Luanda - Nesta semana que hoje termina, o Supremo Tribunal Militar, basificado na Base Naval de Luanda, continuou a ouvir a testemunha  Augusto Viana Mateus, ainda na instância do Ministério Público, terminada na parte inicial da dos advogados dos réus.

Fonte: SA

Caso Quim Ribeiro

O antigo comandante municipal de Viana reafirmou ao longo da semana a sua versão, apresentada publicamente no ano passado, em alguns órgãos da Comunicação Social, em que acusa Quim Ribeiro de se ter apoderado de parte dos valores apreendidos e de lhe ter mandado assassinar «Joãozinho.»

No entanto, para além da sua versão, outros participantes processuais,  como declarantes e testemunhas já ouvidas pelo Tribunal, puseram em causa a versão apresentada por Augusto Viana, para além de o acusarem de ter participado de alguns dos crimes objecto deste processo.

Foi assim, que em Março deste ano, alguns declarantes que foram alvo de ofensas corporais por parte de efectivos da Divisão de Viana,  na altura sob comando de Augusto Viana, disseram que foram espancados, não só por Lutero José e Grego, mas, também, pelo próprio comandante Viana.

Outros afirmaram que foi Augusto Viana quem os mandou prender, quando para lá se deslocaram para denunciar o desvio de valores, por parte dos seus efectivos, afirmando mesmo que Viana sabia de tudo o que se estava a passar na sua Divisão e participou.

MENTIRAS. Acrescentaram que a participação de Viana foi tal que, no dia  21 de Agosto de 2009, no primeiro contacto com o então comandante, este negou que tivesse conhecimento da apreensão dos valores e, já no dia seguinte, «delirava e gritava que era muito dinheiro», mas que só deveriam falar dos um milhão de dólares, que aqueles acusavam Lutero de ter extorquido à família de Fernando Gomes Monteiro.

Na sessão de quinta-feira, 11, Viana tentou justificar o facto de,  ao ter dito que a intervenção policial realizada no dia 14 de Agosto de 2009 era ilegal, que medidas disciplinares tomou contra os seus subordinados que assim procederam, tendo depois confirmado que não tomou qualquer medida.

Solicitado também a esclarecer por que razão, se considerou um dos poucos polícias honestos, levou algum tempo a lembrar-se que eram dólares e não Kwanzas, como durante mais de um ano também defendeu, tal como os demais réus, disse que tinha a sua vida em risco e que mentiu à Comissão de Inquérito do Ministério do Interior, porque não confiava nos seus integrantes.

Augusto Viana recordou que também não contou os valores que  guardou no quarto de banho do seu gabinete, de sexta a segunda- -feira, nem mesmo conferiu quando entregou a Palma, então chefe da Investigação de Viana, ora réu no processo, para que levasse à Direcção Provincial de Investigação Criminal de Luanda.

Admitiu que mentiu ainda à Procuradoria-Geral da República (PGR), nas duas ocasiões em que foi chamado para ser ouvido e que, só em Dezembro de 2010, resolveu mudar a versão, quando os seus colegas estavam já a entrar para a cadeia, depois do que seria a sua vez.

Adiamento por mal-estar Para justificar as várias acusações feitas pelos declarantes e testemunhas já ouvidas no processo, Viana atacou os integrantes da Comissão de Inquérito do Ministério do Interior, chamando-lhes «negligentes e incompetentes», o que lhe valeu uma advertência do Juiz da causa.

Afirmou ainda que nunca viu Quim Ribeiro e António João a  contarem o dinheiro e que nunca foi molestado, embora se sinta ameaçado. Viana, no início da sua audição, procurou brilhar e demonstrar que é um oficial bem preparado, respondendo as perguntas com precisão e elevado teor técnico.

Quando interrogado em que qualidade foi ouvido na PGR nos dois primeiros momentos, hesitou e, protegendo a sua imagem, disse que não sabia bem e que presume que foi ouvido como declarante. À questão sobre se foi assistido de algum advogado, disse que foi um defensor oficioso, além de que este não o instruiu a mentir.

Augusto Viana, no final da sessão de quinta-feira, pediu a suspensão da audição, alegando que se estava a sentir mal. A defesa de seguida anuiu a favor do solicitante, por razões humanitárias, secundado pelo Ministério Público, ao que o Juiz a sentiu e marcou a retoma da sessão para terça-feira, 16.