Lisboa - A atenção acrescida que José Eduardo dos Santos (JES) tenciona doravante prestar ao MPLA, é, de facto, determinada pela necessidade de esvaziar e/ou controlar o mais activo foco de resistência interna à ascensão política de Manuel Vicente, mas visa também acautelar de interesses próprios.

Fonte: AM

JES quer identificação mais estreita ao MPLA

Na futura retirada da PR, JES pretenderá manter-se, a título de compensação, na presidência do partido – que por isso sente necessidade de controlar, reforçar e afeiçoar a si próprio. O novo modelo de eleição presidencial, baseado numa lista partidária, impõe ao Presidente uma convivência institucional mais estreita e harmoniosa com o partido – intento supostamente desfavorecido por uma ala que, embora discretamente, não lhe é afecta na direcção.

O MPLA, enquanto tal, é comumente considerado mais popular que JES; uma nova e mais profícua identificação entre JES e o MPLA também permite fazer esbater os referidos desequilíbrios – politicamente desvantajosos para JES.

A má aceitação de Manuel  Vicente no partido (nome aprovado como candidato a Vice Presidente por escassa maioria), demonstra a “antipatia” a que o “pessoal do petróleo” é votado, não apenas em sectores do partido como noutros, do regime, em geral, como uma das causas.

O actual Vice Presidente, Fernando da Piedade Dias dos Santos é a mais alta personalidade do regime conotada como adversa à ascensão política de Vicente. Aparentemente ficou desfeiteado por não ser ele próprio o contemplado, embora, em privado, remeta o seu ressentimento para a “forma indigna” como foi tratado por JES.

JES tem manifestado ultimamente um espírito mais tolerante e apaziguador – traço de personalidade e método de acção política que aparenta estar aplicado em cultivar. A lógica respectiva é a de que uma boa reputação de conciliador favorece a sua autoridade como lider partidário e o seu carisma de estadista.