Brasil - Para não darmos um exemplo de lideranças europeias ou americanas, falaremos duma liderança africana: Nelson Mandela (Madiba, como é carinhosamente chamado)! Madiba dedicou a sua vida em prol dos direitos humanos na luta contra a política do apartheid, sistema racista instituído pelo então Governo Sul Africano desde 1945 até 1992.

Fonte: Club-k.net

Nelson Mandela ficou na cadeia durante décadas. Depois da sua soltura, foi parte importante do processo de reconciliação, pacificação e democratização da sociedade sul africana. Em 1993, juntamente com F. De Klerk, Mandela foi recebeu o Prémio Nobel da Paz.  Em 1994, foi eleito primeiro presidente negro da nova nação sul africana.

Mandela exerceu apenas um mandato (1994-1999) mesmo com todas as possiblidades de ser reeleito, e foi sucedido por Thabo Mbeki na Presidência da África do Sul.

Em sua homenagem, a ONU instituiu o dia 18 de Julho, data de nascimento de Madiba, o Dia Internacional Nelson Mandela, como maneira de dar valor a luta pela liberdade, democracia e justiça. (Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre). Mandela teve consciência de ter exercido o seu papel, a sua missão! E deixou lugar para novas gerações.

Por geração, refere-se ao fenómeno de pessoas com idades similares que vivenciam um problema histórico concreto de experiências comuns com o sistema político, social, económico e cultural. (Laufer, R. S., & Bengtson, V. L. (1974). Generations, aging, and social stratification: On the development of generational units. Journal of Social Issues, 30, 181-205. On line) .

Em qualquer sociedade, cada geração tem os seus problemas e desafios. E em decorrência disso, cada geração também tem o seu papel a desempenhar ante os problemas e os desafios que a sociedade lhe apresenta.

No caso de Angola, as diversas gerações que se interagem nos dias de hoje, também tiveram e têm os seus problemas e desafios e, como tal, se exige novos papéis e novos actores.

Na nossa análise, dividimos as gerações políticas angolanas da seguinte maneira: 
a) A Geração que lutou pela independência (antes de 1975)
b) A geração da guerra-paz (1975-1992)
c) A geração da consolidação da paz e democracia (de 1992-...)

A geração pró-independência é aquela que lutou contra o colonialismo português em busca da independência. A geração da guerra-paz é aquela que depois da independência envolveu-se numa guerra fraticida e promoveu a abertura para a democracia. A geração da consolidação da paz e da democracia é constituída por aqueles que têm lutado pelo aprofundamento da democracia e consolidação da paz: é geração do futuro.

É aceitável que pessoas com idades diferentes que viveram problemas e desafios históricos diferentes possam conviver num mesmo espaço com outras gerações. A composição do novo Parlamento, apesar de não ser ainda a desejável, é um exemplo desta realidade.

Sem colocar de lado a experiência dos mais velhos, a verdade é que algumas lideranças políticas angolanas já cumpriram com o seu papel! E é preciso dar lugar a nova geração de políticos e de líderes. Pois, o mundo de hoje se apresenta com novos problemas e desafios. É preciso gerar novas alternativas intelectuais, com nova visão do mundo e de Angola, novos valores, novos padrões gerados pelas novas tecnologias de informação e comunicação. Mas, a realidade em Angola, parece caminhar em contra-mão.

Por exemplo, no Comando Geral da Polícia a maneira como novos jovens polícias, com novos valores e técnicas policias, têm sido tratados e desaproveitados desperdiça o investimento que o estado angolano fez (e muito bem) para formação de novos agentes à altura das exigências da actividade policial num estado de direito democrático. Diz-se que existem outros setores do estado que vivem os mesmos desafios....

Outro exemplo que nos chamou atenção tem a ver com duas notícias que tomamos conhecimento nas últimas semanas e com títulos interessantes na imprensa:  « Rostos novos de um velho executivo» e « Kabangu anuncia concorrer nas eleições de 2017» (www.opais.net.pt , 8 de Outubro de 2012). « O fim das guerras das capelinhas?» (Novo Jornal, 5 de Outubro de 2012, p.22)

A composição do Executivo, a maioria dos governadores provinciais e o anúncio da hipotética candidatura de Ngola Kabungu às eleições de 2012 manifesta esta realidade de líderes políticos, a começar pelo próprio chefe do Executivo, que não têm consciência ou não querem aceitar que já cumpriram com o seu papel na sociedade angolana.

A verdade é que na vida da gestão da coisa pública e/ou política não é aconselhável manter um cidadão no poder por muito tempo. Porque o povo, os militantes se acostumam a obedecer sempre e ele a mandar mais e daí surgem o autoritarismo, a tirania e toda a espécie de corrupção. Em Angola, por exemplo, a manutenção nos cargos governamentais e na liderança dos partidos políticos tornou-se mais uma oportunidade para promoção do clientelismo e negócio em detrimento do interesse público.

Por esta e outras razões, muitas províncias não evoluem, muitos partidos não crescem, muitos ministérios não melhoram os seus serviços, muitas direções/delegações provinciais não se adaptam aos novos estilos de gestão. Se precisarem de mais um exemplo, olhemos como são geridas as direções/delegações provinciais da educação e da cultura em Luanda.

Não estou a defender que seja virada às costas aos nossos mais velhos, mas se dermos oportunidades às novas gerações, o país crescerá muito mais rápido. Mas, para isto a nova geração terá de ser mais disciplinada, comprometida com os valores cívico-republicanos e menos vaidosa.   Já há sinais disso nas novas gerações, mas faltam oportunidades...

Construamos cidadania!