Alemanha - As eleições gerais em Angola podem mudar o destino de um país nas mãos do mesmo presidente há mais de trinta anos. Porém, a compra de voto, o famoso "banho" como é conhecido, ainda é comum em comunidades mais carentes. Dinheiro, alimentos, emprego e bolsas de estudo. Estas são apenas algumas das ferramentas com que os políticos "banham" os cidadãos em troca de votos nas urnas.

Fonte: DW

A compra de voto, mais conhecido como "banho" em São Tomé e Príncipe, marcou a campanha eleitoral angolana e poderá influenciar no resultado das eleições desta sexta-feira (31.03), acredita o sociólogo Hector Costa. O cientista estudou o fenómeno deste tipo de suborno em São Tomé e Príncipe.

"O esquema da compra de voto é simples, explica Costa. Trata-se de um instrumento alternativo de acesso aos votos dos eleitores", diz, acrescentando que "os líderes políticos aproveitam a vulnerabilidade social das pessoas e as pagam para votarem neles. Os eleitores não votam conscientes. O voto é um instrumento para terem acesso a comida."

Algumas das recentes acções de José Eduardo dos Santos, actual presidente e candidato do MPLA, também são exemplos do fenómeno, mas em larga escala, comenta Costa. Segundo ele, "quando o presidente angolano inaugurou uma avenida que custou mais de 300 milhões de euros", não passou de suborno, porém de outras dimensões, explica.

O "banho" não surge fora de contexto. Em Angola, tal como em muitos países africanos, o fenómeno tem raízes fortes no baixo nível de vida das populações, explica o sociólogo. Para além da pobreza, também a falta de educação para a cidadania justifica, na perspectiva de Hector Costa, a existência deste suborno político.

"Angola vive neste momento uma fase de transição de paradigmas e ainda não se mobilizou para implementar um sistema educativo para a educação da cidadania, educação política. Não convém aos políticos dar uma educação aos cidadãos, na medida em que um povo informado, conhecendo seus direitos e deveres, reivindica muito facilmente."

Onde há pobreza, diz o sociólogo, não há democracia. Por isso, garantir o bem-estar social da população é condição essencial para extinguir o fenómeno do "banho".