Luanda – Etimologicamente a palavra analise vem do grego “analyein”, significando soltar, afrouxar, verbo esse composto pelo prefixo ana – através, mais o sufixo lysis – afrouxamento. E uma construção expressiva que dá a ideia quando as diversas partes se encontram como que soltas, separadas entre si para melhor contemplar (vide dicionário etimológico). Repare por exemplo que em filosofia, a análise é um método utilizado ao menos desde os tempos de Platão e Aristóteles. O método tornou-se característico da filosofia analítica, entre o final do século XIX e o início do século XX.

Fonte: Club-k.net

Note que, em Platão a análise é motivada pelo seu realismo, segundo o qual as coisas são tal qual se apresentam ao intelecto, e não tal qual se apresentam aos sentidos. Assim, para se compreender a realidade que se apresenta aos órgãos dos sentidos é preciso decompô-la.

Os filósofos analíticos viram a análise linguística e conceitual como um modo de chegar à compreensão sobre temas vistos tradicionalmente como problemas na filosofia. Alguns, pioneiros, como Frege, buscaram uma linguagem científica à qual a linguagem ordinária pudesse ser reduzida. Outros, posteriores, como John L. Austin, viram a linguagem ordinária como o ponto de partida inevitável para o esclarecimento através da análise.

Ora, para nos e sem desprimor dos teóricos, quer a linguagem ordinária (percebe-se do uso comum ou senso comum), quer a científica perfilham tipos de conhecimentos distintos cuja distinção se esbate no método de aquisição dos mesmos (vide Lakato, Eva Maria in Sociologia Geral, editora Zahar).

De notar que, no processo de analise de um facto ou objecto o analista deve apriori se desfazer de conceitos pre-estabelecidos, perfazendo tecnicamente falando a "ruptura epistemológica” esta ruptura permitira ao analista através de enunciados criticamente apresentados construir os elementos típicos da analise que se pretende do objecto (vide Popper, Sir Karl in Conjecturas e Refutações, Publicações Universitárias).

Ora, se a análise não acrescenta nada ao analisado, isto é, se ela apenas decompõe o analisado, qual pode ser seu valor? Note, que do ponto de vista filosófico esta questão fez surgir aquilo que Lanford o denominou de o paradoxo da análise e o formulou  da seguinte maneira:

"Se a expressão verbal representando o analysandum [aquilo que está sendo analisado] tem o mesmo significado que a expressão verbal representando o analysans [o resultado da análise], [então] a análise estabelece uma simples identidade e é trivial; mas se as duas expressões verbais não têm o mesmo significado, a análise é incorrecta." (Citação em Paul Arthur Schilpp, organizador, The Philosophy of G.E. Moore, La Salle, Open Court, 1968, apud Danilo Marcondes, Filosofia Analítica, Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2004, páginas 16-17)

A resposta ao paradoxo é que a análise não deve trazer alteração no objecto analisado, embora deva levar a alguma alteração no sujeito, pois a análise o leva a compreender melhor o que antes lhe parecia mais obscuro e confuso. Assim, analisar é buscar esclarecimento.

Do exposto e numa postura contextual, costumo olhar com certo cepticismo as analises, bem como os nossos analistas tendo em conta que as analises que normalmente se fazem andam eivadas de vícios de valor, ou seja, os analistas não estabelecem rupturas epistemologicas, verifica- se nas análises uma implicação psicoafectiva, psico-partidária e histórico- existencial, estas implicações em alguns casos são visíveis e propositadas por dois factores fundamentais nomeadamente:

- A inexistência de um compromisso pelo menos formal entre o analista e a ciência versus sociedades, a inexistência deste compromisso, em nosso entender faz com que não se respeite o princípio da especialidade, ou seja, verificamos" analistas de todos assuntos" sem tecnicidade nenhuma, e importante realçar que existe para cada ramo do conhecimento elementos próprios de hermenêutica, que quando não utilizados tornam análise rudimentar.

- A apetência de se obter ganhos económicos ou mobilidade social com análises enviesadas nos medias, os medias são agentes de socialização, e um dos instrumentos de visibilidade fundamental sobretudo em sociedades em que o conhecimento científico ainda não e instrumento do Estado (stritu sensu) no processo de resolução dos problemas sociais como e o nosso caso.