Luanda – Um grupo de 350 polícias da Guiné-Bissau, que terminou a formação em Angola há dois meses, ainda não sabe quando vai regressar a casa, e está apreensivo com a falta de respostas das autoridades guineenses. Os efectivos, que chegaram a Angola em Dezembro de 2011, foram seleccionados através de concurso público realizado na Guiné-Bissau, no âmbito do acordo de cooperação militar entre dos dois países.
Fonte: Lusa
Entretanto, a situação político militar na Guiné-Bissau alterou-se na sequência do golpe de Estado ocorrido em Abril deste ano, que levou à destituição do Presidente interino e do Governo em funções, e consequentemente à denúncia do acordo por parte das autoridades de Luanda. Em resultado do golpe, o governo angolano terminou a missão militar que mantinha na Guiné-Bissau, após acusações de um alegado plano de uma "agressão" contra as Forças Armadas guineenses.
O porta-voz do grupo, Elsio do Rosário Gomes, disse que o curso decorreu entre Janeiro e Julho e até agora "não há nenhum pronunciamento" das autoridades guineenses sobre o regresso a casa. As autoridades angolanas, que os acolhem, pagam individualmente um subsídio mensal de 100 dólares.
"Por parte do Governo angolano sempre nos têm informado que esta é uma situação que está a ser tratada pelos dois governos. São as últimas informações que nos deram", afirmou o porta-voz do grupo. "A nossa preocupação é saber quando é que vamos. Analisámos a situação e acabámos por chegar à conclusão que realmente o atraso da nossa viagem tem a ver com o nosso país", salientou Elsio do Rosário Gomes.
Segundo o porta-voz dos polícias guineenses, formado em ordem pública, o primeiro "grito de socorro" foi dado em entrevista à rádio guineense "Sol Manci", contudo não surtiu o efeito desejado. "A nível da segurança, o país está a fazer uma reforma - o último Governo tinha esse plano - foi nesse quadro que viemos para cá, porque no interior do país não havia polícias à altura de resolver os problemas, porque as pessoas que lá estão já são idosas e não são em número de poder dar cobertura às necessidades", referiu.
Elsio do Rosário Gomes apelou às autoridades guineenses de transição. Que assumiram o poder a seguir ao golpe de estado, a resolverem a situação, que tem afectado psicologicamente os 350 efectivos agora formados em polícia da ordem pública, de trânsito e de segurança pessoal. "Por isso apelamos aos nossos governantes, aqueles que se encontram nesse momento no país – nós sabemos o que aconteceu no país – mas apelamos, porque somos apartidários, que nos ajudem a voltar", exortou.
O apelo estendeu-se também às dioceses de Bissau e de Bafatá, ao Conselho Nacional Islâmico (CNI), à Liga Guineense dos Direitos Humanos, ao Conselho Nacional da Juventude, à Associação dos Combatentes e Liberdade da Pátria, para a sua intervenção junto dos actuais responsáveis do país. A Lusa procurou contactar fonte consular guineense em Luanda, mas o Consulado encontra-se encerrado.
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