Luanda -  O pleito eleitoral do passado dia 31 de Agosto em Angola foi um exemplo para África e o mundo. A primeira nota positiva vai para os cidadãos eleitores que demonstraram um verdadeiro sentido de harmonia e paz. Não é nenhum exagero afirmar que os eleitores foram mais democratas que os políticos. O povo angolano mostrou o que vale.

 

Fonte: Jornal de Angola

 

Nota positiva para (TPA), (RNA), Jornal de Angola e o site “Club K”

http://www.club-k.net/images/stories/belarmino%20van%20dunem.jpgA Comissão Eleitoral Nacional também deu prova de organização, pondo à disposição dos eleitores as condições para o exercício do voto. Houve quem não tivesse feito a consulta da sua assembleia eleitoral e respectiva mesa de voto por telefone ou através do site da CNE. Esse facto causou algum embaraço porque os eleitores em causa andaram por duas ou três assembleias eleitorais para poderem votar. Outros, optaram por desistir. Talvez essa seja uma das razões do índice de abstenção.

A comunidade internacional que esteve presente na qualidade de observador eleitoral, teve um bom desempenho. Esperaram o fim do processo, depois do início do escrutínio dos votos fizeram as respectivas declarações. Houve unanimidade: as eleições foram livres, transparentes e justas. As falhas não constituem factos suficientes para pôr em causa a lisura do resultado.

Alias, sobre a questão das irregularidades, devo salientar que existe um erro de interpretação entre o termo irregularidade e fraude:

a) Quando se faz referência à irregularidade no processo pretende-se referir aos factos que não deveriam ocorrer, quer por força da lei ou por necessidade da viabilização normal do processo. As irregularidades ou falhas não beneficiam nenhum dos concorrentes, pelo contrário.

b) Relativamente à fraude, trata-se de uma acção intencionalmente praticada com o objectivo de beneficiar um actor específico, pondo em causa a equidade entre os pares concorrentes. No acto eleitoral do passado dia 31 de Agosto de 2012, não se verificaram quaisquer acções que se enquadrem nesse âmbito. Por exemplo, a Missão de Observadores da União Africana fez referência aos cartazes de alguns candidatos que se encontravam no perímetro das assembleias de voto. Esse facto não pode ser considerado uma fraude porque os cartazes em causa podem pertencer a qualquer um dos nove candidatos dos partidos e coligações de partidos políticos que participaram nas eleições.

Uma nota positiva vai também para o cabeça de lista do MPLA, José Eduardo dos Santos. Na primeira oportunidade que teve para se expressar publicamente, mesmo sabendo que os seus adversários mais directos não se tinham pronunciado, o Presidente eleito fez uma declaração humilde e abrangente. “O próximo governo vai implementar o programa apresentado pelo MPLA durante a campanha. Vamos governar para todos os angolanos”. E foi mais longe: agradeceu o civismo e a forma como os angolanos exerceram o seu direito de voto.

O Presidente eleito, José Eduardo dos Santos, pode ser considerado o grande vencedor dessas eleições porque chamou a si o eleitorado e conseguiu um resultado que contrariou as previsões de muitos cépticos. Na fotografia das eleições estão mal o segundo e terceiro classificados. O Presidente da UNITA, Isaias Samakuva, preferiu tocar o piano na nota mais fácil, cantando a canção com o refrão da fraude. O resultado obtido pela UNITA supera o de 2008 e face a fragmentação do partido é muito bom. O terceiro posicionado, Abel Chivukuvuku, Presidente da Coligação CASA-CE, também está mal na foto das eleições de 2012. Apesar de estar à frente de uma coligação cuja existência oficial pode ser considerada relâmpago, Chivukuvuku não se contenta com o terceiro lugar e prefere acompanhar a canção da fraude tocando a sanfona a favor do seu detractor Isaias Samakuva.

O que vi foi de bradar os céus. Enquanto os estrangeiros elogiavam, alguns angolanos se insurgiam, chegando ao ponto de acusar a comunidade internacional de cúmplices da derrota dos partidos políticos e coligações de partidos políticos da sua simpatia. Tal como na maior parte dos pleitos africanos, o processo só seria justo, livre e transparentes se vencesse a oposição.

Vai também uma nota positiva para televisão Pública de Angola (TPA), Rádio Nacional de Angola (RNA), Jornal de Angola e o site “Club K” que passaram todas as informações em tempo real, o mesmo aconteceu com órgãos de comunicação privados, Rádios e televisão, portanto os actores não concorrentes tiveram bem na foto, mas os pretendentes ao poder preferiram ficar fora da moda nacional. Até parece como aqueles que vão assistir as corridas de fórmula 1, mas independentemente de quem saia vencedor, nunca ficam satisfeitos quando não presenciam um acidente aparatoso, de preferência com mortos e feridos.

As eleições foram um sucesso e saiu vencedor o partido e o cabeça de lista que melhor trabalharam na campanha eleitoral. O povo premiou a certeza. Podemos afirmar que este processo eleitoral foi um exemplo para África e o mundo.