Luanda – O líder da bancada parlamentar do Partido de Renovação Social (PRS), Sapalo António, garantiu – em entrevista exclusiva ao Club-k – que o povo angolano vai responsabilizar a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) e ao Presidente da República, José Eduardo dos Santos, pelo que “vir acontecer” depois da publicação dos “resultados eleitorais fabricados”, tendo em conta as inúmeras irregularidades detectadas durante a preparação do pleito eleitoral.
Lucas Pedro
Fonte: Club-k.net
O também director da campanha dos “federalistas” sublinhou que o seu partido "sempre chamou" atenção a CNE, no sentido de assumir as suas responsabilidades, concretamente, no que diz respeito ao comprimento da lei como garantia da estabilidade política no futuro. “Porque as eleições são fontes de conflitos e a CNE não tem esta visão”, assegurou, acrescentando que o país irá responsabilizar todos os membros deste órgão. "Porque são tão teimosos”, avançou.
Já sobre a posição do PRS sobre os possíveis “resultados fabricados”, Sapalo António frisou que “segundo a minha visão científica, não posso pronunciar-me sem ver como será e como as pessoas vão votar. Temos que ver se os dados serão tratados com a imparcialidade”.
“Agora se houver qualquer situação, neste momento, e a confirmação que houve de facto a fraude e a vontade do povo nas urnas não foi tratada como se deve, então dai o PRS vai se pronunciar”, asseverou, dizendo que “de princípio não queremos, de facto, adiantar qual será a nossa posição”.
Afinal, qual será realmente a posição do PRS perante a visível fraude eleitoral arquitectada pela CNE, em companhia da Casa Militar da Presidência da República? Acompanhe, por favor, a entrevista.
Que balanço faz da campanha eleitoral do PRS?
Eu penso que a campanha foi positiva por seguintes razões. O povo entendeu e compreendeu melhor o PRS devido à objectividade do seu programa de governação e a forma de articulação durante os tempos de antenas. Isto afirmo, digamos assim, pela popularidade que o PRS ganhou durante a campanha. Só este lado é positivo. Conseguimos a credibilidade e a confiança de levar o nosso projecto político que é o federalismo.
Por outro lado, nos leva a dizer que o balanço foi positiva pela forma como decorreu a campanha. Não houve incidentes maiores, não obstante o problema de panfletos que foram tirado ai e acola. Podemos compreender que onde há pessoas, há sempre este tipo de comportamento; outros o fazem de uma forma emocional ou inocente, mas o importante é que não houve danos humanos. Isso é que é mais importante. Esta campanha levou-nos mais ao amadurecimento político da própria sociedade. Tanto dai é que nós podemos considerar, de facto, a campanha decorreu de forma normal.
Qual é a posição do PRS sobre as irregularidades cometidas pela CNE?
Nós constatamos várias irregularidades. O PRS sempre chamou atenção a CNE no sentido de assumir as suas responsabilidades, concretamente o comprimento da lei, como garantia da estabilidade política no futuro.
Porque as eleições são fontes de conflitos e é esta visão que a CNE não tem. A CNE esta fazer tudo para favorecer um determinado partido, em detrimento da estabilidade política, económica e social. Este pecado que a CNE cometeu e será crucificada por qualquer colapso que acontecer. Os seus membros serão responsabilizados pelo povo angolano.
O PRS está pronto para aceitar os resultados eleitorais, mesmos com irregularidades detectadas?
Nós vamos reflectir com responsabilidades necessárias, porque já fizemos a nossa parte. Os militantes do PRS, a nível nacional, cumpriram com o seu papel e a sociedade confirma. Os militantes não provocaram problemas, cumpriram com civismo a campanha e neste momento a responsabilidade é dos eleitores que vão decidir.
O PRS não teme o voto administrativo?
Se assim acontecer nós vamos nos pronunciar, mas importante para nós é que todo mundo sabe que somos um partido com responsabilidade. Estamos actuar neste quadro para evitarmos a elevação de ânimos e que estamos a ponderar todos os aspectos para permitir a estabilidade política do país. Essa é a necessidade primária do povo angolano. Razão pela qual, estamos a fazer todos possíveis para satisfazer essa necessidade do povo. A CNE quer a todo custo levar o país a instabilidade. E é necessária que este órgão começa a rever o modo de acatar aquilo que esta legislado.
Acha que ainda vai a tempo da CNE corrigir as irregularidades apresentadas?
Eu pessoalmente sei que o ser humano esta dotado de inteligência. O homem é capaz de reflectir o que é bom e o que é mal, para imediatamente corrigir. Nós não queremos vir com posições que possa elevar os ânimos. Primeiro é que nós conhecemos as dificuldades do povo angolano.
Como o próprio nome diz “Partido de Renovação Social” se vamos renovar, temos que renovar numa perspectiva de estabilidade. Para tal exige de nós cautela e ponderação. Se nós perguntamos qualquer cidadão vai dizer que a CNE está errada. O que quer dizer se houver qualquer problema a CNE vai assumir a responsabilidade.
Eu disse uma vez que não foi por acaso que o Conselho Superior de Magistratura é mais um dos comités de especialidade do MPLA, cujo coordenador é Cristiano André. Não é por acaso que este órgão, nas vestes do comité de especialidade, indicou o senhor Silva Neto que foi o relator na decisão ilegal que conduziu a indicação da Suzana Inglês para a presidente da CNE.
Ela foi indicada intencionalmente, mas seja como for, nós fizemos todos os recursos pacíficos ao nosso alcance, de modo a levarmos a CNE a razão. Aquilo é uma organização dirigida por um ser humano. E todo ser humano é dotado de inteligência. Agora qualquer decisão administrativa, a CNE vai assumir a sua responsabilidade. E não só, a pessoa primária que também vai assumir essa responsabilidade é o actual Presidente da República.
Acha que o MPLA vai ganhar folgadamente estas eleições?
Alto ai. Primeiro eu sou doutor na área de gestão. E a gestão é uma base do essencial que nós chamamos estatísticas. Dentro das estatísticas nós temos uma ferramenta que se chama sondagem e dentro disso nós temos, quando estamos abordar sobre a população, que nos basear em dados aleatórios para evitar uma informação viciada.
O que quer dizer com isso? Nós ainda não estamos no dia 31. Eu gosto de trabalhar com factos, por isso é que respondi que neste momento a bola esta entregue ao povo. Primeiro, a nossa grande preocupação é que a CNE obedece a lei e ao povo angolano. Se não vai arcar com as consequências que há-de advir. E não tem como escapar dessa responsabilidade. Os dirigentes da CNE estão todos controlados e o povo vai tomar conta deles. Porque se houver um conflito pós-eleitoral e as pessoas morrerem, eles serão responsabilizados porque são tao teimosos.
Agora o que estou a dizer, segundo a minha visão científica, não posso pronunciar-me sem ver como será as eleições, como as pessoas vão votar e como serão os resultados, ai sim se os dados forem tratados com imparcialidade, com objectividade e que traduz, de facto, os resultados que vem da vontade do povo, para nós não importa quem ganhar. O que vamos fazer é dar parabéns ao candidato que ganhar e facilitarmos a sua governação. Se o PRS ganhar esperamos também que os outros o façam do mesmo modo. Porque o que está em questão, no fundo, é o país. Agora se houver qualquer situação, neste momento, e a confirmação que houve, de facto, a fraude e a vontade do povo nas urnas não foi tratada como se deve, então dai o PRS vai se pronunciar. De princípio não queremos, de facto, adiantar qual será a nossa posição.
Em relação aos artigos 86 e 123 da lei sobre as eleições gerais, qual será a vossa posição?
Primeiro quero fazer uma análise. Existe uma grande diferença entre a lei eleitoral que suportou as eleições de 2008 e o actual. A lei que deu as eleições de 2008 tinha portas e janelas abertas e permitiu ao MPLA fazer aquilo que fez nas últimas eleições e esta (a lei sobre as eleições gerais) fechou essas portas e janelas. E o MPLA não conseguirá encontrar mais furos para repetir a fraude.
Por isso, insisto que a única responsabilidade do que pode vir acontecer é da CNE e do Presidente da República porque até aqui, a presidência da república e a Casa Militar continuam volver-se ilegalmente no processo eleitoral. A gravidade esta ali. Se a actual lei sobre as eleições for cumprida as eleições vão ser transparente e justas. Mas nós queremos ter a confiança de que o acto decorra sem sobressalto. Essa é a nossa grande preocupação. A CNE e a Casa Militar devem compreender.
Queremos evitar o espírito de superioridade que estes dois órgãos desejam. O povo não quer alguém que é superior e outra pessoa. Povo quer que sejamos iguais. Democracia sim, mas nos termos da lei. É essa a posição do PRS.
PRS esta em condição de vencer estas eleições?
Se as ambições políticas de um partido não fossem ganhar as eleições, eu não me envolveria em política.
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