Luanda - Adriano Sapinala, 35 anos, é uma das figuras de topo da UNITA, sendo considerado um dos representantes da geração pós guerra-civil do partido. Em entrevista à DW explica o que motiva a manifestação agendada para sábado.

Fonte: DW

“Apelaria à capacidade de poder viver-se na diferença”

DW: Porquê a realização de uma manifestação no dia 25 de agosto?

Adriano Sapinala: Esta manifestação surge por causa de várias irregularidades que temos estado a notar durante a preparação do processo eleitoral e a UNITA que é partido que defende que em Angola se realizem eleições livres, transparente e sobretudo nos marcos da lei vem com esta manifestação denunciar tudo o que tem estado a ser feito pela CNE como violação do pacote legislativo eleitoral. A CNE tinha de divulgar os cadernos eleitorais nas assembléias de voto, infelizmente não fez isso no período em que a lei manda. Este é mais um motivo que levou à convocação da manifestação para 25 de agosto.


DW: Há quem advogue que seria melhor dialogar do que convocar manifestações até porque existem elementos da UNITA na CNE, como comenta essa posição?

AS: Acho que o diálogo é sempre o melhor caminho, mas infelizmente Angola acostumou-nos a esse cenário de que dialoga-se mas na altura de concretizar as coisas fazem-se de forma diferente  da que se debateu. Não há nada de estranho em sair para a rua numa manifestação até porque é um direito de qualquer cidadão angolano. Quanto à composição da CNE eu devo realçar que temos uma CNE que dificilmente reflete a posição dos membros da UNITA porque quando chega o momento de votar o que quer que seja os membros da UNITA são sempre vencidos pelo voto dos membros do MPLA que são em número superior.


DW: Não teme confrontos com o partido no poder (MPLA) por este ter anunciado que vai convocar uma contra-manifestação ?

AS: Em meu entender essa contra-manifestação tem tendências provocatórias. O MPLA não pode simplesmente convocar uma contra-manifestação  porque a UNITA se vai manifestar. Isso traz à superfície que o MPLA quer optar por confusões. Eu não temo, porém apelaria à civilidade e à capacidade de poder viver-se na diferença. A democracia não pode estar exclusivamente no papel, é preciso que a democracia seja exercida e o exercício da democracia passa pelo respeito daquilo que é o direito dos outros.