentido a uma verdadeira reconciliação nacional, que hoje está a ser fortalecida com eleições livres e regulares e com observadores imparciais e independentes, imprensa livre, justiça independente, combate à corrupção, combate ao tráfico humano, cidadania, e tudo quanto o Mundo Civilizado nos exige mas parece não ser capaz de realizar de forma exemplar.


A economia é das que mais cresce no mundo, o que permite um Estado Social robusto, com capacidade para dar de comer aos famintos, vestir os nus, calçar os descalços, dar trabalho aos desempregados, diminuir o sofrimento dos doentes, ensinar os ignorantes, proteger as mães, as crianças e os idosos. O milagre perfeito tem como emblema o Estado Social construído nos últimos dez anos, com fundos que não têm igual mesmo nos Orçamentos dos países mais desenvolvidos.


A campanha eleitoral faz muito ruído. E antes que as coisas boas fiquem submersas nessa gritaria, é altura de reconhecer o esforço de quem fez de Angola um país pacífico, equilibrado, estável e onde aos poucos os angolanos têm boas razões para se sentirem felizes.