Luanda -  A CASA-CE - que tentou apresentar-se aos eleitores como uma suposta “novidade”- não passa de um anexo da UNITA e de um embuste político. Uma análise superficial da sua postura permite demonstrá-lo à sociedade. No presente artigo, vou ater-me apenas a alguns tópicos.


Fonte: JA


Primeiro são as semelhanças de estilo entre as intervenções do líder da CASA-CE durante a actual campanha eleitoral e os discursos feitos em 1992 pelo criador da UNITA. Elas só não foram evidentes para quem não era nascido há duas décadas atrás ou então para quem estava muito distraído.


Recordo duas das frases mais utilizadas pelo líder da CASA-CE durante a campanha. “Em Setembro, este governo vai acabar!”, tem ele repetido. Ou então:-“Em Setembro, isto tem de acabar!”. Lembram-se de Savimbi em 1992:-“Em Setembro, calças novas!”? Ou: “Em Setembro, a vossa banga vai acabar!”.


E o que dizer da frase de Chivukuvuku: “os verdadeiros patriotas não temem a mudança”? Isso só tem um significado: os milhões de angolanos que votarão – estou certo – pela continuidade do MPLA no poder não são “verdadeiros patriotas”. E a enigmática frase da CASA-CE, para referir-se ao seu líder:- “Ele é angolano!”? Os outros candidatos também não são angolanos? Terá essa frase alguma coisa a ver com a vergonha campanha da UNITA acerca da nacionalidade do presidente do MPLA e da República?


O caso mais sintomático ocorreu quando a CASA-CE apresentou no seu tempo de antena um extracto de um discurso do seu lider, onde ele, como fazia Jonas Savimbi em 1992, afirmou uma coisa em português e outra em umbundu. Mais grave ainda: em umbundu, não hesitou em fazer um apelo tribal ao voto na sua candidatura pessoal. Antes que me acusem de estar a ver fantasmas, esclareço que isso é mais preocupante do que pode parecer. Como ensinava o grande semiólogo russo Mikhail Bakhtin, “o conteúdo está na forma”.


Neste caso, quem tenta falar como Savimbi tem a mesma intenção que o seu “mestre”, por mais que queira posar de “sério” e “responsável”.


A estratégia da CASA-CE corrobora o que eu disse e assenta em quatro linhas de força fundamentais: 1) negação absoluta de todas as obras e realizações do governo; 2) recurso a ataques, insultos, mentiras e calúnias contra o MPLA e o seu governo; 3) tentativa sub-reptícia de alimentar um certo clima de crispação no país; e 4) apresentação de promessas vagas, demagógicas e perigosas.


Quanto aos ataques, insultos, mentiras e calúnias utilizadas pela CASA-CE e o seu líder para denegrir o MPLA, menciono a declaração de que os funcionários públicos no Huambo são obrigados a descontar para o partido no poder; a afirmação de que o governo está a fazer “casas de esferovite”, ou seja, sem qualidade; a acusação de que o governo do MPLA é “um governo de gatunos”, assim mesmo, de maneira generalizada, sem nomes e sem quaisquer provas; ou a declaração que o MPLA “confiscou” autocarros da TCUL para a sua campanha.


A CASA-CE não apresentou nenhuma prova para corroborar as suas acusações. Em alguns casos, denotam uma confrangedora ignorância sobre os assuntos abordados, como as supostas “casas de esferovite” (na verdade, trata-se de casas que usam uma tecnologia especial, testada em vários países do mundo, com esferovite, betão e ferro). Em outros, a CASA-CE fez “jogo sujo”, manipulando imagens e discursos do próprio presidente do MPLA e da República, para tornar “verídicas” as suas falsas denúncias, “à la Folha 8” (jornal cujo dono é o cabeça de lista da CASA-CE em Luanda).


A criação de um clima de crispação e instabilidade é o terceiro eixo da estratégia de campanha da CASA-CE. Ela fá-lo de maneira subliminar e sub-reptícia, funcionando como uma espécie de “linha auxiliar” da UNITA. Uma das formas utilizadas pela CASA-CE é a tentativa de colocar ex-servidores do Estado, principalmente ex-militares e ex-funcionários da Segurança, contra o governo do MPLA.


Por fim, e como não tem um verdadeiro programa de governo a CASA-CE limitou-se a apresentar uma série de promessas vagas, demagógicas e até perigosas como a “garantia” de que, se ganhar as eleições (?), “jamais haverá demolições em Angola”, o que é um incentivo claro às irregularidades e ilegalidades, como ocupações anárquicas de terrenos e outras; ou a “supremacia dos direitos das comunidades em relação aos direitos das grandes empresas”, o que, em vez de promover – como é correcto - a harmonização e conciliação desses interesses, com base no diálogo, apenas impossibilitará o desenvolvimento e a modernização do campo.


Outra proposta “bombástica” da CASA-CE foi feita no seu tempo de antena do dia 24 de Agosto, quando prometeu, caso vença as eleições, “devolver o Roque Santeiro às nossas mamãs!”. Essa proposta diz tudo sobre a visão de Angola, o projecto de desenvolvimento, a seriedade e o sentido de Estado da organização saída da UNITA. Mas a mais “incrível”, para não dizer risível, foi a promessa de Abel Chivukuvuku, no comício do passado sábado, 25, de resolver o problema da corrupção em Angola “no prazo de um ano”. Apetece dizer: - “Sem comentários”.


Aliás, o que esperar de uma organização composta por uma série de figuras fracassadas nas suas experiências políticas anteriores e que apenas estão em busca de protagonismo e de poder, pelo que não hesitaram em ser liderados, provisoriamente, pelo homem que um dia disse que iria somalizar Angola? Está claro para todos que a CASA-CE de “novidade” não tem absolutamente nada, ou seja, é um embuste. Os angolanos não serão enganados por essa falsa novidade.

* Deputado do MPLA