Lisboa - O embaixador de Angola em Portugal afirmou recentemente  que as relações entre os dois países continuam "excelentes". Marcos Barrica falava à margem da atribuição do doutoramento 'honoris causa' ao angolano Luís Gomes Sambo, que dirige o comité regional africano da Organização Mundial de Saúde, pela Universidade Nova de Lisboa (UNL).

Fonte: Lusa

Questionado sobre um recente editorial do diário estatal 'Jornal de Angola', que alertava para as consequências da abertura de uma investigação do Ministério Público português a três altos dirigentes do regime angolano para as relações bilaterais, o embaixador desvalorizou a polémica:

"O que devemos dizer é que as relações entre instituições angolanas e portuguesas ao mais alto nível continuam boas e excelentes. Há pequenos percalços que vão surgindo, mas isso não deve servir para degradar relações que são boas", afirmou.

O diplomata atribuiu esses "percalços" a "determinadas pessoas de círculos, quer em Angola quer em Portugal, que talvez não estejam a ver com bons olhos que Angola e Portugal estejam no bom caminho". "Esses pequenos círculos devem ser negligenciados para não prejudicar as relações institucionais", acrescentou.

O semanário 'Expresso' noticiou a 10 de Novembo que o Ministério Público português está a investigar três altos dirigentes do regime angolano - Manuel Vicente, vice-Presidente de Angola e ex-administrador da petrolífera Sonangol; o general Hélder Vieira Dias, mais conhecido como "Kopelipa", actual ministro de Estado e chefe da casa de segurança da Presidência da República, José Eduardo dos Santos; e Leopoldino Nascimento, consultor do general "Kopelipa" - por suspeitas de crimes económicos, mais concretamente indícios de fraude e branqueamento de capitais.

Na sequência dessa notícia, o 'Jornal de Angola' escreveu em editorial que o inquérito-crime do Ministério Público português "prejudica as relações entre Portugal e Angola". O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Portas, já antes dissera que Portugal fará tudo para melhorar ainda mais as relações com Angola.

Para Paulo Portas, o relacionamento entre os dois países atingiu "níveis de excelência" que o Governo Português, diz o ministro dos Negócios Estrangeiros, "está empenhado" em preservar e desenvolver.

Sobre a atribuição do doutoramento 'honoris causa' a Luís Gomes Sambo, o embaixador angolano considerou tratar-se de uma homenagem pessoal para o responsável, mas que "orgulha todos" os angolanos. Afirmou ainda tratar-se de mais um sinal de cooperação sinal de cooperação entre Portugal e Angola, já que uma instituição portuguesa, a UNL, distingue assim as instituições de saúde em África, "que fazem o melhor de si para melhorar o bem-estar daquelas populações".

Luís Gomes Sambo recebeu hoje a distinção da UNL proposta pelo Instituto de Higiene e Medicina Tropical pelo seu "contributo para a saúde, a cultura e a humanidade", e pelo seu "alto mérito".