Luanda – O correspondente da Voz de América nas províncias de Benguela, Huambo e Bié, António Capalandanda, sofreu nesta sexta-feira, 07, por voltas das 11 horas, um assalto defronte ao palácio do Governo Provincial do Huambo por dois indivíduos que se faziam transportar de uma motorizada sem placa de matrícula, soube o Club-K junto do mesmo.

Dois dias antes do assalto foi ameaçado de morte

Fonte: Club-k.net

O jornalista conta que foi surpreendido pelos assaltantes, em plena luz do dia, quando violentamente retiraram-lhe a pasta “que transportava no ombro direito” onde continha os seus objectos de trabalho nomeadamente uma máquina fotográfica digital, o gravador e dois blocos de apontamentos.

“Quando atravessava a estrada surgiu por detrás um motoqueiro, tendo o seu companheiro pegado na minha pasta e começou a puxar com a mota em movimento”, explicou, acrescentando que “tive de soltar rapidamente a pasta para não ser arrastado pela força da mota”.

Curiosamente, o incidente foi testemunhado pelos (dois) agentes da ordem pública, afecto ao comando municipal da polícia nacional do Huambo que se escusaram de cumprir com os seus deveres que é prestar socorro ao cidadão. “Mesmo assim não entrei em pânico e mantive-me sereno”, realçou António Capalandanda.

Minutos depois do sucedido, o correspondente da VOA dirigiu-se a Direcção Provincial de Investigação Criminal do Huambo (DPIC), onde participou a triste ocorrência. “O agente de piquete em serviço que registou a queixa disse que essa acção poderia estar relacionada com o meu trabalho e os autores só poderiam ser alguém que já seguia os meus passos”, revelou.

De acordo com a nossa fonte, dois dias antes desta acção teria sido novamente abordado por “um individuo que se identificara como agente da segurança de estado”, tendo-o proferido ameaças de morte. “Já estou farto dessas ameaças à toa”, balbuciara António Capalandanda em conversa com este portal informativo.

De realçar que, após o fim de conflito armado que assolou barbaramente o país, a província do Huambo tornou-se um verdadeiro palco de repressão contra os indivíduos que partilham uma opinião diferente do executivo local.

Em 2010, dois jornalistas (Nelson Sul de Angola e Israel Samalata) dos semanários “Angolense” e “Folha 8” foram agredidos e proibidos de publicar matérias relacionadas com as actividades da Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga os alegados casos de intolerância política no planalto centra denunciada pelo principal partido da oposição angolana, UNITA.

O facto sucedeu quando estes tentavam entrevistar o governador do Huambo Faustino Muteka a propósito do trabalho da Comissão Parlamentar, dirigida pelo actual governador da província do Kuando Kubango Higino Carneiro, salientando, na altura, que o governante negou tecer qualquer comentário tendo proferido ameaças de represálias caso eles publicassem a matéria.

Precisamente quando estes abandonavam as instalações da Comissão Parlamentar onde se encontrava o governante, agentes dos serviços de segurança os ameaçaram com armas de fogo. Israel Samalata repórter do “Folha 8” conseguiu escapar, mas Nelson Sul de Angola foi apanhado pelos supostos agentes secretos, tendo sido retido por 48 minutos.

Samalata afirmou que enquanto vasculhavam os seus arquivos e o telefone celular em plena rua, um dos homens apontou-lhe uma pistola nas costas. Nelson diz que não podia fazer qualquer movimento estranho que desse a entender às pessoas que andavam pelas artérias da cidade de que estava a ser coagido sob pena de ser morto.