Luanda – Um grupo de trabalhadores do Hotel Katyavala acusam o general Afonso Lopes Teixeira «Led», proprietário e director geral, de estar a ludibriar a Sala de Trabalho do Tribunal Provincial de Luanda, que o condenou a pagar os salários em atraso e as respectivas indemnizações, por «incumprimento das suas obrigações contratuais», soube o SA.
Fonte: SA
Segundo informações obtidas dos lesados, o general Afonso Lopes Teixeira, terá mesmo declarado que não iria pagar os salários, até porque não era obrigado a fazê-lo, pois é homem do presidente (José Eduardo dos Santos). «Vocês me meteram no tribunal, hahaa vão ter que lutar muito e passar por muitas vias, porque eu sou homem do presidente e não tenho obrigação de cumprir o que um tribunal diz”. Eu tenho a protecção do presidente e não vou mesmo pagar», terá dito o general, em tom pouco urbano, aos reclamantes.
Segundo fontes do SA, como medida preventiva, o Tribunal havia bloqueado a sua conta bancária domiciliada no Banco Angolano de Investimentos (BAI), mas, surpreendentemente, a conta foi desbloqueada e «o dinheiro sumiu sem deixar rasto.» Neste momento, o tribunal estará já no rasto do facilitador da instituição bancária.
Num outro processo, foi decretada a penhora de todos os bens do Hotel, como medida preventiva do tribunal, até que o «todo-poderoso» general pague o que deve aos funcionários.
EX-DIRECTORA RECEBE AMEAÇA
Estes afirmaram ainda: «nós somos cerca de 50 trabalhadores nesta situação. Trabalhamos mais de 8 horas por dia e o general não aceita pagar as horas extraordinárias», denunciaram.
Nessa condição, não estão só os trabalhadores de base e intermédios, mas, também, uma antiga directora e tantos outros expatriados, a quem ele se recusa a pagar e quem o pressionar ameaçou deportá-los.
A ex-directora, em Angola para reaver os seus cinco meses de salários em atraso e indemnização, fora advertida, algures na baixa de Luanda, por um desconhecido, de cerca de ter 1.70m, chapéu, óculos e roupas escuras, com «ar canibal.»
O indivíduo disse à mulher: «sabes que estás a incomodar muito, tens 24 horas para abandonar o país, senão, já sabes o que te vai acontecer.» Suspeita-se que seja uma encomenda do general Afonso Lopes Teixeira «Lede», por ser a única pessoa com quem trava uma longa batalha no tribunal.
Para ela, «é muita coincidência que, logo na esquina a seguir à zona do infortúnio, cruzei com o filho do general», adiantou. Garantiu por outro lado que já apresentou queixa na 1.ª esquadra, à Marginal de Luanda, na Divisão do distrito urbano da Ingombota.
Ao tentar obter a versão do acusado, o Semanário Angolense obteve, do general Afonso Lopes Teixeira «Lede», a resposta telefónica de que não se pronunciaria sobre o caso «sem autorização do comandante-em-chefe ou do chefe do Estado-Maior das FAA.»
O jornalista insistiu numa sua reacção, como empresário e não como militar, mas este retorquiu, dizendo que não era empresário, mas, sim, proprietário, numa linguagem trémula, resultante de uma instabilidade psicológica.
O general refutou a sua condição de empresário e, num tom furibundo desabafou: «ó meu senhor, está a me aquecer a cabeça pá, vai para o raio que o parta, seu filho da p...»
Segundo fontes do SA, a reacção do general Afonso Lopes Teixeira «Lede» pode estar relacionada com suspeitas levantadas em torno das transferências de dinheiro que tem vindo a realizar de um tempo a esta parte, de uma conta nas Ilhas Caimão, para a conta de um cidadão português, identificado apenas como «arquitecto Hugo», o qual terá sido já informado.