Luanda - O Director do JA acaba de fazer um balanço preliminar, obviamente positivo para não variar, do desempenho do único diário nacional na cobertura da Campanha Eleitoral. Este diário tem uma particularidade. É um jornal que vive do dinheiro que é de todos nós, por isso enquadra-se na chamada comunicação social pública.


Fonte: Morrodamaianga.com


O JA tem assim responsabilidades acrescidas no tratamento da vida nacional em obediência à própria Constituição que no seu artigo 17 diz expressamente que os partidos políticos têm direito "a um tratamento imparcial da imprensa pública".


"Serviço público cumprido" foi o pomposo título que JR deu à "Palavra do Director" publicada na edição deste domingo do "nosso Pravda".


Não podia estar mais em desacordo com este "cumprimento", a não ser que JR confunda "serviço público" com uma outra empreitada ou campanha qualquer.


Para não maçar muito quem me dá alguma atenção, não vou aqui fazer qualquer tipo de contabilidade para tirar conclusões que me parecem demasiado evidentes, para quem tem dois dedos de testa, sem ter necessidade de ser um grande especialista nestas águas turvas da desinformação e da manipulação.


Utilizando a filosofia da "cenoura e do bastão", o JA cumpriu até ao momento de forma milimétrica uma estratégia de destruição sistemática da mensagem da Oposição, através dos seus grandes e pequenos editoriais (textos de opinião), mas não só.


Para além das sucessivas manchetes dedicadas ao candidato JES/MPLA,até na escolha dos títulos para as notícias relacionadas com a actividade da Oposição sentiu-se a mão desta demolidora estratégia, que só pode estar a favorecer a campanha do maioritário. No texto que hoje assinou JR falou apenas da "cenoura", com um exagero a todos os títulos preocupante e visível nas referências à publicação de "milhares de notícias e reportagens" e dos "dias em que tivemos 100 jornalistas no terreno".


Do "bastão" que assumiu por inteiro pouco ou quase nada disse, tendo-se limitado a questionar a "imparcialidade e o rigor", com uma estranha alusão ao facto dos dois princípios não serem "valores que matem a personalidade dos profissionais do jornalismo" (sic).


De facto até agora temos de concluir que tivémos muito pouca "cenoura" para tanto "bastão".  Uma "cenoura" que, note-se, apresentou-se várias vezes imprópria para consumo, tendo em conta o conteúdo de algumas das notícias que o JA fez sobre a Oposição, com o claro propósito de enterrá-la.


Do muito que há para dizer, é para já o que nos ocorre avançar em relação ao desempenho do JA que devia estar apenas ao serviço do jornalismo, mas não está, como o próprio JR reconheceu, ao proclamar do alto da sua militância que "não há jornalismo neutro".


JR "esqueceu-se" uma vez mais que a lei em Angola diz-nos que em tempo de campanha eleitoral "é proibido a qualquer órgão de comunicação social posicionar-se a favor de qualquer partido político, coligação de partidos ou candidatos concorrentes nas matérias que publicar".