Luanda -  Hoje e inspirado num texto do meu amgio Mário Saraiva, acabei de reler, um livro que ele leu com muita atenção e por isso adopto as suas impressões, que é uma das últimas obras de Henry Coston “Le Veau d’Or est toujours Debout”.

Fonte: F8

O autor é um especialista conhecido e experimentado na matéria há largos anos trouxe de Paris um outro volume seu: - “Les financiers qui menent le Monde” expressivamente elucidativo sobre a influência determinante do dinheiro no desenrolar dos  acontecimentos políticos em democracia, nomeadamente quando esta reveste a forma usual da Partidocracia.

Nas páginas deste outro interessante trabalho se denunciam casos concretos de escandalosa intervenção do grande capital nos eventos nacionais dos vários países que vivem na teoria demo-liberal. Mais do que um novo livro, o Autor escreveu agora um curioso dicionário de super riquezas operantes.

Exactamente um dicionário da Plutocracia Internacional, na afectuosa dedicatória diz-nos Henry Coston que o exposto diz também respeito a Angola, entre outros Paises da África e do mundo, e isso sabemo-lo nós bem amargamente, pois não esquecemos que a ruína do patriotismo angolano se deveu a acção conjugada dos imensos capitais postos ao serviço,primeiro da ideologia moscovita e cubana e depois do capital ocidental, que alimenta a corrupção e a desigualdade que grassa em Angola.

Um facto a cada passo comprovado é que a política dos partidos não se faz sem muito dinheiro e é-lhe, portanto, profundamente vulnerável: investe-se numa eleição determinada como se investe num negócio prometedor, e põem-se em jogo, não só as limitadas finanças nacionais, como os enormes potentados internacionalistas.

As eleições (referimo-nos, claro ao sufrágio universal democratista), são não só a via fácil e tentadora  para a mediocridade demagógica, mas também e, principalmente, a porta aberta a todas as ambições, a entrada franqueada a todos os interesses. Move-se então a política por cobiça de clientelas partidárias, ou, o que é pior, instigada por desígnios obscuros extra-nacionais e anti-nacionais, por vezes.

A política que convém aos povos e as nações há de ser guiada pelo espírito da justiça. Lembro-me aqui exactamente da vara da justiça que São Luís, Rei de França, gostava de ostentar na sua mão como símbolo mais alto da realeza. Na verdade, mais o que uma simples chefia do Estado, como é uma Presidência. O Rei deve ser um magistrado. E de novo emerge a questão eleitoral.

Na eleição influi poderosamente o dinheiro, quando não decide por ele o resultado. Em Angola tem sido assim com o MPLA no poder, o dinheiro do Estado é “confiscado” para a campanha de um só partido. As propagandas eleitorais exigem avultados gastos, quem não dispuser de muito dinheiro fica impossibilitado de competir. Quer dizer que o poder proveniente do sufrágio, de certo modo se pode comprar.

Que o digam os sobas, autoridades tradicionais e um grande número de intele ctuais e ainda membros de partidos políticos que se badearam a última da hora, para os dólares do partido governista. Por isso nos concluímos que, acima do  jogo dos interesses, quer sejam políticos, quer sejam económicos, ou outros, deve sobrepôr-se o poder independente, apartidário e democrático de um Presidente, convenientemente comprometido com a legalidade e a transparência e assistido e apoiado pelas forças dos povos organizados de Angola. Este ponto é uma exigência  imprescindível.

Só o povo livremente organizado por meio das suas associações naturais, desde as profissionais ou dos direitos sociais, pode representar uma força de peso nas circunstâncias. No individualismo amorfo, os povos desagregados que constam da votação democratista nada mais representam do que uma massa destinada a ser manobrável pelos políticos dirigentes do partido no poder, que têm, usam e abusam das Finanças de todos, usam abusivamente os órgãos de comunicação social do Estado e demais instituições públicas, etc.

Ora, o MPLA, como partido político a que tudo se confia, precisamente por ser comandado de cima, é a plataforma propícia a sua tomada pelo império do dinheiro. Urge que uma autoridade, por origem independente dos partidos e das eleições, de sua natureza eficaz, refreie a força intervencionista do dinheiro na política.

A autoridade com esses predicados só pode ser, evidentemente, a de um Presidente e Partido político, verdadeiramente comprometido com a democracia e a transparência. E porque não a de um Presidente de transição, escolhido por todos os actores, com base nas experiências e vivências desastrosas, para se evitar que o país, num futuro próximo, face as desigualdades sociais e a corrupção dos dirigentes do poder, resvale para uma hecatombe. Retornará a pergunta. Porque - repetimos - a eleição atípica, com uma constituição atípica, com um poder presidencial absoluto é, como se sabe, onde o dinheiro decididamente actua vence.

*Adaptado