Luanda – Pelo menos 15 pessoas foram detidas – entre as quais Rafael Aguiar, secretário nacional da JPA e candidato a deputado, no 26.º lugar na lista nacional da CASA-CE – nesta quinta-feira, 30, em Luanda, quando tentavam juntar-se para uma vigília de protesto junto à Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e a acção foi prontamente reprimida pela polícia.
Fonte: Lusa
Os manifestantes, cerca de três dezenas de jovens da Juventude Patriótica de Angola (JPA), ligada à Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), tentavam juntar-se na sede da CNE, na rua Amílcar Cabral, no centro de Luanda, mas a cerca de 100 metros do local o grupo foi dispersado pelos efectivos da 4ª divisão pertencentes a unidade da polícia da Ingombota.
Os jovens amarraram-se ao princípio da tarde desta quinta-feira, dia de reflexão eleitoral, com fitas amarelas, e pretendiam protestar contra as irregularidades no processo eleitoral. No local estava um forte aparato policial, sendo maior o número de elementos das forças de segurança do que de manifestantes. Os agentes da polícia nacional foram reforçados com membros da Polícia de Intervenção Rápida e cães.
Depois de a manifestação ter sido dispersada, ouviu-se o disparo de uma arma numa rua adjacente ao local do protesto. "Estamos a fazer uma manifestação de solidariedade com os nossos companheiros delegados de lista que não foram credenciados", afirmou, pouco antes da intervenção policial, Agostinho António, 34 anos, secretário adjunto da JPA na província de Luanda.
Segundo o responsável, a CNE apenas credenciou 50 por cento dos delegados de lista solicitados pela CASA-CE. "Um partido que quer ganhar tem de fiscalizar. O processo só é credível e livre quando o pressuposto é concluído na sua integra", disse Agostinho António, referindo "que tudo indica que este processo está viciado, e não é de hoje".
O partido no poder, MPLA, "não está preparado para deixar o poder, honrar os seus compromissos e honrar os angolanos", declarou o dirigente da juventude da CASA-CE, que gostaria de ver um vencedor justo das eleições gerais, "nem que fosse o MPLA, desde que com credibilidade".
O propósito desta acção era o de "chamar a atenção da comunidade nacional e internacional para as regularidades que a CNE tem estado a atropelar", seguindo, acusou Agostinho António, "orientações políticas do partido no poder.
O secretário provincial da JPA disse ainda não ter medo da polícia, porque, "ao longo do tempo, os 'cara-feia' também ensinaram como se deve interagir com eles". "Vão-nos bater, mas vamos ficar aqui. Eles é que sabem se nos matam, já estão habituados a matar", disse antes de se juntar aos outros manifestantes, poucos minutos antes da intervenção policial.
O líder da CASA-CE, Abel Chiuvukuvuku, não secundou a UNITA na denúncia de fraudes eleitorais em curso, mas condicionou a transparência das eleições gerais de sexta-feira à existência de cadernos e fiscais dos partidos nas mesas de voto e disponibilização de actas síntese para todos no fim da votação.
O comandante da Polícia Nacional, Ambrósio de Lemos, avisou que a sua força "está pronta e prestará serviços específicos nesta quadra para dar resposta a todos os desafios que atentem contra a estabilidade e a materialização das eleições".
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