Luanda -  O meu amigo Willian Tonet, que agora veste dois casacos, o de político, como quadro dirigente da CASA-CE, e o de jornalista, insurgiu-se na edição do Folha8, no1114, de 29 de Setembro, com o facto de eu criticar a oposição parlamentar por não ter comparecido à cerimónia de investidura do Presidente da República.


Fonte: Figuras&Negócios

Não tendo gostado do tom da crítica, o amigo Tonet insinuou que a minha atitude significaria  a forma de ter de pagar algum favor ao Partido no poder quanto a possibilidade de vir a beneficiar de um cargo de direcção, ou num orgão de informação público ou, mesmo, como porta voz do governo, no Palácio Presidencial. Quanto a minha postura profissional, sorrateiramente Tonet também tentou colocar em dúvida, alegando que os meus últimos pronunciamentos públicos não se coadunavam com a conduta de um comentador despido de compromissos outros, como ele próprio diz que foi durante muito tempo a minha conduta.


Bom, é verdade que não vou aquí identificar-me com os delírios do amigo William nem tão pouco compactuar com as lições que ele pretende dar de democracia, consubstanciados em primeira linha, penso eu, no respeito pela diferença de opinião. Aliás, só por isso é que não entro nos seus delírios.


Isto, no entanto, não faz que eu reafirme uma vez mais, que analizada no contexto  angolano, onde se tem conta as responsabilidades dos políticos, sobretudo aqueles que, ao serem eleitos para fazerem parte do Parlamento, portanto, com responsabilidades acrescidas, a ausência dos líderes da Unita, da Casa-CE e do PRS no acto de empossamento do Presidente da República foi uma atitude pouco reflectida e que não abona em nada à favor da imagem e credibilidade vertical que querem passar à opinião pública nacional e internacional.


É verdade que um convite é uma manifestação formal e quem o recebe é livre de marcar presença ou de avisar antecipadamente da sua disposição em estar ou não estar presente. No caso vertente, a ausência foi uma forma deles demonstrarem o descontentamento quanto ao engajamento do Presidente Eduardo dos Santos, enquanto candidato do MPLA às eleições recentemente realizadas e que penalizou as suas formações políticas, impedindo-as de alcançar os resultados que almejavam.


Uma justificação que não colhe e faz resvalar os factos para um convencimento doentio de vitimização na mira de os impedir de chegarem ao poder. Obrigam-nos a recordar um falecido político angolano, por sinal muito identificado com os faltosos ao acto, que dizia que o processo só é justo quando vencemos, caso contrário, temos de defender o discurso da fraude, ou, para se ser mais claro, da batota.


Estando em causa um Presidente do País que eles tardam em reconhecer a sua vitória nas eleições, vale perguntar que boneco de corda utilizarão quando chegar a altura de tomarem os seus assentos, enquanto líderes políticos, no Conselho da República, que, como se sabe, é dirigido pelo Presidente da República que os nomeia? O sensato seria arrastarem o seu brinquedo de corda até ao fim, ou seja, não reconhecendo o Presidente da República eleito, não aceitarem também integrar o Conselho da República e, consequentemente, absterem-se dos benefícios materiais que normalmente cargos do género proporcionam.


Esta seria uma medida vestida de coerência e congruência. E defendi esse pensamento sem ser pressionado por ninguém nem tão pouco para meter cunha para cargos públicos que me possam levar fácilmente a beneficiar de algum conforto material. Se calhar, por isso é que continuo nessa trincheira da comunicação social, e não abraçar a da política onde, tal como na religião, muitos correm para lá para mais fácilmente sentirem os efeitos do cobertor do poder. Espero bem não ter sido esse o caso de William Tonet que, por uma nesga negra,  não o levou a vestir o título de Deputado pela coligação partidária que abraçou. Quanto aos conceitos de democracia que Tonet sublinhou no seu comentário, estamos falados. Eu posso dizer que respeito a opinião dos outros, considero a diferença de opiniões e não consigo  entender que a verdade só pode estar sempre do meu lado. Do outro lado do campo tenho muitas dúvidas que assim seja. E quanto à verticalidade profissional, os factos falam por
si .