Luanda – “Vale tarde que nunca”, diz o velho adágio. Finalmente – segundo o chefe da Missão de Observação Eleitoral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Leonardo Simão – o presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE) reconheceu a existência de "imperfeições" na organização das eleições gerais a realizar-se nesta sexta-feira, 31, noticiou a agência portuguesa Lusa.

Fonte: Lusa/Club-k.net

O antigo chefe da diplomacia moçambicana pronunciou-se após um encontro que a equipa de dez observadores realizou nesta terça-feira, 28, em Luanda. Leonardo, sem papas na língua, assegurou que as "imperfeições" no processo eleitoral angolano lhe foram referidas no encontro que manteve com o presidente da CNE, André Silva Neto. "No encontro que tivemos, ele disse-nos que há pequenas imperfeições aqui e acolá, dado o tempo curto que tiveram para a organização das eleições", destacou.

A aprovação somente em Dezembro da lei eleitoral e a substituição do presidente da CNE, em virtude da recusa dos partidos da oposição em aceitarem a manutenção de Suzana Inglês a frente da CNE, foram as razões apontadas por Silva Neto no encontro que manteve com Leonardo Simão. "Tudo isso atrasou de facto. Fez com que o tempo de preparação (das eleições) fosse demasiado curto", acrescentou, frisando que "vamos ver no cômputo geral, o que é que isto significa".

Os 10 observadores da missão da CPLP vão ser distribuídos por seis das 18 províncias angolanas e no dia 2 de Setembro será divulgada a posição da CPLP relativamente à forma como decorreu o processo eleitoral e a votação. "Ainda estamos na fase inicial. O peixe parece estar pronto para a realização de eleições credíveis. Quer sob o ponto de vista político, há tranquilidade, e também sob o ponto de vista técnico. Está tudo a postos. Só falta mesmo votar", sintetizou.

Quanto às críticas da oposição, nomeadamente a UNITA, quanto à forma como o processo está a ser organizado, Leonardo Simão reconheceu haver "sempre aspectos que os partidos políticos acham que devem ser melhoradas". "Mas vamos ver em que estas questões influenciam os resultados. Não nos podemos pronunciar agora. Tomámos nota, quer das questões colocadas pelos partidos, por um lado, quer aquilo que são as respostas que a CNE dá", concluiu.

A transparência das eleições gerais está a ser contestada pela UNITA, maior partido de oposição angolano, por alegadas irregularidades na divulgação dos cadernos eleitorais, atribuição de credenciais aos delegados das mesas de voto e cópias das actas síntese no final da votação, esperando a resolução destas questões até sexta-feira, sem a qual diz não reconhecer o governo que sair eleito.

A missão de observação eleitoral CPLP integra dez observadores provenientes do Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe, aos quais se juntam os membros da Assembleia Parlamentar da CPLP, designadamente, dois deputados portugueses, um cabo-verdiano, um guineense e dois são-tomenses. Além da CPLP, a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento dos Países da África Austral também enviaram missões de observação às eleições.