Luanda - Em 2001 eu já conhecia o Repper Prototype. A nossa amizade começou depois de termos sido apresentados pelo Lord Mobacare. Prototype tornou-se numa das pessoas mais importantes na concretização da gravação do meu primeiro álbum, intitulado Luz E Som. Prototype, também conhecido como Edson Vieira Lopes, tinha a paciência de acordar todos os dias muito cedo, conduzia durante 40 minutos até a minha casa, para depois, levar me até ao estúdio de gravação.

Fonte: facebook

Quando eu precisava de ir a busca de músicos convidados, era com o Prototype que o fazía. A única falha de Prototype, foi quando ele estava conduzindo a 120 Km/h em plena auto-estrada e precisava de tirar o casaco. Pediu me para segurar o volante enquanto tirava o casaco. Na minha inocência, segurei mal o volante e ele teve o reflexo de voltar a segurar o volante. Foi uma situação muito arriscada. O carro quase que saía da auto-estrada.

A idéia de gravar um álbum era antiga. Em 2000 depois de deixar o grupo, para fazer uma carreira a solo, tinha tantas música escritas que não havia outra alternativa a não ser a de gravar. Estava decidido, a bem ou a mal tería que gravar o álbum. Fui procurando patrocínios, batendo várias portas e nenhuma se abriu. Procurei vários empresários angolanos, fiz muitas cartas e nada aconteceu.

Falei com uma empresária angolana que tinha bombas de combustíveis em Angola e ela aceitou, mas com algumas condições. Eu tinha de lhe ajudar a fazer mais um filho e casar com ela. Pensei na minha juventude e decidi não aceitar as condições.

Falei com um empresário que tinha frotas de camiões que saíam de Angola para a Namíbia e da Namíbia para África do Sul, depois da África do Sul, alguns camiões partiam para o Botswana e outros regressavam. O senhor aceitou, mas com uma condição. Eu tinha de acompanhar os camionistas durante 4 meses sem salário e devia partilhar a alimentação com os camionistas. Pensei na minha juventude e neguei.

Falei com um senhor doutor angolano, que dizia vender diamantes a portugueses. Tinha contas bancarias de miliões de Rands em vários bancos Sul africanos. O senhor aceitou, mas com uma condição. Um carregamento iría chegar em casa dele, a família não estava presente e eu deveria receber dois camiões na casa dele. Um dia antes, eu deveria dormir com os guardas e tería a minha arma também. Pensei na minha inocência e não aceitei.

Estava difícil, a tarefa parecia impossível. Ninguém investe sem ter nada em troca ou alguma garantía.


Decidi usar a minha mesada, que já era pouca, para gravar as músicas uma por uma. Falei com o IVO e ele aceitou ir produzindo e gravando as músicas até a última. Falei com o Lord Mobacare e ele aceitou fornecer o beat da música Vida Urbana. Conversei novamente com o Mischief, o Repper do Zimbabué e ele aceitou um pagamento simbólico para participar numa das músicas. Para manter o Prototype ligado a minha história para sempre, pedi-lhe para cantar ume verso num intro.


Conheci o Vernon no estúdio do IVO. Vernon era uma pessoa muito amável, mas estava preso no mundo da droga. Fazía uso de drogas. A voz dele era tão linda que eu não resisti e decidi convidar o homen para fazer o coro da música intitulada Luz E Som. Eu produzi pessoalmente o instrumental da música Luz e Som. Durante a gravação que durou cerca de 4 horas, o Vernon estava lúcido. No final da gravação adormeceu. O que é normal. Quando o Vernon acordou, o IVO estava misturando a música Luz e Som e o Vernon começou a dançar a música. Dizia estar a gostar muito da música e perguntou de quem era a música. Eu respondi-lhe que a música era minha. De repente ficamos todos muito chocados e a música parou, quando Vernon perguntou de quem era aquela voz linda no coro da música. Olhamos bem para o Vernon, dei conta que o jovem estava quase no fim da sua vida. Já não se lembrava da sua própria vóz no coro da minha música...

Decidi manter a música porque foram uns dos momentos mais lindos da minha carreira. A amizade com Vernon foi inesquecível.

Conheci o moçambicano Mella, que participou na música Minna Danna.

Ao mesmo tempo que fosse gravando, estava procurando patrocínio e estudando. Estava cansado mas nunca desisti.

Finalmente, contactei o meu tio Mingo que aceitou investir na edição do Álbum, sem ter nada em troca. O meu tio Mingo é irmão menor do meu pai. Naquele momento percebi que a história da música Vida Urbana, estava apenas começando. Enviei uma copia da música promocional Vida Urbana para o meu primo que era o DJ Ti Pilades, para promover a música em Angola. O feedback foi sensacional.

Naquele momento, percebi que o caminho estava abrindo-se, não pensava mais em querer ser apenas o jovem do dia dia que eu era antes. Várias aventuras estavam previstas no meu futuro