Lisboa - Rui Câmara e Sousa, com negócios no turismo e no imobiliário e que integrou o gabinete do ex-ministro da Agricultura Arlindo Cunha, foi assassinado na sua casa no Lobito e arrastado para a própria cama.


Fonte: Publico


O empresário luso-angolano Rui Câmara e Sousa, assassinado no Lobito, em Angola, na noite de segunda-feira, terá sido executado à ordem de um rival num negócio ligado ao sector do turismo e do imobiliário. Esta é a principal suspeita da polícia local, que está a investigar mais uma morte de um português naquele país. Um oficial do Exército angolano é um dos suspeitos de ser o mandante do crime.

Rui Câmara e Sousa, de 59 anos, morreu após ser golpeado por diversas vezes na cabeça com um objecto contundente. Quando foi assassinado encontrava-se sozinho em casa, situada numa zona conhecida como Restinga. Um familiar do empresário, que em Portugal chegou a integrar o gabinete do então ministro da Agricultura, Arlindo Cunha, disse ontem ao PÚBLICO que são poucas as informações disponíveis, sendo certo que outros portugueses residentes no Lobito estariam a par de uma tentativa de negócio em que Rui Sousa tinha como principal concorrente um coronel angolano.

"O Rui tinha negócios relacionados com o turismo e o imobiliário. Sei que alugava quartos a turistas americanos que depois levava a pescar no alto mar. E também sei que era uma pessoa bem relacionada com os políticos locais. Há algum tempo, com a ajuda do Governo angolano, chegou mesmo a acompanhar desportistas idosos do país numa deslocação aos Estados Unidos, o que prova que era, de facto, alguém com credibilidade", acrescentou o mesmo familiar.

Enquanto os filhos e a mulher do empresário, que no início da década de 1990 desempenhou o cargo de vice-presidente da Câmara de Comércio de Indústria Portugal/Angola, tratam no Lobito dos pormenores legais para que o corpo possa ser transportado e sepultado em Lisboa, outros familiares e amigos da vítima tentam recolher elementos que possam ter relevância para as averiguações policiais. O PÚBLICO sabe que há pelo menos um cidadão português residente em Angola que já terá dado conta à polícia dos motivos pelos quais é referenciado como suspeito o oficial do Exército.

As primeiras averiguações policiais apontam para o facto de o empresário ter sido deitado na própria cama depois de ser agredido (supostamente no momento em que terá aberto a porta de casa). A descoberta do cadáver foi feita na terça-feira, quando chegou à residência a mulher contratada para fazer as lides domésticas. Apesar de ter sido notado o desaparecimento de uma televisão, de um computador portátil e de um telemóvel, a polícia acha estranho que o móbil do crime tenha sido o roubo, uma vez que no interior da residência terão ficado diversos outros objectos de valor.

Em declarações à Lusa, o comandante provincial de Benguela da Polícia Nacional, António Maria Sita, confirmou que o cadáver do empresário foi encontrado pela empregada doméstica, a qual terá alertado alguns vizinhos que, por sua vez, comunicaram a ocorrência às autoridades.

O homicídio de Rui Sousa, que havia regressado a Angola (onde nasceu) em 2004, está a ser bastante comentado no país, sobretudo em Luanda, onde mantinha contactos com entidades do sector turístico.

Rui Câmara e Sousa, que em Portugal chegou a ser uma das primeiras pessoas apoiadas pelo programa Jovens Empresários de Elevado Potencial, era neto de um antigo governador de Benguela e filho de um ex-administrador dos Caminhos de Ferro daquela antiga província portuguesa.