Luanda - O líder da UNITA disse sabado,  no final da manifestação promovida pelo seu partido em Luanda que está disponível para o adiamento das eleições em uma semana ou um mês, para garantir o cumprimento da Lei Eleitoral.

Fonte: Lusa


"Se for necessário mais uma semana, mais um mês, porque não? Mas a lei deve ser cumprida", disse Isaías Samakuva.

A manifestação da UNITA, que decorreu no Largo da Família e juntou alguns milhares de pessoas, visou protestar contra a forma como a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) está a organizar o escrutínio e foi realizada sem incidentes.

No início da sua intervenção, de 30 minutos, Isaías Samakuva disse que a UNITA convocou a manifestação para "fazer ouvir as preocupações de todos os angolanos".

"Nós não queremos mais nada, apenas queremos eleições pacíficas, livres da intolerância e da intimidação, democráticas e feitas de acordo com a Constituição e a lei", defendeu.

Em resposta aos que defendiam a realização da manifestação defronte da CNE, prometeu que a UNITA voltará a convocar os seus apoiantes para novos protestos, agora junto da sede daquele órgão eleitoral.

"Hoje ainda não. Nós vamos vos pedir outra vez, pode ser na terça-feira, na quarta, na quinta. Se não estivermos satisfeitos, nós vamos vos pedir e nessa altura vamos até a CNE", garantiu.

"Estão cansados", questionou, recebendo em resposta um ruidoso "não".

No cerne das críticas formuladas pela UNITA está designadamente a emissão das atas síntese com os resultados de cada assembleia de voto, documento que a UNITA exige que seja copiado e entregue a cada um dos representantes das forças concorrentes no escrutínio para, reclamou, "termos a certeza que o voto que entra é o voto que sai" da urna.

A questão da cópia das atas e sua distribuição aos delegados das listas concorrentes é um aspeto não negociável, assim como não é aceitável pelo partido do "Galo Negro" que as atas sejam transcritas em alternativa.

"Transcrever à noite? Ainda não nos disseram se todas as assembleias vão ter luz ou não", afirmou, reclamando que a contagem dos votos tem de ser feita como a lei prescreve na própria assembleia de voto.

"A contagem do voto tem de ser mesmo ali. Ninguém vai levar a urna da assembleia de voto para ir contar lá fora. Não vamos aceitar", frisou.

O líder da UNITA criticou ainda o facto de desde o início da organização do processo eleitoral as autoridades estarem a tentar "desviar-se" do que está estipulado na lei.

"A lei diz uma coisa e eles fazem outra. Viemos até aqui corrigindo vários erros, mas agora, em cima da hora querem fazer outras. Nós não vamos aceitar", reafirmou.

Finalmente, Isaías Samakuva manifestou-se totalmente contrário à presença no centro de escrutínio do general Rogério Silveira, um oficial da Casa Militar da Presidência da República.

"Querem fazer toda a contagem em Luanda a mando dos homens da Casa Militar. É transparência, é justiça e democracia isto", questionou, sublinhando: "querem-nos distrair, mas nós estamos atentos".