Luanda -  A campanha eleitoral entrou na última fase. Na próxima quarta-feira à meia-noite os concorrentes às eleições terminam a sua missão de informar os eleitores sobre os seus programas de governo e as ideias para o país. Gostávamos de dizer que até aqui tudo correu de uma forma exemplar. Mas alguns acontecimentos impedem-nos de fazer tal afirmação. Os angolanos vão às urnas na próxima sexta-feira e esse vai ser o exame final ao desempenho de todos os que participaram neste extraordinário exercício democrático que foi e é o nosso processo eleitoral.


Fonte: Jornal de Angola

DG da exemplo ao  espaço que deu ao CPO

Não quero fazer o papel de juiz em causa própria mas sou obrigado a afirmar publicamente que este jornal cumpriu exemplarmente o que se espera de um órgão de comunicação social. E sendo o Jornal de Angola propriedade de uma empresa do sector empresarial do Estado, estou certo que o serviço público prestados foi superior ao que a sociedade esperava de nós.


Os partidos não se medem pelos votos que conseguem nas eleições nem pelo número de militantes. A justa medida para avaliar uma organização política é outra. Os políticos valem pelas suas ideias, pela sua ideologia, pelas suas propostas para melhorar a sociedade. As ideias é que distinguem os pequenos dos grandes políticos.


A eficácia como essas ideias são levadas ao maior número de cidadãos é que distingue os pequenos dos grandes partidos.


Dou um exemplo. A coligação CPO, face às “ameaças” de manifestações contra a Comissão Nacional Eleitoral, tomou uma posição correcta: os protestos fazem-se no dia das eleições, nas urnas. Eis uma ideia simples mas terrivelmente eficaz: o voto também é uma arma de protesto. Manifestações contra as eleições são próprias de quem tem medo do veredicto popular. Na cobertura da campanha eleitoral, este jornal fez o que se exige de todos os órgãos de comunicação social: perante o acontecimento recolheu os dados essenciais para construir uma mensagem informativa rigorosa, objectiva e imparcial. Não fabricámos acontecimentos nem manipulámos os factos. Muita informação produzida na acção de campanha não tinha qualquer valor jornalístico, mas foi publicada para esclarecimento do leitor.

 

Para colocarmos na primeira página, todos os dias, notícias dos concorrentes, tivemos de fazer um grande esforço editorial e, em alguns casos, valorizar o que pouco valia. Mas como era o material que tínhamos à disposição, optámos por abrir algumas excepções. Todos os acontecimentos que produziram informação com valor mereceram e vão merecer até ao último dia de campanha o devido tratamento. Quem trabalhou mais teve mais espaço. Quem menos fez, teve menor visibilidade. São estas as regras do jogo e não outras. Se o partido que ganhou as eleições em 2008 não protagonizar na campanha acontecimentos de realce, não há notícia. Mas se o maior partido da oposição se limitar a conferências de imprensa, reuniões em salas e acções “porta a porta”, em vez de comícios eleitorais para mostrar a sua popularidade, é porque não quer grandes destaques. Isso obriga-nos a grande ginástica para podermos noticiar a sua campanha. Para os jornalistas não há grandes e pequenos partidos, acontecimentos de campanha eleitoral e nada mais.


Este jornal está a fazer uma cobertura da campanha eleitoral que deve merecer o respeito de todos os actores do processo eleitoral. Não montamos qualquer dispositivo especial para cobrir as eleições. A máquina foi a mesma que cobre os outros acontecimentos. Houve dias em que tivemos 100 jornalistas no terreno.


Infelizmente, alguns trouxeram pouca informação dos partidos. Mas a culpa não é do mensageiro, mas sim de quem não foi capaz de passar a mensagem. Em muitos casos, nem sequer existia mensagem. Nesses casos, ninguém espere que os jornalistas recorram à ficção. O esforço financeiro e humano que o Jornal de Angola faz para levar aos seus leitores tudo o que acontece, é notável e merece ser reconhecido. Sem o nosso trabalho permanente, os partidos e coligações concorrentes não tinham visibilidade e os eleitores não eram informados sobre os seus programas e as suas ideias.


O papel dos jornalistas não é passivo e muito menos neutro. Cada jornalista é uma mulher ou um homem com escolhas e com sentimentos. A imparcialidade e o rigor não são valores que matem a personalidade dos profissionais do jornalismo. Pelo contrário, são tanto mais fortes quanto mais os jornalistas estejam conscientes dos valores e princípios que defendem. Não há no jornalismo neutro, mas no Jornal de Angola procuramos sempre atingir a objectividade jornalística, por mais difícil que ela seja. Os nossos jornalistas são mulheres e homens que prezam a sua condição humana e a sua forma de estar na vida, mas são também bons profissionais no seu ofício. É isso que esperamos de todos e estou seguro que ninguém nesta casa nos desiludiu, porque neste jornal temos pessoas de todos os partidos, de todas as igrejas, de todas as origens e de todas as ideologias.


O Jornal de Angola está a demonstrar nesta campanha eleitoral que presta um serviço público. Até esta data publicámos milhares de notícias e reportagens. Fomos a todo o país com os cabeças de lista dos partidos e coligações. Repetimos até ao detalhe os programas e as ideias fundamentais de cada concorrente. Centenas de profissionais, desde pessoal de apoio e motoristas aos jornalistas e técnicos gráficos, todos os dias dão o seu melhor para que os angolanos estejam bem informados sobre as eleições e sobre outros acontecimentos. Se todos tiverem a mesma consciência do dever cumprido, então valeu a pena o esforço que estamos a fazer.