Luanda - O MPLA e, em especial, José Eduardo dos Santos acabam de averbar uma pesada derrota eleitoral. De acordo com as normas implantadas pelo Reigime, cerca de 75% dos votos ficam aquém da votação anterior e, sobretudo, de votações obtidas em universos políticos com muitas semelhanças, como foi o caso das vitórias celebradas pelo Sadam Hussein, 100%. Ao mesmo tempo verifica-se de que o Robert Mugabe, devido aos condicionalismos da idade, já não vai a tempo de ser um aluno aplicado e fiel seguidor das matreirices do José Eduardo dos Santos.


Fonte: Club-k.net


No momento de descer o pano, na boca de cena, especialmente para os que têm boca mas a cena é muito má, verifica-se que a tragicomédia e a encenação seriam sempre as mesmas com a direcção do espectáculo a cargo da Suzana Inglês, do André Francês, do Agostinho Chinês, da Júlia Russo, do João Quirguistanês, da Amélia Espanhol, do Tristão Bacuês, ou qualquer outro primeiro nome a que se adicione um nome de uma das muitas nacionalidades que existem no planeta Terra.


Ao verificar a funcionalidade e eficácia dos sistemas usados para o processo eleitoral e, em especial, para o escrutínio, os números revelados demonstram muitas falhas por parte dos patrulheiros e controleiros das populações. Seria de esperar um resultado final muito mais elevado. Não vamos ingenuamente acreditar de que Angola é uma democracia, onde existe e é valorizada e respeitada a diversidade de pensamento e opinião e a livre manifestação de ideais, de ideias e de vontades. Conhecemos os valores e as práticas de sistemas democráticos justos, honestos, independentes, imparciais e inteligentes. Infelizmente, em Angola, os paradigmas facilitadores da ética e da diversidade construtiva, honesta e coerente estão demasiado domados e amestrados pelo sistema implantado, senão mesmo algemados e amordaçados.
 

O sistema falhou, apesar de os cozinheiros terem apresentado uma ementa em que o faustoso e volumoso prato principal foi servido ao MPLA e os outros partidos ficaram com as sobras, os restos, o que o sistema tinha para rejeitar e poderia enviar para o lixo, por não ser necessário aos que vão digerindo os recursos da nação de uma maneira demasiado egoísta, animalesca, racionalmente selvagem. Assim o MPLA não corre o risco de sofrer de indigestão por hipersobrenutrição e, ao mesmo tempo, poderá informar, os mais distraídos da Nação e de outros países, de que afinal é muito benevolente, porque até aumentou o volume de sobras do seu banquete, com muitos caroços e ossos descarnados e quebrados, para serem servidas, em prato sujo ou usando uma lata ferrugenta, aos outros partidos.


A grande evidência de que em Angola não existe democracia reside no facto de a equipa brasileira que realizou o marketing a favor do José Eduardo dos Santos ter sido a mesma que organizou a campanha a favor de Dilma Rousseff, no Brasil. A diferença nos resultados finais entre os oponentes é enorme em Angola, o que não aconteceu no Brasil. No Brasil foi relativamente pequena e em em Angola foi abismal, exactamente com os mesmos técnicos de marketing. Não acreditamos de que esses técnicos tenham sido mais incompetentes ou negligentes no Brasil. Em Angola o universo é bastante diferente, a democracia é uma farsa e o poder é feudal. Nem se percebe muito bem porque é que o José Eduardo dos Santos teve necessidade de contratar estes especialistas quando estava totalmente habilitado para anunciar os resultados da eleição antes do início da campanha eleitoral. Mais uma vez verifica-se que existe um esbanjamento de recursos financeiros em Angola, que poderiam ser investidos nas infra-estruturas e na melhoria das condições de vida das populações. Os técnicos brasileiros vieram para dar mais carnaval ao cortejo presidencial, com um enorme volume de figurantes mascarados, alguns deles pagos a preços muito exagerados, com os depósitos de capitais em países estrangeiros.


Os resultados em Angola demonstram que há leveduras no sistema, conduzindo a votações ou actuando durante o escrutínio, que obrigam os bolos eleitorais a evoluírem para dimensões opostas: o da oposição a minguar, ainda que lhe acrescentem alguns, poucos, deputados como recheio (ou recreio?), e o do Reigime a crescer enormemente, atingindo proporções anormais, impossíveis de atingir em democracias modernas, respeitadoras dos valores da dignidade humana e da justiça social.
 

A Secreta passou a conhecer, a partir de agora, quase todos os opositores ao Reigime. Os Milicias e os Polícias estão sempre disponíveis e sedentos para os banhos de sangue e para as campanhas de ossos quebrados, opositores raptados e, se for necessário, mortos. A esta realidade social o MPLA designa-a, abusivamente, por democracia. Este é um dos motivos porque os grandes filósofos do MPLA, o Bento Kangamba e Kundi Paihama, manifestam-se nervosa, histérica e ruidosamente contra os estudantes universitários que acusam o Cabritismo de ser um Reigime de exagerado Parasitismo. Os Kangambas e os Paihamas, sob a liderança do José Eduardo dos Santos, são os melhores tradutores e seguidores das linguagens e dos pensamentos seguidos durante o período colonial dos portugueses.


Quando muitos gritaram “basta”, o poder mostrou os dentes e os cascos e, mais uma vez, fez “bosta”.