Brasil - Riquinho,  o  “empresário do povo”;  José Eduardo dos Santos, o Presidente cínico que dirige uma nação de gente corrupta;  os profissionais da imprensa estatal –muitos deles tidos como jornalistas, mas que não passam de um bando de bajuladores   execráveis  e  repugnantes-; os famintos músicos angolanos que se  habituaram a comer na mão do MPLA-Estado,  corrupto que governa  Angola há quase  37 anos; todos eles  fazem  parte de um elenco de dar inveja  a nação que  Alcapone  gostaria de governar.

Fonte: www.blogdonelodecarvalho.blogspot.com

São personagens de um enredo que forjam, há quase 37 anos, essa cultura que confunde angolanidade com a corrupção endêmica que se alastrou no pais. A verdade é que o êxito pessoal do angolano, de quem quer que seja, vem um pouco desse fruto tóxico e contaminante ( a corrupção), que para muitos, de uma forma irracional, já é parte daquilo que estupidamente identificam como um fenômeno de uma cultura que tem os “traços” do Angolano: ser esperto, vagabundo, fanfarrões, mentirosos e aldrabões.

Angolanos como Riquinho que construíram a vida fazendo sucesso  usando bens que pertencem a todos, não importa que tipo de bens, são muitas vezes  tidos  como  protagonistas de uma revolução  que triunfou em 11 de novembro de 1975. A honestidade  entre estes é rara e  muitas vezes duvidosas. A falta de meritocracia e profissionalismo entre estes protagonistas  fez com que vândalos  e incompetentes se tornassem heróis.  O que muitas vezes era preciso entre esses, estes ou qualquer um deles  era a chamada honestidade e fidelidade de princípios partidários, ou mesmo a fidelidade do grupo político onde se convivia.

O que não faltou dentro do MPLA  são esses grupos, em que cada um  aprendeu e devia sempre puxar a braça em direção a sua sardinha. Não faltaram grupos se  digladiando para posicionarem interesses entre os poderes desse partido; ou sicrano e fulano que melhor pudesse defender  tal ou qual interesse. Em tais circunstâncias cabeças rolaram; a inveja, o poder, as injustiças  e todas as formas de maldades  ajudaram hoje a construir e manter o Estado que temos aí: um  estado corrupto, ineficaz, personalizado e delinquente.

Para níveis verdadeiramente civilizados a corrupção em Angola seria nada  mais do que um fenômeno  surreal . O homem civilizado não acreditaria na existência de tal Estado, sociedade ou nação corrupta a não ser como um fenômeno de exibição artística, novelesca ou teatral. Mas infelizmente para nossa realidade existe na terra uma nação corrupta que ultrapassou as barreiras da arte, do teatral, da ficção  e da imaginação humana. Uma nação que tem Presidente, um politburo de corruptos,  um partido e para melhorar a situação um povo apoiador do sistema que se criou: a corrupção.

O regime democrático-corrupto (democorrupção) é  um sistema inédito que só existe em Angola e tem os seus heróis,   entre eles José Eduardo dos Santos é o herói a ser venerado. A ficção aqui é o sonho de uma Angola   que pudesse  se livrar desses personagens. O surrealismo aqui consiste em construirmos uma Angola livre dessa gentalha. Em que não pudéssemos adorar e venerar corruptos, tidos como personagens que salvaram as nossas vidas, ajudaram os nossos pais ou irmãos a se darem bem. É o típico caso de Riquinho, que agora também entrou na lista dos heróis angolanos, reivindicando ajuda dada não só aos músicos, mas a um partido que de uns tempos para cá vale menos que os corruptos que sustenta. É o próprio caso de JES elevado a herói e líder de uma revolução em situações confusas  e obscuras.

Assim, é a nação dos corruptos. As facilidades podem não ser para todos, mas quando estiveres no meio deles, nada poderá  te tirar o direito de ser um herói com direito a imensas recompensas.