Lisboa - A divulgação da lista de figuras que foram nomeadas para os cargos ministeriais e de governação pelo chefe do executivo angolano esta a ser remetida a interpretações, segundo as quais José Eduardo dos Santos, terá indicado alguns recorrendo a critérios de rivalidades e rixas que se vinham registando no regime.
Fonte: Club-k.net
Quatro dirigentes foram substituídos pelos seus rivais
Pelo menos foram verificado que cerca de quatro membros do governo viram os seus lugares ocupados pelos seus rivais políticos ou por figuras criticas aquele.
A saber:
- Sebastião Martins, o ministro cessante do Interior, viu o seu lugar ocupado pelo seu “vice” Ângelo de Barros Veiga Tavares. Ambos se encontravam num ambiente de hostilidade por efeito de intrigas internas reforçadas por acusações de uma corrente do ex-ministro que acusavam Ângelo Tavares de ambicionar o cargo do ministro e de ser o promotor de fugas de informações sobre os excessos de Sebastião Martins. Desde o inicio do ano que a relação entre os dois passaria a ser a base no formalismo. A suposta hostilização de Martins era extensiva a um outro vice-Ministro, Eugénio Laborinho.
- Para a província do Zaire, JES nomeou José “Joanes” André em substituição de Pedro Sebastião. A relação entre os dois era igualmente desencontrada. José “ Joanes” André goza de popularidade no município do Soyo e junto aos militantes do MPLA, por ter sido uma das figuras que “salvou” o partido nas eleições de 2008, envolvendo-se pessoalmente na campanha e por ter desembolsado verbas do seu próprio bolso. Em troca, desejava apenas que as promessas feitas em nome do MPLA fossem cumpridas. Pedro Sebastião, o governador e primeiro secretario do partido, terá tido algumas falhas em realizar as aspirações das populações precipitando um antecedente de incompatibilidades. Desde então circulou em meios políticos informações segundo as quais o governador cessante via em José André , como alguém que lhe desejasse tomar o lugar.
- Na província da Huila, Eduardo dos Santos nomeou como governador, o primeiro secretario do MPLA, Marcelino Tyipingue que se rivalizou com Isaac dos Anjos por alegadas aspirações tribais por parte do primeiro. Ambos encontravam-se desavindos, por efeito de situações em que Marcelino Tyipingue era apresentado como a figura que estaria a incitar os elementos da tribo Nhneka Humbi contra as iniciativas do governador cessante. O exemplo citado como o mais esclarecedor é a posição do então administrador do Lubango, Virgilio Tyova contra a limpeza/ demolição de casas que estavam ao longo da linha férrea.
Outra desavença aconteceu aquando da nomeação de três vice-governadores províncias, nomeadamente José Arão Chissonde, Sérgio da Cunha Velho e Nuno Bernabé Mahapi e Cunha. Isaac dos Anjos o governador cessante teria enviado uma lista de 6 candidatos onde solicitava o parecer do MPLA na pessoa de Marcelino Tyipingue o qual terá respondido a solicitação riscando os acima citados por não serem nativos da região dominada pelos Tyilongo Tchetu. Entretanto, Isaac dos Anjos tido como conhecedor das tendências tribais atribuídas a Marcelino, acabou por enviar os nomes dos riscados a JES para proceder com as respectivas nomeações.
- No Ministério do Ensino Superior e Ciência e Tecnologia registrava-se igualmente um clima impróprio de trabalho que envolvia a titular Maria Cândida pereira Teixeira e o secretario de Estado para o ensino superior, Adão do Nascimento. Este último tinha a reputação de não reconhecer autoridade a ministra. As quintas-feiras ocorrem reuniões no ministério e Adão do Nascimento não comparecia alegando ter na mesma hora reunião no Palácio Presidencial. Recusava cumprir orientações da ministra quando o delegassem para missões no exterior em representação da instituição. Ao contrario do que procedeu com as figuras citadas anteriormente, JES “partiu” o ministério em dois para acomodar ambos. Manteve Candida Texeira (que é esposa do seu director de gabinete no MPLA, Nito Texeira) como Ministra da Ciência e Tecnologia e criou um “novo” Ministério ( ensino superior) para Adão do Nascimento que se diz ser seu parente.
Nomeações para causar ciúmes
Para a Casa Civil, JES nomeou Edeltrudes Costa. Embora em meios políticos da oposição encarem a nomeação como recompensa pelo seu papel enquanto “Presidente sombra” da CNE, há versões dentro do regime que interpretam de outra forma. Interpretam a nomeação como um acto propicio a causar ciúmes. Edeltrudes Costa trabalhou nos escritórios de Advogado de Carlos Feijó e Raúl Araujo, o CFRA. Terão se zangado, e dividiram o escritório em dois. Edeltrudes Costa distanciou-se de Feijó seguindo Raúl Araujo no novo escritório de advocacia, o RCJE – Advogados Associados.
- Rosa Luís de Sousa Micolo que fora afastada do cargo de Directora provincial da Habitação por alegadas incompatibilidades com o governador de Luanda, Bento Francisco Bento, foi elevada a Ministra dos Assuntos Parlamentares.