Luanda - Passados quase dois meses desde que um grupo de dois elementos abusou sexualmente da filha do inspector-chefe da Polícia Nacional António Simão (Sessa), que está a ser julgado no âmbito do caso «Quim Ribeiro», o Comando Provincial de Luanda ainda não sabe do paradeiro dos marginais. Os familiares dizem que a polícia não está interesse em descobrir a verdade.
Fonte: Novo Jornal
Polícia desconhece paradeiro dos agressores
Domingas de Oliveira, mãe da vítima, mostrou-se insatisfeita com a maneira como o Comando Provincial de Luanda da Polícia Nacional está a tratar o caso. “A polícia não está interessada em encontrar os culpados neste caso. Apresentei queixa e até hoje nem chamada para ser ouvida fui. É por isso que insisto em dizer que o que aconteceu em minha casa foi uma encomenda”, denunciou.
A mulher acredita que o Comando Provincial da Polícia em Luanda não está a envidar qualquer esforço para encontrar os autores do crime porque o marido se encontra preso, lembrando que até hoje não foram apresentadas provas que o incriminem.
“É muito triste o que está a acontecer. Com certeza se fosse filha de alguém que está no poder a polícia já poderia encontrar os culpados, mas, enquanto o meu marido não é nada, a situação está deste jeito”, insistiu Domingas de Oliveira, lembrando que a “polícia serve para proteger o povo, seja rico ou pobre”.
A mulher diz que apresentou queixa na esquadra do projecto Nova Vida, onde vai uma vez por semana para tentar saber novidades, mas a resposta que lhe dão é sempre a mesma: “Não sabem do paradeiro dos marginais”.
As tentativas que Domingas tem feito para contactar o Comando Provincial de Luanda e sensibilizá-lo para o problema também não têm surtido efeito.
A fonte lembrou que o crime deixou marcas difíceis de reparar na sua filha, de apenas 16 anos de idade. “A minha filha nunca mais foi a mesma. Ela agora mal dorme, já não come em condições, o aproveitamento na escola baixou muito. Eu já não sei mais o que fazer, ela tinha que ter um acompanhamento psicológico, mas não tenho condições para pagar a um psicólogo”.
A adolescente foi abusada sexualmente na presença da mãe e dos irmãos menores, o mais novo dos quais tem apenas três anos de idade.
O crime ocorreu no dia 15 de Junho de 2012, por volta das 3h00 da madrugada, no bairro da Camama, quando dois homens arrombaram a porta da residência onde a família de Sessa vive e consumou a violação.
O pai da adolescente, o inspector-chefe António Simão (Sessa), encontra-se preso há quase dois anos na cadeia de Viana e está a ser julgado, desde o dia 10 de Fevereiro, no Tribunal Supremo Militar.
O Novo Jornal contactou o porta-voz interino do Comando Provincial de Luanda, Nestor Goubel, que informou que não tinha qualquer informação em relação ao caso. Aquele responsável disse que contactaria a divisão do Kilamba Kiaxi, zona onde ocorreu a violação, e que devolveria a chamada, o que não aconteceu até ao fecho desta edição.