Luanda - 1º Em 1975 e em conformidade com os acordos de Alvores, as eleições estavam marcadas para o mês de Outubro, do mesmo ano. Infelizmente foram silenciadas com milhares e milhares de mortos, cujo número só é sabido por Deus, e as matas que esconderam os ossos são testemunhas, os rios cujas águas arrastaram muitos corpos, são testemunhas, as valas comuns que acolheram os cadáveres, são testemunhas, e os campos de fuzilamento são testemunhas. Aqueles que em 1975 tinham 10 anos, hoje têm 47 anos não sabem esta história. Já os mais atentos que na altura já tinham 20 anos podem explicar o que aconteceu.


Fonte: Club-k.net


 2º Os factos históricos são teimosos, e em 1991 o termo “Eleições” ressurgiu com vivacidade, acompanhado por seu irmão inseparável denominado “ Multipartidarismo”. Ambos percorreram as ruas e ruelas das cidades, das vilas, das povoações e das aldeias de Angola, e velhos, jovens adolescentes até crianças assimilaram os termos “eleições” e “Multipartidarismo”. O termo “Eleições” quando ia fazer a sua efectivação prática, nasceram os grupos “Fitinhas” e “Legião”, composto pelos mais fanáticos, e teve início a operação denominada “Caça ao Homem” que também dizimou milhares e milhares de vidas humanas. Felizmente o termo “Eleições” teimosamente ficou gravado nas mentes dos angolanos e até mesmo na mente dos fanáticos que constituíam os grupos de “Fitinhas” e “Legião”.


3º Em 2008, o termo “Eleições” rompeu alguns obstáculos e reapareceu, embora com muita timidez para muitas pessoas. Muitos fanáticos dos grupos “Fitinhas” e “Legião”, perderam acção nos membros superiores e inferiores. Muitas forças diabólicas tudo mas absolutamente tudo fizeram para varrer do solo angolano o Termo “Eleições”, mas ele resistiu, apesar de vários golpes sofridos na prática.


4º Em 2012, os mais atentos, sejam quais forem, ficaram preocupados se o teimoso termo “Eleições” seja varrido de Angola por aqueles que envergaram o uniforme denominado “Fanatismo” e outros que para poderem viver socialmente muito bem, vão alugando as suas bocas. As abstenções e outras irregularidades inadmissíveis em sociedades democratas, eram previsíveis em Angola nas eleições de 2012.


5º O tempo e a maturidade de consciência angolanos e em particular da de jovens darão razão ao teimoso termo “Eleições”, e a história registará.


 - Não foram 40 (quarenta) anos para se por fim a ditadura salazarista em Portugal (1933-1974)?


 - A cidade de Leninegrado não voltou a chamar-se Petersburgo, depois de cerca de 74 (setenta e quatro) anos? Os símbolos de arrogância tal como a foice e o martelo não foram abandonados? O mausoléu não deixou de ser “local de culto”? O Império Russo não ficou desmoronado em 1991, depois de cerca de 70 anos?


 - O muro de Berlim, denominado “muro de vergonha”, não foi derrubado em 1989, depois de cerca de 44 (quarenta e quatro) anos (1945-1989), depois de grandes manifestações popular nas cidades de Alemanha do Leste (R.D.A)? As duas Alemanha não foram reunificadas em Outubro de 1990? Adolfo Hitler, de nacionalidade austríaca não foi o causador principal das separações das famílias alemãs, na morte de milhares de alemães, não só, e de sofrimento de muitos outros?


 Em todos os exemplos, o quadro foi mudado graças a acção de jovens lúcidos e conscientes, e sob a orientação de indivíduos despidos de preconceitos tais como: o egoísmo, a corrupção, a ambição a arrogância, o exclusivismo, etc.
 

Em Angola não haverá excepção, o processo de “Eleições” é progressivo e não regressivo. O tempo e a maturidade das consciências de angolanos dirão algo de positivo, a história registará e o mundo estará surpreendido.
      

                        Lubango, 8 de Setembro de 2012

Autor;
Historiador Manuel  Canjilo